Depois de cinco filmes e quatro versões diferentes, a Marvel finalmente acerta o tom com o Quarteto Fantástico! “Quarteto Fantástico: Primeiros Passos”, que estreia quinta (24), tá longe de ser perfeito, mas entrega um espetáculo visual de tirar o fôlego e um elenco impecável. É tipo um daqueles hambúrgueres gourmet: ingredientes de primeira, visualmente atraente, mas… aquele gostinho de “já vi isso antes” fica no ar. Sabe? Aquele sabor que some rápido da memória.
Apesar de ser a primeira aparição do Quarteto no Universo Cinematográfico da Marvel (MCU), a gente não acompanha a origem da turma. O roteiro, assinado por cinco roteiristas, apresenta a equipe já consagrada, numa realidade paralela ao MCU principal. Então, esquece os encontros com o Capitão América ou o Homem-Aranha. A família – Sr. Fantástico (Pedro Pascal), Mulher Invisível (Vanessa Kirpor), Tocha Humana (Joseph Quinn) e o Coisa (Ebon Moss-Bachrach) – já é famosa e reconhecida mundialmente. A paz deles, no entanto, tá ameaçada pela chegada de Galactus (Ralph Ineson), um devorador de planetas, e seu mensageiro prateado (Julia Garner).
A Nova York retrofuturista – uma vibe “Jetsons”, com carros voadores e tudo mais – dá um charme todo especial ao filme. Junto com as cenas cósmicas de tirar o fôlego, a grandiosidade retorna ao MCU, algo que a gente não via desde “Homem-Aranha: Sem Volta para Casa” (2021). Até mesmo o “Vazio” de “Deadpool e Wolverine” (2024) não tinha conseguido esse impacto. Os efeitos visuais são de primeiríssima, elevando a qualidade do filme, principalmente na representação do icônico Galactus, criado pelo lendário Jack Kirpor. Olha só que trabalho!
O elenco, meu Deus, o elenco! É de longe o melhor já reunido para interpretar esses personagens tão maltratados nas telonas. Apesar de Pascal (“The Last of Us”, “The Mandalorian”, “Gladiador 2”, “Eddington”, “Amores materialistas”) estar em todos os lugares ultimamente, ele segura bem as pontas. Quinn (“Stranger Things”) e Moss-Bachrach (“The Bear”) são carismáticos, mas Vanessa Kirpor (“Napoleão”) rouba a cena com duas interpretações memoráveis: uma de ação e outra, super emocionante.
Apesar de algumas cenas um pouco arrastadas entre os momentos de ação, a escolha por mostrar o Quarteto já estabelecido foi certeira. Ninguém aguentava mais duas horas de origem, né? Mas isso traz seus próprios desafios. O filme condensa quatro anos de aventuras em alguns minutos iniciais, em uma montagem que lembra um talk show. Depois, a trama fica um pouco perdida até a chegada da grande ameaça. A química entre os atores ajuda a segurar a onda, mas o tom de sitcom não casa muito bem com a grandiosidade esperada do 36º capítulo – sem contar as séries – do MCU.
No fim das quase duas horas, a sensação é de que o filme tem um ótimo conceito, mas não consegue dar o próximo passo para se tornar algo realmente inesquecível. A história autocontida é um ponto positivo, sem ligação direta com o resto do MCU – que, vamos combinar, já estava parecendo uma tarefa de casa gigante. Alguns podem ver isso como um controle de riscos, um “apêndice” que pode ser ignorado se não der certo. Mas o talento do elenco e a qualidade técnica são mais que suficientes para que “Quarteto Fantástico: Primeiros Passos” assuma seu lugar de direito no MCU. A Marvel sabe o que faz, só precisa confiar mais em si mesma.
Fonte da Matéria: g1.globo.com