Na tarde desta terça-feira (12 de agosto de 2025), tropas da Guarda Nacional começaram a chegar em Washington D.C. A informação foi confirmada pelas agências Reuters e Associated Press. Isso acontece um dia depois da intervenção federal na segurança da capital, anunciada pelo presidente Donald Trump. Olha só, o que ele disse? Que o crime tá fora de controle na cidade e que a Guarda Nacional e a polícia, sob seu comando, vão combater a violência e tirar os criminosos e moradores de rua das ruas. Só que, segundo autoridades locais e dados oficiais, não existe essa crise toda, sabe?
Cerca de 800 soldados foram designados para a capital, segundo o Departamento de Defesa americano. O jornal “The New York Times” diz que a intervenção deve durar 30 dias. Imagens divulgadas pelas agências mostram as tropas chegando e se reportando ao arsenal. (Veja o vídeo acima)
A Guarda Nacional, pra quem não sabe, é uma força meio híbrida, ligada ao Exército americano, com funções estaduais e federais. Normalmente, ela opera sob comando dos estados, com verba dos governos locais. Às vezes, os soldados são enviados para missões federais, ainda sob comando estadual, mas com recursos federais.
A prefeita de Washington D.C., a democrata Muriel Bowser, achou a ação de Trump “alarmante e sem precedentes”. O procurador-geral de Colúmbia, Brian Schwalb, foi ainda mais direto: chamou a medida de “sem precedentes, desnecessária e ilegal”. Eles, aliás, criticaram a intervenção e disseram que as tropas não terão autoridade para fazer prisões.
Essa decisão de Trump não foi de hoje. Desde que voltou à Casa Branca, em janeiro, ele já vinha falando em colocar Washington D.C. sob controle federal. A imprensa americana considera essa intervenção uma “medida extraordinária de uso do poder federal”, que pode colocar a população em risco.
Para justificar tudo, Trump disse que a taxa de homicídios em Washington D.C. é maior que em vários lugares do mundo, citando até Brasília como exemplo. Em uma coletiva na Casa Branca, ele declarou: “Washington D.C. deveria ser um dos lugares mais seguros e bonitos do mundo, mas há alguns anos não é mais. A esquerda radical saiu do controle, porque os democratas não querem segurança”.
Mas, na real, os dados de segurança pública dos EUA mostram que o crime em geral caiu em 2024, atingindo o menor nível dos últimos 30 anos. O crime violento, que Trump tanto citou, caiu 26% entre 2023 e 2024, segundo a polícia local. A prefeita Bowser reforça que a criminalidade está em queda desde 2023, negando a existência da emergência alegada por Trump. Ela, como principal autoridade executiva da cidade, tem funções equivalentes às de uma governadora.
Trump usou a “Homerule Act”, ou “Lei de Autogoverno”, para convocar a Guarda Nacional. Essa lei permite o uso da Guarda em três situações: invasão ou ameaça de invasão aos EUA; rebelião ou ameaça de rebelião contra o governo federal; ou se o presidente estiver impedido de “executar as leis dos Estados Unidos” com as forças regulares.
No domingo (10), Trump pediu que as pessoas em situação de rua deixassem Washington D.C. “imediatamente”, prometendo abrigo “longe” da capital. Na segunda, ele voltou a falar sobre isso, dizendo que a cidade seria “libertada”. Segundo o Departamento de Habitação, em 2024, havia mais de 5.600 pessoas em situação de rua em Washington D.C., o que coloca a cidade na 15ª posição entre as maiores cidades americanas nesse quesito.
Vale lembrar que, desde que voltou à Casa Branca, Trump já enviou mais de duas mil tropas da Guarda Nacional a Los Angeles para conter protestos contra suas políticas anti-imigração, uma ação que ocorreu contra a vontade do governador Gavin Newsom.
Fonte da Matéria: g1.globo.com