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Tarifaço de Trump leva empresa catarinense a conceder férias coletivas a quase 500 funcionários

A Ipumirim Mouldings, empresa do setor madeireiro localizada em Ipumirim, no Oeste de Santa Catarina, anunciou férias coletivas para quase 500 funcionários. A decisão, tomada em meio à iminência da aplicação, em 1º de agosto, da tarifa de 50% sobre produtos brasileiros importados pelos Estados Unidos, anunciada pelo então presidente Donald Trump, pegou muita gente de surpresa.

A Ipumirim, que exporta 95% de suas molduras de madeira para os EUA, teve os contratos de exportação suspensos na semana anterior ao anúncio. Olha só a situação: com a incerteza gerada pela tarifa, a empresa decidiu suspender temporariamente suas operações para aguardar um possível acordo entre os governos brasileiro e americano. A ideia, segundo comunicado interno, é “esperar que ambos os governos cheguem a um acordo, permitindo que as atividades comerciais continuem normalmente”. De todo o quadro de funcionários, apenas 15 colaboradores de um setor específico continuarão trabalhando.

“Entendemos que a situação é delicada, mas acreditamos que, juntos, vamos superar esse desafio. Mais detalhes sobre as datas das férias serão comunicados diretamente pelos líderes de cada equipe”, informou a empresa em nota. Poxa, que situação difícil para os trabalhadores!

A Ipumirim atua em três frentes: molduras de madeira (95% para os EUA), paletes (mercado interno) e portas e kits de portas (90% para o mercado interno e 10% para Uruguai e Paraguai). Com os EUA representando cerca de 50% do seu comércio, a empresa sentiu fortemente o impacto da decisão de Trump.

Mas a Ipumirim não está sozinha nessa. No Norte de Santa Catarina, outras indústrias do setor de madeira e móveis também interromperam a produção. Segundo Arnaldo Huebl, vice-presidente da Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc) na região, a situação é crítica. “Aqui na região, algumas empresas estão paradas desde a semana passada, outras estão parando agora e outras vão parar na semana que vem”, afirmou Huebl em entrevista à colunista Estela Benetti, da NSC. Ele explicou que os importadores americanos suspenderam os embarques para avaliar o impacto das tarifas.

No Planalto Norte, que engloba São Bento do Sul, Rio Negrinho e Campo Alegre, 62% da produção madeireira é destinada aos EUA. São cerca de 398 empresas, 7 mil empregos diretos e, com as tarifas de 10% (antes do aumento para 50%), mais da metade delas exporta para os Estados Unidos. A manutenção das tarifas, segundo Huebl, pode levar a demissões em massa. Meu Deus, que cenário preocupante!

A Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente (Abimci) expressou sua extrema preocupação com os impactos da medida de Trump em toda a cadeia produtiva nacional. A entidade estima que cerca de 180 mil empregos diretos estejam em risco, considerando que, em média, 50% da produção do setor é destinada ao mercado norte-americano. Em 2024, as exportações para os EUA somaram cerca de US$ 1,6 bilhão.

Em nota oficial, a Abimci destacou os graves efeitos da tarifa de 50%, que compromete a competitividade do setor. A entidade ressaltou a importância da indústria madeireira para a economia brasileira, com cerca de 180 mil empregos diretos, concentrados principalmente no Sul do país, em pequenas cidades. A Abimci ainda alertou sobre a dependência do mercado americano: em 2024, foram exportados US$ 1,6 bilhões para os EUA, representando 50% da produção nacional, com alguns segmentos totalmente dependentes desse mercado.

A Abimci relatou o cancelamento de contratos, a suspensão de embarques e a existência de aproximadamente 1.400 contêineres com produtos em trânsito e 1.100 em portos aguardando embarque. A entidade afirma que empresas já estão adotando férias coletivas e planejando demissões, com redução ou paralisação total da produção em muitas delas. A Abimci pediu ao governo brasileiro uma ação imediata para salvar empregos e empresas.

Em reunião com o MDIC em 15 de julho, a Abimci defendeu a negociação diplomática com os EUA, solicitando a prorrogação do prazo para a implementação das tarifas e a não aplicação de tarifas de retaliação. A Abimci reforça a necessidade de uma resposta rápida e eficaz do governo para evitar consequências irreversíveis para o setor. A indústria madeireira brasileira, segundo a entidade, não pode ser sacrificada.

Fonte da Matéria: g1.globo.com