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Tarifaço de Trump contra o Brasil: mais rosna do que mordida, avalia The Economist

A revista britânica The Economist publicou na sexta-feira (8) uma análise sobre as tarifas impostas por Donald Trump ao Brasil, afirmando que o impacto real é bem menor do que a ameaça inicial. “O gigante latino-americano, por enquanto, escapou do pior”, afirma a publicação. A tarifa de 50%, aplicada em 6 de agosto, segundo a Economist, é mais uma demonstração de força política do que uma medida econômica propriamente dita, motivada pela situação jurídica de Jair Bolsonaro, investigado por suposta tentativa de golpe.

A reportagem destaca que o Brasil não foi o único alvo de retaliações políticas de Trump. A Índia, por exemplo, enfrenta taxas semelhantes por comprar petróleo russo. E olha só, Trump chegou até a alertar Mark Carney, primeiro-ministro do Canadá na época, de que o reconhecimento de um Estado palestino dificultaria muito as negociações comerciais. Mas, segundo a Economist, o caso brasileiro é o exemplo mais claro de Trump usando o comércio como arma para interferir na política interna de outro país.

Apesar do tom ameaçador do anúncio, quase 700 produtos brasileiros foram isentados da tarifa, incluindo aviões, petróleo, celulose e suco de laranja. Ufa! Porém, setores importantes como café, carne e frutas ficaram de fora dessas exceções e, portanto, continuam sujeitos à taxa completa. Que azar!

Mesmo sem considerar as isenções, a Economist acredita que os efeitos na economia brasileira serão contidos. O Brasil exporta pouco em relação ao seu PIB, bem menos que o México ou grandes economias asiáticas. Além disso, a dependência do mercado americano caiu para 13% das exportações brasileiras – uma queda significativa se compararmos com os 25% de duas décadas atrás. Enquanto isso, as exportações para a China cresceram quase seis vezes, chegando a 28%.

Lula, por sua vez, adotou uma postura firme, afirmando que o Brasil não se deixará “humilhar” ou ” tutelar” por um “imperador”. Mas, ao mesmo tempo, apostou na diplomacia, pressionando o governo Trump por meio de empresas brasileiras e suas parceiras nos EUA. E essa estratégia deu resultado, garantindo as significativas isenções. “Os danos serão limitados, e Lula deve aproveitar essa situação para evitar uma briga maior”, sugere a Economist.

O maior risco, segundo a publicação, está nas próximas ações de Lula. Na quarta-feira (6), ele declarou que consultaria outros membros do BRICS – grupo que inclui Índia e China – sobre como enfrentar as tarifas de Trump. Isso, segundo a Economist, pode facilmente desencadear uma escalada da guerra comercial. Afinal, Trump já chamou o BRICS de “antiamericano” e ameaçou impor uma tarifa adicional de 10% sobre os produtos de seus membros durante a cúpula do grupo no Rio de Janeiro, no mês passado. Me parece que a situação ainda é delicada.

Fonte da Matéria: g1.globo.com