Uma mineira de 30 anos processou a TAP, alegando ter sofrido uma tentativa de estupro após a companhia aérea portuguesa a alocar em um quarto de hotel em Paris com outros dois passageiros desconhecidos. O caso, que não foi registrado na polícia francesa, foi relatado ao g1 pela advogada da vítima, Nathalia Magalhães.
Segundo a advogada, tudo aconteceu após o cancelamento do voo TP439, com partida prevista para as 21h de Paris para Lisboa no dia 31 de maio. A TAP, para solucionar o problema, ofereceu hospedagem à passageira, mas, olha só, a colocou em um quarto triplo com outras duas pessoas que ela não conhecia! A cliente tentou, sim, conseguir um quarto individual, mas depois de oito horas no aeroporto, desistiu. Ela se sentiu segura inicialmente por ter uma mulher no quarto junto com o homem.
Porém, durante a madrugada, a outra passageira deixou um bilhete dizendo que não havia conseguido dormir e já estava indo para o aeroporto. Aí que está o problema: “Ela não viu a mulher sair, mas o homem percebeu que ficou sozinho com ela. E, acredite, completamente nu, ele tentou agarrá-la e beijá-la. Ao acordar com o homem em cima dela, ela gritou e conseguiu se defender”, descreveu a advogada, Nathalia Magalhães. Que situação horrível, né?
A TAP justificou a situação alegando falta de acomodações suficientes e que a única opção disponível era o quarto triplo, com a alocação feita por ordem de chegada ao balcão da companhia. A empresa disse, na época, que o hotel parceiro estava lotado e que, por isso, foi necessário o compartilhamento de quartos. A vítima, inclusive, não foi a única nessa situação.
A passageira, que não teve seu nome divulgado, não chegou a registrar queixa criminal por não conhecer a identidade do agressor. O hotel se recusou a fornecer os dados do hóspede, e ela não viajou no mesmo voo que ele.
Agora, ela busca uma indenização de R$ 50 mil por danos morais em ação cível no Tribunal de Justiça de Minas Gerais. Ela relatou ter comunicado o ocorrido à TAP por e-mail, mas não recebeu nenhum tipo de acolhimento ou pedido de desculpas. A TAP teria oferecido, inicialmente, um acordo de R$ 3 mil na plataforma de resolução de conflitos, valor que posteriormente subiu para R$ 5 mil. Na real, uma proposta irrisória diante do ocorrido.
A nota oficial da TAP afirma que suas regras não preveem a alocação de passageiros desconhecidos no mesmo quarto, a menos que estejam na mesma reserva, viajando juntos ou tenham manifestado interesse em compartilhar o quarto. A companhia garante ainda a restituição de custos com hospedagem caso não haja vagas em hotéis indicados pela empresa, desde que comprovados e requeridos formalmente. Em relação ao incidente em Paris, a TAP disse que qualquer medida depende da conclusão da investigação pelas autoridades locais. A proposta feita à passageira, segundo a nota, refere-se apenas ao cancelamento do voo TP439 e não ao ocorrido no hotel.
Em resumo, um caso extremamente grave que expõe a fragilidade em que passageiros podem se encontrar em situações de emergência, e a necessidade de protocolos mais eficazes por parte das companhias aéreas para garantir a segurança de seus clientes.
Fonte da Matéria: g1.globo.com