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Tarifaço de Trump: Ameaças à Soberania de Brasil, México, Canadá e Colômbia

Desde que Donald Trump voltou à Casa Branca em janeiro, a soberania nacional virou um tema central para várias democracias ocidentais. Afinal, a política de “tarifaço” do republicano atingiu em cheio países como México, Panamá, Brasil e Canadá – todos com uma coisa em comum: a soberania ameaçada pelas ações do governo americano. O “New York Times” destacou essa situação, mostrando como Trump usou tarifas, investigações e até ameaças militares para pressionar esses países a cederem às suas vontades econômicas e políticas. Olha só o que rolou:

**Canadá e Panamá:** Logo no início do mandato, Trump chegou a sugerir a anexação do Canadá como o 51º estado americano! Isso, gente, gerou um nacionalismo gigante, principalmente nas eleições de abril, que deram uma vitória esmagadora para Mark Carney, do Partido Liberal. Carney prometeu proteger o Canadá das “ameaças à nossa soberania” vindas dos EUA e, desde então, tá firme no discurso de independência. Apesar de rejeitar publicamente a proposta de Trump, o Canadá segue negociando com a Casa Branca pra evitar uma guerra tarifária.

Já o Panamá foi um dos primeiros a sofrer o “bullying institucionalizado” de Trump, principalmente em relação ao Canal do Panamá. Trump criticou as taxas cobradas, lembrando que os EUA administraram o canal até 1999. O presidente panamenho, José Raúl Mulino, foi categórico: “a soberania e a independência do nosso país não são negociáveis”. Mas, sob pressão, o Panamá acabou permitindo o envio de tropas americanas para bases locais e concedeu vantagens no uso do canal, incluindo acesso gratuito e prioritário. Para Oliver Stuenkel, professor de Relações Internacionais da FGV-SP, essa ameaça de anexação territorial é gravíssima: “É muito mais grave do que qualquer outra coisa, uma ameaça existencial”.

**México:** O México também entrou na mira de Trump, que criticou duramente a política de imigração, combate às drogas e questões comerciais do país. A presidente Claudia Sheinbaum reagiu com firmeza, reafirmando a soberania nacional, mas buscando o diálogo. Segundo o “New York Times”, Sheinbaum ressaltou em mais de 30 entrevistas a soberania mexicana. Em junho, ela declarou: “o México não está subordinado a ninguém”. Apesar do discurso forte, Sheinbaum atendeu a algumas demandas de Trump, como reforçar a segurança na fronteira e extraditar líderes de cartéis.

**Colômbia:** Trump ameaçou tarifas de até 50% sobre produtos colombianos depois que o presidente Gustavo Petro se recusou a aceitar voos com imigrantes deportados dos EUA. Petro respondeu com tudo: “Eu não aperto a mão de escravizadores brancos”, numa declaração que repercutiu internacionalmente. Mas, depois, ele cedeu e permitiu a retomada dos voos, mostrando a força da pressão americana. Para Carolina Pavese, doutora em Relações Internacionais pela London School of Economics, a estratégia de Trump foi “escalar para depois desescalar”. Mesmo os países que evitaram o tarifaço, segundo ela, acabaram com condições comerciais piores do que antes.

**Brasil:** O Brasil foi o último a entrar nessa história e enfrenta uma situação bem complicada. Além da dificuldade de diálogo com a Casa Branca, o país recebeu uma exigência praticamente impossível de cumprir, envolvendo interferência no Judiciário. Trump aplicou tarifas de 50% sobre produtos brasileiros – a maior taxa já imposta pelo governo americano ao Brasil. O governo brasileiro considerou a medida uma violação do comércio internacional e uma ameaça à soberania econômica, acionando a Organização Mundial do Comércio (OMC). Pavese acredita que a questão de Jair Bolsonaro serviu como “cortina de fumaça” para interesses maiores de Trump: frear a regulamentação das Big Techs, proteger as operadoras de cartão de crédito, abalar a credibilidade de outras potências via BRICS e garantir acesso a terras raras.

Vinicius Rodrigues Vieira, professor de Relações Internacionais da FGV e FAAP, destaca a tentativa de Trump de recuperar influência na América Latina, focando em países como México, Colômbia e Brasil. “São países governados pela esquerda, que historicamente na América Latina é mais nacionalista e anti-imperialista do que a direita”, afirma ele. Para Vieira, a pressão política deve continuar até as eleições de 2026 e pode aumentar se um candidato não alinhado a Trump vencer. A luta do Brasil pela soberania, segundo ele, “está apenas no começo”.

Fonte da Matéria: g1.globo.com