Em julho de 2023, o então Secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, protagonizou um episódio que agitou as relações entre Brasil e Estados Unidos. Olha só: ele anunciou o cancelamento dos vistos americanos de Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), e de outros importantes nomes do governo brasileiro. Isso mesmo, não foi pouca coisa!
A decisão, tomada em 18 de julho, atingiu não só Moraes, mas também seus familiares diretos. Além dele, outros sete ministros do STF tiveram seus vistos revogados: Luís Roberto Barroso (presidente da Corte na época), Edson Fachin (vice-presidente), Dias Toffoli, Cristiano Zanin, Flávio Dino, Cármen Lúcia e Gilmar Mendes. Uau! E não parou por aí: o então Procurador-Geral da República, Paulo Gonet, também teve seu visto cancelado.
A justificativa de Rubio, divulgada na rede social X (antigo Twitter), foi explosiva. Segundo ele, o governo Trump pretendia responsabilizar estrangeiros envolvidos na censura de opiniões protegidas nos EUA. Rubio acusou Moraes de promover uma “caça às bruxas política” contra Jair Bolsonaro, alegando que essa perseguição ultrapassava as fronteiras brasileiras, afetando também cidadãos americanos. “Ordenei a revogação dos vistos de Moraes e seus aliados no tribunal, bem como de seus familiares próximos, com efeito imediato”, declarou o senador na época. A identidade dos “aliados” citados, no entanto, não foi revelada.
A coincidência de datas é impressionante. A decisão de Rubio ocorreu no mesmo dia em que Moraes determinou o uso de tornozeleira eletrônica para o então ex-presidente Jair Bolsonaro, aliado declarado de Trump. Para Moraes, Bolsonaro cometeu crimes de coação no curso do processo, obstrução de investigação e atentado à soberania. A Procuradoria-Geral da República (PGR), por sua vez, alegou risco concreto de fuga do ex-presidente.
O deputado federal Eduardo Bolsonaro, filho do ex-presidente, agradeceu publicamente a Trump e a Rubio pela medida. Na época, ele estava licenciado do cargo e vivia nos EUA, lamentando a impossibilidade de ver o pai e afirmando que a decisão poderia afetar a visita de autoridades brasileiras aos seus familiares nos Estados Unidos.
A PGR justificou o pedido de tornozeleira eletrônica para Bolsonaro alegando risco de fuga e de intimidação a autoridades brasileiras. Além da tornozeleira, Moraes impôs recolhimento domiciliar noturno, proibição do uso de redes sociais e contato com investigados, diplomatas e embaixadores. Bolsonaro, por sua vez, classificou a medida como uma “suprema humilhação”.
Mas a história não termina aí. Na mesma quarta-feira, Rubio anunciou, sem citar nomes especificamente, medidas para revogar vistos de outros funcionários do governo brasileiro. Ele criticou duramente o programa Mais Médicos, que contratou profissionais de saúde cubanos para atuar no SUS, chamando-o de “golpe diplomático inconcebível” e alegando envolvimento em um esquema de “exportação de trabalho forçado” pelo regime cubano, com a participação de funcionários da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS). Em resumo: foi um verdadeiro terremoto diplomático.
Fonte da Matéria: g1.globo.com