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Tarifaço de Trump: Etanol brasileiro perde competitividade nos EUA, mas o gigante americano precisa do nosso biocombustível

Os Estados Unidos, o maior produtor mundial de etanol, dependem do Brasil para atingir suas metas de redução de poluentes. Acontece que, depois da Coreia do Sul, os EUA são o segundo maior comprador do nosso etanol. Só que a bomba caiu: Donald Trump impôs uma tarifa de 50%, um verdadeiro “tarifaço”, que vai deixar o biocombustível brasileiro bem menos competitivo por lá.

“Essa tarifa pode encarecer o etanol brasileiro em US$ 200 a US$ 250 por mil litros!”, alerta Carlos Cogo, da Cogo Inteligência em Agronegócios. “Isso praticamente inviabiliza a nossa participação no mercado americano.”

Mas calma, não é que vai faltar etanol nos EUA, não! Eles produzem muito, viu? O Brasil é o segundo maior produtor global, mas os americanos precisam mesmo do nosso etanol, que é bem menos poluente. Por quê? Porque eles precisam cumprir metas de redução de gases de efeito estufa, exigidas por programas federais e estaduais. E, importando nosso etanol, eles ganham créditos ambientais.

Olha só os números: em 2024, segundo o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA), 60% do etanol importado pelos americanos era brasileiro! O Canadá vinha em segundo, com 33%.

A gente tentou entender os impactos dessa decisão com a União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (Unica), mas eles ainda estão analisando a situação. O presidente da Unica, Evandro Gussi, já havia dito em maio, em entrevista ao g1, que o Brasil estava diversificando seus mercados, focando em países como Coreia do Sul e Japão. O Japão, aliás, tá investindo pesado em misturar etanol na gasolina.

Pra você ter uma ideia da encrenca: o importador americano costumava pagar 2,5% pelo etanol brasileiro. Em abril, Trump já havia imposto uma tarifa de 10%, elevando o custo para 12,5%. Agora, a partir de 1º de agosto, vai para 52,5%! Uma verdadeira facada!

Mas por que os EUA compram nosso etanol, se eles produzem tanto? Marcelo Di Bonifacio Filho, analista da StoneX Brasil, explica: “Os EUA têm programas de incentivo a biocombustíveis, como o Renewable Fuel Standard (nacional) e outros estaduais, como o da Califórnia.” E o etanol brasileiro é mais sustentável, porque a nossa indústria usa o bagaço da cana para gerar energia, emitindo muito menos CO2 do que as usinas americanas, que usam gás natural e energia da rede elétrica.

A Unica estima que um litro de etanol brasileiro emite entre 450 e 500 gramas de CO₂ equivalente, enquanto o americano pode emitir mais do que o dobro! Com o etanol brasileiro ficando tão caro, os EUA vão importar menos, e vão ter dificuldade de cumprir suas metas de descarbonização. “Isso vai prejudicar quem depende desses programas de incentivo a biocombustíveis nos EUA”, afirma Filho. “O programa nacional de incentivos é o que mais vai sofrer.”

E o Brasil? Já estava se preparando para essa eventualidade. O Japão, por exemplo, pretende misturar 10% de etanol na gasolina até 2030, e 20% até 2040. “O etanol foi considerado uma solução rápida, barata e eficaz para descarbonizar o transporte”, explicou Gussi. As exportações para o Japão devem começar em poucos anos. Enquanto isso, o “tarifaço” de Trump joga uma sombra sobre o setor, exigindo novas estratégias do Brasil no mercado internacional.

Fonte da Matéria: g1.globo.com