Conceição do Castelo, no Espírito Santo, tá fervendo! A cidade, segundo maior polo produtor de tangerina do estado (só perde para Domingos Martins), vive o auge da colheita. De maio a agosto, as lavouras de tangerina ponkan – que, na real, representam 99% da produção local – estão bombando. E a notícia é ótima: a expectativa, segundo o Incaper (Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural), é de uma safra 30% maior em 2025 do que em 2024! Isso significa mais de 120 mil caixas de tangerina só em Conceição do Castelo!
Olha só o que o produtor Darci Moreira contou: “A produção esse ano tá muito boa, deu bastante. A minha, por exemplo, vai chegar a umas 2 mil caixas!”. Incrível, né?
Mas, calma lá! Tangerina, mexerica, ponkan… qual a diferença? Cleber Cássio Ferreira, extensionista do Incaper, esclarece: “Muita gente confunde, mas são frutas diferentes. A tangerina tem frutos maiores e mais doces, com casca fácil de descascar. A mexerica é menor, com casca mais fina e azedinha”. E a ponkan? É uma variedade de tangerina, a queridinha de Conceição do Castelo e região. O chamado Polo da Tangerina, que inclui Venda Nova do Imigrante, Domingos Martins, Santa Maria de Jetibá, Marechal Floriano, Santa Leopoldina e Muniz Freire, praticamente só trabalha com essa variedade.
A região serrana capixaba colhe mais de 24 mil toneladas de tangerina ponkan por ano, um mercado estimado em R$ 12 milhões! “A produtividade é ótima, e a saída da produção também tá boa”, afirma Cleber. “A colheita começou um pouco mais tarde esse ano, por volta da metade de maio, e deve ir até o fim de julho, começo de agosto. Quanto mais alta a propriedade, mais tempo o produtor consegue colher.”
Em Conceição do Castelo, cerca de 40 famílias, todas ligadas à agricultura familiar, trabalham com a fruta. Muitas delas usam o sistema de consórcio, plantando tangerinas junto com outras culturas, como o café. A produtora Danielle Collodette explica: “Tem uns dois anos que a gente plantou cerca de 500 pés consorciados com o café, um modelo que facilita bastante o manejo”.
E o sucesso da ponkan vai além da produção agrícola! O agroturismo também tá crescendo. Em algumas propriedades, como a de Douglas Gasparetto, os turistas podem colher a própria fruta – é o sistema “colhe e pague”. Douglas conta: “A gente quis oferecer uma experiência mais próxima da realidade da roça. Os turistas recebem os instrumentos, colhem a fruta e podem degustar à vontade, sem custo adicional”.
Nem mesmo as tangerinas menores, que não são comercializadas diretamente, são desperdiçadas. Elas viram deliciosos doces, geleias e até bebidas! Marilene Dariva, produtora e secretária de Agricultura do município, conta: “Nós começamos a fazer pudim e geleia de tangerina ponkan. As frutas menores não vendem no comércio, então pensamos em como aproveitá-las. Fazemos doces e bebidas, sempre usando a produção própria.”
O clima, o solo e a altitude de Conceição do Castelo são perfeitos para o cultivo da ponkan. Mas as mudanças climáticas são uma preocupação. Marilene alerta: “A gente passou por um período sem um inverno de verdade, o que favoreceu a proliferação de insetos, prejudicando a produção”.
Para garantir a qualidade e produtividade, os produtores contam com o suporte técnico do Incaper, principalmente no controle de pragas e manejo. Danielle destaca: “O Incaper está sempre presente. A gente sabe que não basta ter volume, temos que oferecer um produto de qualidade.”
Cleber Cássio Ferreira reforça o otimismo para 2025: “Esse ano teremos uma superprodução em comparação ao ano passado. A tangerina tem anos de maior e menor produção, e esse será um ano de alta. As vendas já começaram”. A maior parte da produção é destinada ao mercado interno, principalmente ao Rio de Janeiro, com ajuda de uma cooperativa de Cariacica que garante preços melhores aos produtores.
Apesar de experimentos com outras variedades de tangerina (cerca de 10), a ponkan continua reinando. Douglas explica: “Temos um experimento com outras variedades, mas a ponkan de Conceição do Castelo tem uma doçura única. O turista que vem aqui percebe essa diferença, algo que não se encontra facilmente em supermercados”.
Fonte da Matéria: g1.globo.com