Desde que Donald Trump voltou à Casa Branca em janeiro, uma coisa ficou clara: a soberania de vários países tá em jogo. O “The New York Times” destacou um grupo específico de nações que virou alvo direto do republicano, vítimas de sua política de “tarifaço”. A estratégia? Ameaças veladas e diretas à soberania, usando tarifas, investigações comerciais e até mesmo bravatas militares.
Olha só o que aconteceu: México, Panamá e Brasil sentiram na pele essa pressão. No caso do Brasil, a situação ficou ainda mais tensa. Além da dificuldade de diálogo, o país recebeu uma exigência, sabe?, praticamente impossível de ser atendida – uma verdadeira afronta à sua soberania. Mas vamos por partes.
**Canadá e Panamá: Ameaças à Integridade Territorial**
Em março de 2025, Mark Carney, líder do Partido Liberal, ganhou as eleições canadenses com uma promessa clara: proteger o Canadá das investidas americanas. Afinal, Trump chegou a sugerir a anexação do Canadá como o 51º estado americano! Isso, meu amigo, causou um rebuliço e um nacionalismo ferrenho. Carney, desde então, reforça a independência canadense frente à influência dos EUA, mesmo negociando com a Casa Branca para evitar uma guerra tarifária.
Já o Panamá foi um dos primeiros a sentir o peso do “bullying institucionalizado” de Trump. A questão? O controle do Canal do Panamá. Trump criticou as taxas cobradas, lembrando que os EUA administraram o canal até 1999. José Raúl Mulino, presidente panamenho na época, foi categórico: “a soberania e a independência do nosso país não são negociáveis”. Mas, sob pressão, o Panamá cedeu: permitiu o envio de tropas americanas e concedeu vantagens no uso do canal.
Para Oliver Stuenkel, professor de Relações Internacionais da FGV-SP, essa situação é gravíssima, pois envolve ameaça de anexação territorial. “É muito pior do que qualquer outra coisa. Uma ameaça de anexação, mesmo que parcial, é uma ameaça existencial”, afirma Stuenkel.
**México: Soberania em Jogo, mas Concessões Necessárias**
O México também sentiu o peso da retórica de Trump. Críticas à imigração, ao combate às drogas e às relações comerciais geraram tensão. Claudia Sheinbaum, então presidente do México, reagiu com firmeza, reforçando a soberania nacional, mas buscando o diálogo. Em pelo menos 30 entrevistas, ela deixou claro: o México é uma nação soberana. Em junho, declarou: “o México não está subordinado a ninguém”.
Mesmo assim, Sheinbaum atendeu a algumas demandas de Trump, como o aumento do efetivo militar na fronteira e a extradição de líderes de cartéis. Uma situação delicada, não é?
**Colômbia: Retórica Forte e Recuo Estratégico**
Gustavo Petro, presidente colombiano, enfrentou a fúria de Trump ao se recusar a aceitar voos com imigrantes deportados dos EUA. A resposta? Ameaça de tarifas de até 50% sobre produtos colombianos. Petro reagiu com contundência: “Eu não aperto a mão de escravizadores brancos”. Mas a pressão econômica falou mais alto, e o governo colombiano acabou cedendo, permitindo a retomada dos voos.
**Brasil: A Última Fronteira e uma Exigência Impossível**
O Brasil, o último a entrar nesse grupo, enfrentou uma situação ainda mais complexa. Além da dificuldade de diálogo com a Casa Branca, recebeu uma exigência considerada impossível: interferência do Executivo no Judiciário.
A imposição unilateral de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, a maior já aplicada pelos EUA, gerou uma nova crise diplomática. O governo brasileiro, considerando a medida uma afronta à soberania econômica, recorreu à Organização Mundial do Comércio (OMC).
Carolina Pavese, doutora em Relações Internacionais pela London School of Economics, acredita que a estratégia de Trump foi “escalar para depois desescalar”. Mesmo os países que evitaram o tarifaço, tiveram condições comerciais piores após as negociações. Ela aponta interesses estratégicos por trás da pressão sobre o Brasil: frear as Big Techs, as operadoras de cartão de crédito, abalar a credibilidade dos BRICS e o acesso às terras raras.
Vinicius Rodrigues Vieira, professor de Relações Internacionais da FGV e FAAP, vê na atitude de Trump uma tentativa de recuperar influência na América Latina, especialmente em países governados pela esquerda, mais nacionalistas e anti-imperialistas. A pressão, segundo ele, deve continuar até as eleições de 2026, intensificando-se caso um candidato não alinhado a Trump vença. A luta pela soberania, portanto, está apenas no começo.
Fonte da Matéria: g1.globo.com