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** Tarifa de Trump contra o Brasil: Imprensa internacional vê motivações políticas na decisão

** A decisão de Donald Trump de aumentar a tarifa sobre produtos brasileiros importados para 50%, a partir de 1º de agosto, gerou forte repercussão na imprensa internacional. A medida, um salto em relação aos 10% anunciados em 2 de abril, afeta itens importantes da pauta exportadora brasileira para os EUA, como petróleo, suco de laranja, café, ferro e aço. Mas, olha só, o que mais chamou a atenção não foram só os números, não.

A carta enviada por Trump, dura e incisiva, justifica a tarifa com base na perseguição judicial que o ex-presidente Jair Bolsonaro estaria sofrendo no Brasil, mencionando especificamente o processo no Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de Estado. Isso, na real, é o que deixou muita gente de cabelo em pé.

O The Washington Post, por exemplo, destacou que a decisão expõe como questões pessoais, e não só econômicas, ditam as ações tarifárias de Trump. A reportagem afirma que, apesar da alegação de desequilíbrio comercial, o caso brasileiro contraria essa lógica, já que as relações pessoais e alinhamentos políticos parecem pesar mais na balança. A justificativa inicial de “estado de emergência econômica” fica bem fraca quando se vê a ligação direta com o julgamento de Bolsonaro, né?

Já o The New York Times cravou: a tensão comercial entre EUA e Brasil explodiu, iniciando o que parece ser uma guerra comercial repentina. O jornal destaca o potencial de consequências econômicas e políticas significativas, principalmente para o Brasil, uma vez que os EUA são o segundo maior parceiro comercial do país, atrás apenas da China. E, pelo jeito, Trump tá condicionando o fim das tarifas à suspensão do processo contra Bolsonaro. Isso é, no mínimo, preocupante! O jornal ainda critica a tentativa de interferência em um processo criminal de outro país, classificando a tarifa como um “instrumento universal de coerção — com alto potencial destrutivo para a economia”.

Os dois jornais americanos também desmentiram a afirmação de Trump sobre um suposto déficit comercial dos EUA com o Brasil. Fato é que essa informação não se sustenta.

O The Guardian, por sua vez, classificou a mensagem de Trump como “exaltada”, observando que o tom da carta dirigida a Lula foi bem diferente das habituais correspondências tarifárias do presidente americano. O jornal britânico ainda fez um paralelo entre os atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023 em Brasília e a invasão do Capitólio em 6 de janeiro de 2021, nos EUA. Acho que a análise deles sobre a postura de Trump em relação a Bolsonaro, considerando seu próprio comportamento após a derrota eleitoral de 2020, é bastante pertinente: “Considerando que Trump ainda sustenta que estava dentro de seus direitos ao tentar permanecer no cargo após perder a reeleição em 2020, e que seus esforços culminaram numa invasão do Capitólio por seus apoiadores em 6 de janeiro de 2021, não é difícil entender por que ele parece tão empenhado em defender a ideia de que Bolsonaro não fez nada de errado.”

Na América Latina, o El Clarín, da Argentina, definiu a medida como “drástica”, inaugurando, segundo o jornal, uma guerra comercial entre os dois maiores países do continente, governados por líderes de espectros políticos opostos. O jornal argentino também observou que Trump misturou motivações políticas e econômicas para justificar o aumento da tarifa, que supera em muito a média de 10% aplicada a outros países latino-americanos. Em resumo: uma situação tensa e com muitas implicações.

Fonte da Matéria: g1.globo.com