Na segunda-feira, 11 de agosto de 2025, o presidente Donald Trump anunciou uma intervenção federal na segurança de Washington D.C., justificando a ação como uma resposta à violência na capital. A estratégia? Enviar cerca de 800 soldados da Guarda Nacional e assumir o controle da polícia local. Olha só a ousadia!
Em uma coletiva de imprensa na Casa Branca, Trump pintou um quadro catastrófico, afirmando que a taxa de homicídios em Washington D.C. supera a de alguns dos lugares mais perigosos do mundo. Mas, na real, os dados de segurança pública dos EUA mostram uma realidade diferente. Apesar de problemas com armas e criminalidade, o crime em geral caiu em 2024, atingindo o menor nível dos últimos 30 anos. E o crime violento? Caiu 26%, segundo o Departamento de Polícia local. Me parece que o presidente tá usando uma lupa só nos dados que lhe convêm.
A prefeita de Washington D.C., Muriel Bowser, democrata, discorda veementemente de Trump. Ela afirma que a criminalidade na cidade tem diminuído desde 2023 e nega a existência da “emergência de segurança” declarada pelo presidente. Bowser, que exerce funções equivalentes às de uma governadora, é a principal autoridade executiva do Distrito de Colúmbia, região administrativa que opera sob um regime especial. Essa decisão do Trump, portanto, é uma demonstração clara de força e um choque direto com a administração local.
A Guarda Nacional, uma força híbrida ligada ao Exército dos EUA, opera geralmente sob comando estadual, com financiamento local. Em algumas situações, porém, como essa, os soldados são enviados em missões federais, mesmo sob comando estadual, mas com recursos federais. É um sistema complexo e, no caso, usado de forma controversa.
A decisão de Trump não é uma surpresa. Desde que retornou à Casa Branca em janeiro, ele já havia demonstrado interesse em colocar Washington D.C. sob controle federal. Jornais americanos descrevem a intervenção como uma medida extraordinária, que pode colocar os moradores da capital em uma situação delicada. Afinal, quem garante que essa força federal não irá extrapolar seus limites?
No domingo, 10 de agosto, Trump pediu, em publicação na rede social Truth Social, que as pessoas em situação de rua deixassem a cidade imediatamente, prometendo abrigo fora de Washington D.C. Na segunda, ele voltou a tocar no assunto, declarando que a cidade seria “liberta”. Suas palavras na Truth Social foram fortes: “Washington, D.C. será LIBERTADA hoje! O crime, a selvageria, a imundice e a escória vão DESAPARECER. Eu vou TORNAR NOSSA CAPITAL GRANDE NOVAMENTE! Os dias de matar ou ferir brutalmente pessoas inocentes ACABARAM! Consertei rapidamente a fronteira (ZERO IMIGRANTES ILEGAIS nos últimos 3 meses!), D.C. é a próxima!!!” A retórica é agressiva, e a promessa de “libertar” a cidade soa como um discurso de guerra contra os moradores.
Trump apresentou seu plano para tornar a cidade “mais segura e bonita do que nunca” durante a coletiva na Casa Branca. A imprensa americana antecipou o anúncio do envio de tropas, estimando um número entre 800 e 1.000 soldados para o Distrito de Colúmbia. A ação, além de polêmica, me parece precipitada.
Segundo o relatório anual do Departamento de Habitação, em 2024, mais de 5.600 pessoas viviam em situação de rua em Washington D.C., colocando a cidade na 15ª posição entre as maiores cidades dos EUA nesse quesito. A intervenção de Trump, portanto, também se volta para essa população.
Vale lembrar que desde seu retorno à Casa Branca, Trump já havia enviado mais de duas mil tropas da Guarda Nacional a Los Angeles para conter protestos, mesmo contra a vontade do governador Gavin Newsom. Essa atitude de ignorar o governo estadual estabelece um precedente preocupante para o futuro. A independência das cidades, nesse sentido, parece estar em risco.
Fonte da Matéria: g1.globo.com