A notícia pegou a todos de surpresa: Preta Gil, filha de Gilberto Gil, sobrinha de Caetano Veloso e afilhada de Gal Costa, morreu neste domingo, 20 de agosto, aos 50 anos. A causa da morte foram complicações de um câncer de intestino, com o qual lutava desde janeiro de 2023. Ela estava nos Estados Unidos, em busca de tratamento experimental. Nossa, que tristeza!
Preta, além de cantora, era uma mulher de múltiplos talentos: empresária, produtora, publicitária… Mas foi aos 29 anos que ela decidiu se dedicar totalmente à música, lançando seu primeiro álbum, “Prêt-à-Porter”. O disco, que trazia o hit “Sinais de Fogo” (uma composição de Ana Carolina especialmente para ela), causou polêmica: a capa mostrava a cantora nua. Em entrevista a Pedro Bial, ela relembrou a reação do pai: “Eu lembro que fui mostrar para o meu pai e ele falou: ‘Desnecessário, Preta’. Aquilo me deixou bem confusa. Mas meu pai é um sábio, né? Ele sabia exatamente o que eu ia passar depois. Eu lancei o disco achando que estava arrasando, mas veio uma enxurrada de críticas, muito conservadorismo na época.”
A carreira musical de Preta foi marcada por sucessos como “Muito Perigoso” e “Eu e você, você e eu” (do álbum “Preta”, de 2005), e pela inesquecível turnê “Noite Preta”, que durou sete anos e percorreu o Brasil de ponta a ponta. Depois disso, ela criou o “Baile da Preta”, um show que refletia sua personalidade eclética, misturando MPB, de Caetano e Gil a Aviões do Forró e Psirico. “O Baile da Preta retrata a minha personalidade musical, meu ecletismo, meu gosto e meu respeito pela MPB”, dizia ela em seu site.
Além da música, Preta brilhou na TV. Em 2010, estreou o programa “Vai e vem”, com um palco inusitado: um elevador! O programa abordava temas sobre sexo de forma inteligente e humorada. “Queria que fosse um programa sem vulgaridade, com inteligência, com humor”, explicou em entrevista a Jô Soares.
Em 2012, lançou “Sou como Sou”, pela gravadora DGE Entertainment, com hits como “Mulher Carioca” e “Relax”. Para celebrar uma década de carreira, gravou o DVD “Bloco da Preta”, um verdadeiro caldeirão de ritmos brasileiros, com participações de peso como Lulu Santos, Ivete Sangalo, Anitta, Israel Novaes e Thiaguinho. Mas, sabe o que era realmente incrível? O Bloco da Preta em si! Criado em 2010, se tornou um dos maiores blocos de carnaval do Rio, arrastando mais de 500 mil foliões em 2017 com uma homenagem a Chacrinha. “É o momento ápice do meu ano. Trabalho o ano inteiro, mas o meu grande ‘xodó’ é o Bloco da Preta”, dizia ela ao g1.
Em 2017, lançou seu último álbum, “Todas as Cores”, disponível apenas digitalmente, com participações de Pabllo Vittar, Marília Mendonça e Gal Costa, e a música “Botando a fila para andar”, outra composição de Ana Carolina. Em 2021, gravou “Meu Xodó” com o filho, Francisco Gil, uma canção que, segundo ela mesma, a ajudou a sair de um momento difícil. “Se não fosse o Fran, eu talvez tivesse perdido a minha voz, porque sou intérprete, não sei tocar instrumento. Ele foi me estimulando o tempo inteiro a não entrar nessa bad total”, contou ao G1.
Preta também atuou em novelas e séries como “As Cariocas”, “Ó Paí, Ó” e “Vai que Cola”, e se destacou como empresária, sendo sócia da agência Mynd, que representava artistas como Luísa Sonza, Pabllo Vittar e Camilla de Lucas, entre outros.
Na vida pessoal, Preta era filha de Gilberto Gil e Sandra Gadelha, tendo mais cinco irmãos: Nara e Marília (filhas de Gil e Belina de Aguiar) e Bem, José e Bela Gil (filhos de Gil e Flora). Casou-se com o ator Otávio Müller em 1994, com quem teve Francisco Gil, pai de sua neta, Sol de Maria. Depois, casou-se com o mergulhador Carlos Henrique Lima (2009-2013) e, posteriormente, com Pedro Godoy (2015-2023), relacionamento que terminou durante seu tratamento contra o câncer.
A luta contra a doença foi longa e árdua. Após tratamento no Brasil, com quimioterapia, radioterapia e cirurgia, o câncer voltou, necessitando de tratamentos experimentais nos EUA, em Nova York e Washington. Infelizmente, a doença venceu. Preta Gil deixa um legado de talento, força e alegria, que jamais será esquecido.
Fonte da Matéria: g1.globo.com
