O governo federal lançou na quarta-feira (13), o pacote “Brasil Soberano”, um plano de socorro de R$ 30 bilhões para empresas brasileiras atingidas pelas tarifas impostas pelos Estados Unidos. A medida, assinada pelo presidente Lula, é um alívio, principalmente para pequenas e médias empresas, mas especialistas alertam: a conta pode sair cara.
Afinal, o Brasil já tá com uma dívida pública altíssima, na casa dos 76% a 77% do PIB, segundo Victor Borges, especialista em investimentos da Manchester. “Com as contas públicas já tão frágeis, o governo agora propõe mais gastos. Esse é o x da questão!”, ressalta Borges. A injeção de recursos, embora necessária, pode agravar ainda mais a situação fiscal do país.
João Ferreira, sócio da One Investimentos, concorda. Para ele, a medida provisória vai dificultar ainda mais o cumprimento das metas fiscais. E tem mais: Lula já avisou que os R$ 30 bilhões são só o começo. “A gente precisa saber qual será o valor total desse pacote e como o governo vai ajustar as contas públicas para bancar tudo isso”, completa Ferreira. A incerteza sobre o tamanho final do auxílio preocupa.
Danilo Coelho, economista especialista em investimentos, vê o pacote com dois lados. De um lado, as exportadoras serão beneficiadas, mas, por outro, o governo precisa urgentemente planejar como redirecionar essa produção para outros mercados. “A gente precisa de uma estratégia para diversificar os parceiros comerciais”, afirma.
Coelho acredita que o plano vai aumentar a pressão sobre a Selic, a taxa básica de juros. Mas, olha só, ele também enxerga um lado positivo: “A curto prazo, pode criar espaço para o Banco Central pensar em cortar os juros, já que vai ajudar as empresas a manter empregos, produção e consumo.”
Porém, há um porém. O risco de afastar investidores estrangeiros é real. Um desequilíbrio fiscal pode aumentar a percepção de risco sobre o Brasil, levando a uma alta no dólar e nos juros. “Tudo vai depender das próximas medidas do governo. Se não houver um corte de gastos ou um aumento na arrecadação, a pressão sobre o câmbio e a Selic vai ser inevitável”, avisa Coelho.
O pacote “Brasil Soberano” inclui, além da linha de crédito de R$ 30 bilhões (condicionada à manutenção de empregos), a prorrogação por um ano do prazo para exportações com insumos beneficiados pelo drawback; a possibilidade da Receita Federal adiar o pagamento de impostos para empresas mais afetadas (como já ocorreu na pandemia); e crédito tributário para desonerar vendas externas (até 3,1% para grandes e médias empresas e até 6% para micro e pequenas).
Durante o anúncio, Lula disse: “Não podemos ficar apavorados em momentos de crise. As crises servem para criarmos novas coisas. O que é inaceitável é que não existam justificativas para essas tarifas americanas”.
Após o anúncio do plano, o governo pretende discutir medidas de reciprocidade contra produtos americanos, segundo a jornalista Ana Flor, da GloboNews. A situação é complexa e exige atenção. O Brasil precisa encontrar um equilíbrio entre o socorro às empresas e a saúde das suas contas públicas.
Fonte da Matéria: g1.globo.com