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Ozzy Osbourne: Último show de um ícone do rock após décadas de excessos e Parkinson

Neste sábado, 5 de julho, Ozzy Osbourne, o Príncipe das Trevas, se prepara para o que deve ser seu último show. Inacreditável, né? O cara sobreviveu a décadas de álcool, drogas, confusões – prisão, acidentes quase fatais, e a doença de Parkinson – tudo isso pra, enfim, pendurar as luvas. Mas que legado, hein?

O Black Sabbath, a banda que ele ajudou a criar, marcou a história da música, inventando o heavy metal e, claro, a imagem do astro do rock rebelde por excelência. Nos anos 70, 80 e 90, Ozzy viajou o mundo numa espécie de névoa alcoólica e etílica, se garantindo um lugar de honra no rol da infâmia do rock ‘n’ roll. Ah, e mordendo algumas criaturas inocentes pelo caminho, claro. Que fase!

Depois, nos anos 2000, ele e a família explodiram em um novo tipo de fama com os reality shows, mostrando – sem querer – sua vida familiar caótica, mas cheia de amor. Ozzy já ameaçou se aposentar antes, mas com os problemas de saúde, esse show no Villa Park, em Birmingham, parece ser de verdade o seu último ato.

Aos 76 anos, ele se reunirá com os membros originais do Black Sabbath num mega show com bandas que eles influenciaram, tipo Metallica, Slayer, Guns N’ Roses e Rage Against the Machine. Imagina só o line-up? Um dos maiores da história do heavy metal, sem dúvida!

O evento, chamado “Back to the Beginning”, é uma volta às origens. O estádio fica pertinho da casa onde Ozzy passou a infância, em Aston. Ele mesmo conta que, na época, ganhava algumas moedas cuidando dos carros dos torcedores nos dias de jogo. E sabe qual foi seu primeiro trabalho na indústria musical? Afinador de buzinas numa fábrica! Antes disso, ele trabalhou num matadouro, onde fazia umas pegadinhas nos pubs colocando olhos de vaca nos copos das pessoas. Que sujeito!

Mas Ozzy queria mais. Colocou um anúncio em uma loja de discos procurando por uma banda, e assim nasceu o Black Sabbath, com seu amigo de escola e guitarrista Tony Iommi, o baixista e letrista Geezer Butler e o baterista Bill Ward. Já existiam bandas com um som parecido com heavy metal, mas o Black Sabbath definiu o padrão com sua combinação única de ritmos poderosos, riffs pesados e imagens de horror e fantasia.

Em Birmingham, murais do Black Sabbath foram pintados em homenagem ao show. Joe Porter, fã de 47 anos, admira as obras: “Eles começaram do nada e viraram superestrelas. Nos primeiros shows, era o básico: um sistema de som, bateria, baixo e guitarra. E o som que saía daqueles quatro instrumentos parecia que tinha 20 pessoas no palco! E o Ozzy, que parece um maluco no palco, na verdade é gente boa.”

O apelo do Black Sabbath atravessa gerações, como mostra a exposição “Ozzy Osbourne: Working Class Hero”, no Birmingham Museum and Art Gallery. porron Howard-Maarij, 21 anos, diz: “Eles começaram no ano em que minha mãe nasceu, 1968. Sou fã de metal, e ver os caras voltando às origens é demais!”

Riley Beresford, 25 anos, herdou um disco de sete polegadas do single “Paranoid” (1970) da avó. “Passou pela minha avó, minha mãe e agora tá comigo! Eles criaram o heavy metal, né? A música é ótima, mas a selvageria do Ozzy completa tudo. Não tem ninguém igual.”

Topor Watley, diretor de coleções dos Museus de Birmingham, resume: “Acho que as pessoas amam o Ozzy pela autenticidade. Ele se vê como um cara da classe trabalhadora de Aston, e não mudou. Não tá com aquela imagem de Hollywood. As pessoas respeitam isso.”

A exposição mostra artefatos emprestados por Ozzy e Sharon, incluindo discos de ouro, Grammys e troféios do Hall da Fama do Rock and Roll. Fotos e vídeos mostram o lado selvagem do astro. “Nunca se sabe o que vai acontecer, e acho que as pessoas gostam disso”, diz Watley. “Ele não segue regras. Faz tudo do jeito dele.”

Algumas das aventuras de Ozzy são lendárias: morder a cabeça de um morcego em Iowa (1982) – ele jurava que era de borracha! – arrancar a cabeça de duas pombas numa reunião da gravadora, urinar no Alamo, ser expulso de Dachau, apontar uma arma pro baterista do Black Sabbath, dormir no canteiro central de uma rodovia e massacrar as galinhas do seu galinheiro com uma arma, espada e gasolina… Meu Deus!

Na real, a maioria dessas histórias não é lá muito glamourosa. Ozzy era (e talvez ainda seja) um desastre. O álcool e as drogas o transformavam num Dr. Jekyll e Mr. Hyde. Em 1989, ele acordou na cadeia, acusado de tentativa de homicídio por estrangular Sharon – não se lembrava de nada. Ela retirou a queixa. Em 2003, quebrou o pescoço numa queda de quadriciclo e foi diagnosticado com Parkinson. Em 2019, sofreu uma lesão na coluna numa outra queda.

Neste sábado, os fãs querem ver em que estado ele estará no palco. No ano passado, quando entrou para o Hall da Fama do Rock and Roll como artista solo, teve que se sentar num trono preto com caveiras e um morcego gigante – o mesmo trono que apareceu em fotos dos ensaios para o show.

O corpo de Ozzy passou por mais abusos do que quase qualquer outro ser humano no planeta. Mas a idade e os problemas de saúde chegaram. Sharon Osbourne confirmou: este é o último show. Ozzy e seus fãs vão ter que aceitar. Embora, no passado, ele tenha demonstrado que é difícil mantê-lo longe dos palcos. Como ele mesmo disse em um documentário de 2020: “Sabe quando vou me aposentar? Quando alguém pregar uma tampa no meu caixão. Aí eu faço um bis.”

Fonte da Matéria: g1.globo.com