Quem é Narges Mohammadi, ganhadora do Nobel da Paz de 2023
O Irã prendeu a ativista iraniana Narges Mohammadi, ganhadora do Prêmio Nobel da Paz de 2023, disseram seus apoiadores nesta sexta-feira (12).
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Mohammadi, de 45 anos, vem liderando a luta histórica das mulheres no Irã contra a opressão do atual regime. Ela já foi presa diversas vezes, e no total, foi condenada a 31 anos de prisão e 154 chibatadas.
A Fundação Narges Mohammadi afirmou que ela foi detida em Teerã durante uma cerimônia em memória de um advogado de direitos humanos recentemente encontrado morto em circunstâncias controversas.
Mohammadi, de 54 anos, recebeu o Nobel da Paz quando estava na prisão. Mas, em dezembro de 2024, recebeu uma liberdade temporária para tratar questões de saúde.
O governo iraniano ainda não havia confirmado a prisão até a última atualização desta reportagem.
Segundo seus apoiadores, Mohammadi foi “detida violentamente hoje cedo por forças de segurança e policiais”. Eles disseram que outros ativistas também foram presos.
“A Fundação Narges exige a libertação imediata e incondicional de todos os indivíduos detidos que participavam de uma cerimônia em memória de um advogado para prestar suas homenagens e demonstrar solidariedade”, dizia um comunicado. “Suas prisões constituem uma grave violação das liberdades fundamentais.”
Quem é Narges Mohammadi, ganhadora do prêmio Nobel de 2023 e presa novamente pelo Irã
A fundação vinha alertado havia meses que Mohammadi corria o risco de ser presa novamente após ter recebido uma licença temporária em dezembro de 2024 por motivos de saúde
Embora a libertação estivesse prevista para durar apenas três semanas, o tempo de Mohammadi fora da prisão se estendeu, possivelmente devido à pressão de ativistas e potências ocidentais sobre o Irã para mantê-la em liberdade. Ela permaneceu fora da prisão mesmo durante a guerra de 12 dias em junho entre o Irã e Israel.
Mohammadi continuou seu ativismo com protestos públicos e aparições na mídia internacional, chegando a participar de uma manifestação em frente à notória prisão de Evin, em Teerã, onde estava detida.
Mohammadi cumpria pena de 13 anos e nove meses por acusações de conspiração contra a segurança do Estado e propaganda contra o governo iraniano. Ela também apoiou os protestos em todo o país, desencadeados pela morte de Mahsa Amini em 2022, nos quais mulheres desafiaram abertamente o governo ao se recusarem a usar o hijab.
Segundo seus apoiadores, Mohammadi sofreu múltiplos ataques cardíacos enquanto estava presa, antes de ser submetida a uma cirurgia de emergência em 2022. Seu advogado revelou no final de 2024 que os médicos haviam encontrado uma lesão óssea que temiam ser cancerígena e que posteriormente foi removida.
“Os médicos de Mohammadi prescreveram recentemente uma prorrogação de sua licença médica por pelo menos mais seis meses para a realização de exames médicos completos e regulares, incluindo o monitoramento da lesão óssea removida de sua perna em novembro, sessões de fisioterapia para recuperação da cirurgia e cuidados cardíacos especializados”, afirmou a Coalizão Livre Narges no final de fevereiro de 2025.
“A equipe médica responsável pela saúde de Mohammadi alertou que seu retorno à prisão — especialmente sob as condições estressantes de detenção e sem instalações médicas adequadas — poderia agravar seriamente seu bem-estar físico.”
Engenheira de formação, Mohammadi já foi presa 13 vezes e condenada cinco. No total, ela foi sentenciada a mais de 30 anos de prisão. Sua última prisão começou em 2021, quando foi detida após participar de uma homenagem a uma pessoa morta em protestos em todo o país.
Fonte da Matéria: g1.globo.com