Nesta quarta-feira (13 de agosto de 2025), o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disparou: Vladimir Putin tá blefando nas negociações de cessar-fogo! A declaração veio após uma videoconferência com o presidente americano, Donald Trump, e líderes europeus, que discutiram a estratégia para a reunião entre Trump e Putin, marcada para sexta-feira (15), no Alasca.
Zelensky, conversando com jornalistas depois da reunião virtual, cravou: “Putin quer pressionar a frente ucraniana pra mostrar que a Rússia consegue ocupar o país inteiro. A gente espera que o foco da reunião seja um cessar-fogo imediato, com sanções pesadas caso a Rússia não aceite”.
O presidente francês, Emmanuel Macron, contou que Trump garantiu que qualquer questão territorial só será negociada pela Ucrânia. Segundo Macron, Trump vai pressionar Putin pelo fim da guerra, que já se arrasta por três anos e meio.
O chanceler alemão, Friedrich Merz, também se manifestou, definindo a conversa como “construtiva e boa”. Ele destacou o acordo sobre a sequência ideal: “primeiro, um cessar-fogo; depois, conversas para um acordo de paz definitivo”. Merz listou as condições essenciais para a paz: nenhum reconhecimento da anexação de território ucraniano pela Rússia; garantias de segurança para a Ucrânia; e respeito à soberania ucraniana. Sir Keir Starmer, em linha com os demais, reforçou: “Nosso apoio à Ucrânia é inegociável. Fronteiras não se mudam à força, e a Ucrânia precisa de garantias de segurança robustas para defender sua integridade territorial”.
A reunião serviu, na verdade, para Zelensky e seus aliados europeus tentarem garantir que Trump defenda os interesses europeus nas negociações com Putin. A preocupação? Uma possível reaproximação entre Trump e Putin poderia levar a um acordo de paz que favorecesse Moscou, exigindo concessões territoriais significativas de Kiev. Afinal, Trump já mencionou uma possível “troca de territórios” anteriormente, sem muitos detalhes.
Zelensky e a maioria dos aliados europeus insistem: uma paz duradoura só é possível com a Ucrânia na mesa de negociações, respeitando o direito internacional e a sua soberania e integridade territorial. Enquanto Merz afirma que Trump “iniciará” as negociações com Putin na sexta-feira, as posições de Ucrânia e Rússia continuam antagônicas. Zelensky reiterou na terça-feira que a Rússia precisa aceitar um cessar-fogo antes de discutir questões territoriais, e rejeitou qualquer proposta de retirada de tropas ucranianas do Donbass. Na sua entrevista à imprensa, Zelensky foi direto: “Conversas substantivas e produtivas sobre nós sem nós não funcionam. Elas são possíveis, mas não serão aceitas na prática. Assim como não posso falar por outro Estado ou tomar decisões por ele”.
A Rússia, por sua vez, descartou a ideia de troca de territórios e qualquer concessão, reforçando que sua posição não mudou: Donetsk, Luhansk, Kherson e Zaporizhzhia – regiões sob controle russo e declaradas anexadas – não estão em discussão.
Sobre a ausência de Zelensky na cúpula no Alasca, uma porta-voz da Casa Branca explicou que a reunião bilateral entre Trump e Putin foi proposta por Putin e aceita por Trump para “melhor entender” como encerrar a guerra. A secretária de imprensa, Karoline Leavitt, disse: “Cabe ao presidente ir lá e obter um entendimento mais firme e preciso de como podemos, com sorte, encerrar esta guerra”. Leavitt acrescentou que Trump está aberto a uma reunião trilateral com Putin e Zelensky posteriormente.
A invasão russa, iniciada em fevereiro de 2022, já causou um rastro de destruição, com dezenas de milhares de mortos e milhões de deslocados. Putin tem ignorado os apelos internacionais por um cessar-fogo. A cúpula no Alasca – território vendido pela Rússia aos EUA em 1867 – será o primeiro encontro entre presidentes americanos e russos desde a reunião entre Joe Biden e Putin em Genebra, em junho de 2021. Trump e Putin se encontraram pela última vez em 2019, durante o primeiro mandato de Trump, embora tenham conversado por telefone desde então.
Após mais de três anos de guerra, as posições permanecem irreconciliáveis. Moscou exige a cessão de quatro regiões ucranianas parcialmente ocupadas (Donetsk, Luhansk, Zaporizhzhia e Kherson), além da Crimeia (anexada em 2014), e o fim do apoio militar ocidental à Ucrânia. Para Kiev, a solução passa pela retirada das tropas russas e garantias de segurança ocidentais, incluindo mais armas e um possível contingente europeu – o que a Rússia rejeita. Em resumo: Trump e Putin se encontram pessoalmente nos próximos dias para tentar resolver um conflito que parece cada vez mais longe de uma solução pacífica.
Fonte da Matéria: g1.globo.com