Com a geopolítica pegando fogo, o comércio global em ebulição, as contas públicas brasileiras dando nó na cabeça e os juros num patamar estratosférico (15% ao ano, o maior em quase duas décadas!), os grandes players do mercado financeiro já começaram a mexer suas fichas. E eles têm dicas valiosas pra quem quer navegar por essas águas turbulentas sem naufragar – e quem sabe, até lucrar!
Além de macetes para diversificar seus investimentos e garimpar tendências promissoras, especialistas ouvidos pelo g1 explicam como lidar com os sustos de curto prazo e tomar decisões que combinem com seu perfil de investidor. Olha só o que esses experts pensam:
**Os Ruídos do Curto Prazo: Entenda a Fúria do Mercado**
Eventos recentes, aqui e lá fora, estão mexendo com o mercado e fazendo os investidores repensarem suas estratégias. Lá fora, o “tarifaço” do Donald Trump contra vários parceiros comerciais – incluindo o Brasil – continua criando um clima de incerteza, afetando ações, commodities e câmbio. Aqui no Brasil, o bate-boca sobre o IOF e a luta para equilibrar as contas públicas também estão deixando muita gente apreensiva, num cenário econômico já complicado por si só. E pra completar o “combo”, o Banco Central elevou a Selic para 15% ao ano. Essa decisão pode frear o consumo, desacelerar a economia e, ao mesmo tempo, deixar a renda fixa mais atraente.
**A Lupa nos Pontos Chave:**
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**O Tarifaço de Trump: Uma Ameaça Política?**
Um dos pontos críticos na arena internacional são os impactos das tarifas comerciais impostas por Trump. Desde abril, essas tarifas passaram por altos e baixos, suspensões e até tentativas (sem sucesso) de bloqueio na Justiça americana. A última jogada de Trump? Mais de 20 cartas para seus parceiros comerciais, propondo alíquotas mínimas para negociar com os EUA. A maioria dos países ficou na faixa de 20% a 40%. Mas o Brasil… Aí a coisa mudou de figura. No início de agosto, Trump mandou uma carta ao presidente Lula anunciando uma tarifa de 50% sobre todos os produtos brasileiros, a partir de 1º de agosto. Diferente das outras cartas, que focavam em déficit comercial ou controle de fronteiras (fentanil!), essa carta para o Brasil foi, na real, uma demonstração política. Trump alegou que o tratamento dado ao ex-presidente Bolsonaro é “uma vergonha internacional”, e confirmou o tom político da decisão, dizendo ter taxado o Brasil em 50% “porque o que estão fazendo com o ex-presidente é uma desgraça”. Ele se referia ao julgamento de Bolsonaro no STF pela tentativa de golpe de 8 de janeiro. A prisão de Bolsonaro e o uso de tornozeleira eletrônica, na sexta-feira (18), só pioraram a situação. Essa ameaça tarifária já está abalando a confiança de empresas e consumidores, e a expectativa é que isso comece a impactar a inflação brasileira em breve. Inflação alta pode reduzir o consumo interno e pressionar o Federal Reserve (Fed) a aumentar os juros. E juros mais altos nos EUA podem atrair investidores, fortalecendo o dólar e pressionando o câmbio e a inflação em vários países.
**O Imbróglio do IOF:**
No Brasil, a novela do IOF também causou bastante incerteza. O governo tentou aumentar o imposto em maio para cumprir a meta fiscal, mas a reação foi péssima. Em junho, o Congresso derrubou o decreto, aprofundando a crise. No início de agosto, o ministro Alexandre de Moraes, do STF, suspendeu os efeitos de todos os decretos sobre o IOF e marcou uma audiência de conciliação entre governo e Congresso. A audiência não deu em nada. No dia seguinte, Moraes decidiu manter parte do decreto que elevou o tributo, suspendendo apenas a parte que afeta as operações de risco sacado. Apesar de uma aparente vitória para o governo, a capacidade de cumprir a meta fiscal e a instabilidade política continuam preocupando os investidores.
**Como Escapar dos Riscos de Curto Prazo?**
Especialistas consultados pelo g1 dizem que a melhor estratégia para lidar com essa volatilidade é focar em investimentos de longo prazo. “O maior desafio é ajudar o cliente a se desligar dos ruídos de curto prazo, que podem prejudicar seu patrimônio”, afirma Carlos Machado, estrategista-chefe do Bradesco Global Private Bank. A ideia é analisar os eventos de curto prazo com calma, avaliando seus impactos a longo prazo. Machado usa o petróleo como exemplo: choques de preços ocorreram, como na invasão da Ucrânia, mas não foram permanentes. Para identificar eventos com impactos duradouros, é preciso se manter bem informado e acompanhar a economia, no Brasil e no exterior. Victor Natal, estrategista do Itaú BBA, completa: “Investir é longo prazo. O mais importante é preservar o capital, pois isso garante o poder de compra. O mercado financeiro não serve para multiplicar riqueza, mas para mantê-la”.
**Como Escolher Bons Investimentos?**
Para avaliar uma boa oportunidade, Victor Natal destaca dois fatores: microeconomia e macroeconomia. A microeconomia olha para o ativo e seu setor. Essa análise, comum em ações, também vale para debêntures, fundos imobiliários etc. “Para saber o rumo de uma ação, é preciso entender o rumo da empresa. As métricas operacionais e financeiras variam conforme o setor”, explica Natal. Fatores importantes são receita, crescimento de vendas, geração de caixa e endividamento. Já a macroeconomia considera o cenário econômico amplo, afetando todos os investimentos. “No macro, os principais indicadores são inflação, juros, PIB e câmbio. No cenário internacional, relações exteriores ganham peso. No Brasil, a política fiscal é essencial”, diz Natal. “O ideal é a convergência entre micro e macro. É aí que o analista identifica quais empresas são favorecidas ou prejudicadas pelo cenário”.
**O Que o Futuro Reserva?**
Especialistas destacam a importância de acompanhar o cenário global e as principais tendências. Na renda fixa, a alta da Selic criou um ambiente de juros atrativos, beneficiando ativos pós-fixados e pré-fixados. Na renda variável (ações e ETFs), os setores com maior potencial são os que lideram as transformações na economia global, segundo Cristiano Castro, diretor da BlackRock. Setores promissores incluem: Inteligência Artificial (IA), Energia, Semicondutores, Criptoativos e Biotecnologia.
Fonte da Matéria: g1.globo.com