Pesquisar
Feche esta caixa de pesquisa.
Notícias

** Tarifaço de Trump: Impacto na Inflação Brasileira em 2025 e Cenários Incertos para o Futuro

** O “tarifaço” imposto pelo então presidente dos EUA, Donald Trump, em 2025, atingiu produtos brasileiros com uma alíquota de 50%, impactando mais da metade das nossas exportações para o país. A princípio, a expectativa é de um efeito moderado, mas positivo, na inflação brasileira em 2025. Afinal, essa barreira comercial tende a frear a atividade econômica e, consequentemente, a pressão inflacionária. Mas, olha só, o futuro é uma incógnita, e 2026 pode até reservar surpresas inflacionárias! Essa é a avaliação de economistas ouvidos pelo g1.

Afinal, com o tarifaço sobre café, carnes, máquinas, equipamentos, frutas, peixes e uma série de outros produtos, a tendência é uma queda nos preços de alguns itens, principalmente aqueles que não encontrarem novas rotas de exportação. A lógica é simples: a produção destinada aos EUA, ou parte dela, vai acabar inundando o mercado interno. Com mais oferta, os preços tendem a cair. As novas tarifas de Trump entraram em vigor logo após a meia-noite.

**Cenário 2025: Preços menores, mas com nuances**

Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, afirma que há um consenso entre os analistas: os preços devem cair em 2025, especialmente dos produtos mais afetados pelo tarifaço. “Frutas e peixes, por exemplo, vão tentar escoar o máximo pela via doméstica, e já vemos relatos de preços menores. Isso a gente vai sentir no bolso! Ovos também devem ficar mais em conta”, explicou.

Porém, nem tudo são flores. Outros produtos, como carnes e café, podem apresentar uma queda de preços menos acentuada. Segundo Cruz, seus produtores estão buscando alternativas de exportação para outros países. “Então, o impacto pode ser menor, menos perceptível”, ponderou.

André Perfeito, economista, reforça a visão positiva, apontando o IPCA de julho abaixo das expectativas do mercado como um sinal claro de um quadro inflacionário benigno. “Além disso, o comportamento dos alimentos in natura segue puxando o índice para baixo e deve continuar assim, já que a sobreoferta derivada do tarifaço ainda não está totalmente refletida”, completou.

Marcelo Boragini, especialista em renda variável na Davos Investimentos, também prevê queda de preços, mas com um impacto mínimo na inflação de 2025. “Estamos falando de alguns centésimos de ponto percentual, sabe?”, comentou. Ele exemplifica: “Acho que sim, um efeito deflacionário é esperado. Carne, café, frutas e peixes vão ter impacto, mas pequeno. Manga e uva já estão mais baratas, e a tilápia, dependente do mercado americano, deve cair de preço”.

**2026: Incertezas e Possíveis Pressões Inflacionárias**

Se em 2025 a tendência é de queda de preços em alguns alimentos, o cenário para 2026 é nebuloso. Analistas alertam para a possibilidade de aumento das pressões inflacionárias devido a um eventual corte na produção.

“Às vezes, o produtor não tem tanto espaço para manobra. Se o prejuízo deste ano for grande, ele pode frear a produção no ano seguinte. Aí, os preços podem subir mais do que o esperado porque se plantou menos, se criou menos peixes”, avaliou Gustavo Cruz. Por isso, os bancos centrais do mundo estão cautelosos sobre a duração dos impactos na inflação.

Juliana Machado Goncalves Daitx, coordenadora de investimentos da Unicred Porto Alegre, acredita que, apesar do alívio inflacionário inicial, “dificilmente isso mudará significativamente as projeções de inflação para 2026 em diante”. “A curto prazo, a pressão inflacionária tende a diminuir. Mas não dá para garantir que esse efeito vai durar, pois os produtores vão tomar novas decisões, como reduzir a produção ou buscar novos mercados”, explicou.

**Controle da Inflação e a Selic**

O Banco Central (BC) é o responsável pelo controle da inflação no Brasil, usando principalmente a taxa Selic (taxa básica de juros). O BC trabalha com metas de inflação, olhando para o futuro. Se as projeções estão alinhadas com as metas, os juros podem cair. Caso contrário, a Selic tende a subir ou permanecer estável.

Desde o início de 2025, com a meta contínua de inflação em 3% (entre 1,5% e 4,5%), o BC já considera a inflação acumulada em 12 meses até março de 2027 para definir a Selic, pois as mudanças na taxa demoram até 18 meses para surtir efeito total. A projeção do BC é de um IPCA de 3,4% nesse período.

Atualmente, a Selic está em 15% ao ano – o maior nível em quase 20 anos – porque a inflação está acima do teto da meta. O BC considera uma desaceleração econômica necessária para conter a inflação.

**Corte de Juros: Expectativas e Possibilidades**

A expectativa do mercado é que a Selic só comece a cair em 2026. No entanto, André Perfeito acredita que o tarifaço pode acelerar esse processo, prevendo uma Selic em 14,50% ao ano até o fim de 2025 (contra os atuais 15%). Mesmo considerando o possível agravamento das contas públicas com os auxílios aos setores afetados, ele acredita que “o mercado pode começar a considerar cortes de juros este ano, com maior intensidade”, para estimular a economia.

Marcelo Boragini concorda que, se a queda dos preços de alimentos se confirmar e a inflação ficar abaixo da meta, o BC pode antecipar os cortes, talvez ainda em 2025. Mas ele destaca: “Isso depende da inflação ficar na meta ou abaixo dela. Não é o nosso cenário atual, está longe disso. Tudo pode acontecer, mas acho pouco provável um corte de juros ainda em 2025”.

Fonte da Matéria: g1.globo.com