A polêmica volta à tona: a morte de Jeffrey Epstein e a reação dos trumpistas.
O nome de Jeffrey Epstein, o financista americano envolvido em uma vasta rede de tráfico sexual de menores, voltou a repercutir nas redes sociais. Motivo? O Departamento de Justiça dos EUA divulgou um comunicado oficial: a morte dele foi suicídio, e não existe a tal “lista de clientes” que alimentava diversas teorias da conspiração. Ironicamente, esse comunicado, que desmente afirmações feitas pelo próprio ex-presidente Donald Trump durante a campanha eleitoral, causou um verdadeiro terremoto entre seus apoiadores, que se sentem traídos e questionam sua postura em relação ao caso. A situação, no mínimo, desconfortável.
**Quem era Jeffrey Epstein?**
Epstein, um ex-professor de matemática de escola de elite, construiu uma fortuna no mercado financeiro. Essa riqueza lhe abriu portas para um círculo social poderoso, incluindo figuras como Bill Clinton, Donald Trump, o Príncipe Andrew e diversas celebridades e empresários. Porém, por trás do glamour, havia um lado sombrio: a acusação de abuso e exploração sexual de dezenas de menores no início dos anos 2000. Preso em 2019, ele foi encontrado morto em sua cela um mês depois. A vida luxuosa ao lado de milionários de Wall Street e membros da realeza contrastava brutalmente com as acusações de crimes hediondos. Ele se declarou culpado de exploração sexual de menores em 2008, mas novos documentos revelam detalhes ainda mais chocantes.
**Como funcionava o esquema?**
A denúncia é pesada: entre 2002 e 2005, Epstein teria pago centenas de dólares a meninas para atos sexuais em suas propriedades. Além disso, ele teria usado essas menores para recrutar outras vítimas. As acusações envolvem abusos em sua ilha particular no Caribe e em suas mansões em Nova York, Flórida e Novo México. Segundo o governo americano, mais de 250 meninas foram vítimas da exploração sexual do bilionário. Uma verdadeira rede de horror.
**Investigação, Prisão e Morte**
A primeira investigação ocorreu em 2005, após denúncias em Palm Beach, Flórida. Na época, Epstein alegou consentimento e desconhecia a idade das vítimas. Em 2008, ele fechou um acordo judicial, cumprindo 13 meses de prisão e pagando indenizações. Mas, em 2019, um juiz considerou o acordo ilegal e ele foi preso novamente, enfrentando acusações criminais. Os promotores pediram sua prisão preventiva, temendo que sua riqueza e conexões internacionais facilitassem uma fuga. Em agosto de 2019, ele foi encontrado morto. A autópsia apontou suicídio. Dois dias antes, ele assinou seu testamento, deixando uma fortuna estimada em mais de US$ 577 milhões. Com sua morte, as acusações foram arquivadas, mas as investigações sobre possíveis cúmplices continuaram. As vítimas, por sua vez, deram início a ações judiciais.
**Nomes Revelados**
A divulgação de documentos judiciais em 2024 trouxe novas reviravoltas. Mais de 150 nomes foram mencionados, incluindo o de Bill Clinton e do Príncipe Andrew. Testemunhas relatam que Epstein teria mencionado a preferência de Clinton por jovens, e o ex-presidente, embora negue envolvimento nos crimes, admite ter viajado no jatinho particular do bilionário. O Príncipe Andrew também foi citado por uma vítima, que alega que ele teria tocado seu seio. Andrew negou as acusações, mas mesmo assim perdeu a maioria de seus títulos reais e fechou um acordo judicial com Virginia Giuffre, a principal acusadora de Epstein, em 2023. Os detalhes do acordo, no entanto, não foram divulgados.
**Documentos da Investigação**
Os documentos, cerca de 200 páginas, incluem registros de voos com o nome de Donald Trump em duas ocasiões em 1994, ao lado de Marla Maples e Tiffany Trump. Também há uma lista de evidências apreendidas, como câmeras, computadores, fotos e documentos. Apesar da aparição do nome de Trump nos registros, as investigações não encontraram qualquer prova de envolvimento dele nos crimes de Epstein. A amizade entre os dois era pública e conhecida das décadas de 1990 e 2000. A imprensa americana destacou que as informações divulgadas não continham grandes revelações.
**A Promessa de Trump e a Verdade**
A divulgação desses documentos era uma promessa de campanha de Trump. A Casa Branca também prometia a liberação de arquivos sobre os assassinatos de John F. Kennedy, Robert F. Kennedy e Martin Luther King Jr. A então procuradora-geral Pamela Bondi chegou a falar em uma “nova era” de transparência do FBI. Entretanto, a descoberta oficial de que a morte de Epstein foi um suicídio e a inexistência da “lista de clientes” contradizem as afirmações de Trump e sua equipe, gerando uma crise de credibilidade. A ironia é cruel.
Fonte da Matéria: g1.globo.com