** O jogador do Barcelona, Lamine Yamal, tá no meio de uma baita polêmica! Tudo começou com uma festa de aniversário dele, onde ele contratou pessoas com nanismo para “animar” a galera. Os profissionais contratados serviram bebidas, dançaram e até fizeram mágicas. Aí, a Associação de Pessoas com Acondroplasia e Outras Displasias com Nanismo (ADEE), da Espanha, foi pra cima, denunciando Yamal por perpetuar estereótipos, alimentar a discriminação e prejudicar a imagem e os direitos das pessoas com nanismo.
A denúncia se baseia numa lei espanhola que proíbe espetáculos que “desonram” pessoas com deficiência. Olha só que situação: o Ministério Público espanhol já entrou no caso e vai investigar tudo! Um dos animadores da festa, por outro lado, disse que não se sentiu desrespeitado, afirmando: “Somos pessoas normais que fazem o que querem fazer de forma absolutamente legal”.
Esse caso, na real, reacendeu um debate super importante aqui no Brasil. O g1 conversou com brasileiros com nanismo que trabalham com entretenimento pra entender melhor como eles veem essa prática de contratação para festas.
A atriz Juliana Caldas, por exemplo, acha que a investigação é válida, mas que o trabalho em si pode ser feito com respeito. “Eu não posso julgar uma pessoa com nanismo que aceita esse tipo de trabalho. Se foi um trabalho de servir bebidas, fazer truque de mágicas, e foi feito com respeito, ok. Eu não veria problema nenhum”, explicou ela. “Mas tem esse tipo de trabalho estereotipado, que a gente sabe que existe. Eu acho muito válido sim, entrar com a denúncia do caso [Yamal] para dar uma investigada”.
Juliana também apontou que o capacitismo ainda é um assunto pouco debatido e compreendido na sociedade. “O que falta para as pessoas entenderem é: se temos uma lei e se você exerce o ato de capacitismo, você tem que arcar com as consequências e entender que é crime. Hoje, a questão do racismo, por exemplo, é muito mais compreendida em comparação ao capacitismo. A gente ainda precisa discutir muito isso.”
Já o ator e humorista Gigante Leo tem uma visão um pouco diferente. Pra ele, a questão não tá tanto na pessoa com nanismo que ganha a vida assim, mas sim no pensamento da sociedade. “Por que, em pleno 2025, ainda é engraçado ter uma pessoa com nanismo andando, correndo, servindo tequila, como entretenimento? Por que ainda há esse escárnio em cima de pessoas com nanismo?”, questionou ele. Leo contou que já recebeu propostas para trabalhos parecidos, mas não se sente confortável. “Eu já tive propostas de fazer trabalhos, ser um ajudante de palco nesse tipo de papel – que tá ali para ser jocoso, para ser o bobo da corte. Eu não me sinto confortável, pessoalmente, em fazer esse tipo de trabalho”. Ele reforça: “Acho que tem milhões de outras possibilidades de se fazer humor, entretenimento sem precisar passar por esse estereótipo, esse clichê que é muito fácil e que a sociedade já tá acostumada”.
Viviane de Assis, sambista e passista da Viradouro, tem outra perspectiva. Para ela, a contratação em si não é um problema, “desde que a pessoa não seja ridicularizada”. Ela mesma já trabalhou dessa forma: “Coqueleteiros, que colocam a bebida na boca da pessoa, balançam a cabeça, dançam… tá tudo bem. Eu não vejo ridicularização nisso, até porque eu já trabalhei assim”. Mas Viviane destaca a importância de limites e regulamentação nos contratos, algo que ela mesma já aplicou em vários eventos. “Não sou a favor de eventos que contratam para ridicularizar a pessoa com uma deficiência. Na maioria das vezes, eles aceitam na falta de oportunidade de um emprego em que possam ser respeitados”.
Enfim, o caso de Lamine Yamal gerou um debate importantíssimo sobre capacitismo e a representação de pessoas com nanismo na sociedade. A investigação do governo espanhol promete trazer mais luz a essa questão.
Fonte da Matéria: g1.globo.com