
Brasileira Juliana Marins está há mais de três dias presa em penhasco após queda durante trilha. O resgate enfrenta dificuldades por conta das condições climáticas do local. Parque Monte Rinjani
Reprodução/Tripadvisor
O Monte Rinjani, um dos destinos turísticos mais procurados da Indonésia, tem registrado uma preocupante sequência de acidentes fatais nos últimos anos. Entre 2022 e 2025, ao menos três turistas morreram após quedas em trilhas da região. (Veja detalhes de cada caso na reportagem).
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A brasileira Juliana Marins, de 26 anos, é a mais recente vítima de um acidente grave na região do vulcão. Ela caiu de um penhasco durante uma trilha no último sábado (21) e aguarda por resgate há mais de três dias.
Juliana foi localizada por drones operados por equipes de resgate do Parque Nacional do Monte Rinjani, mas as condições climáticas adversas e o terreno acidentado têm dificultado o acesso ao local.
A jovem, que nasceu em Niterói (RJ), fazia um mochilão pela Ásia e estava acompanhada por cinco turistas e um guia local quando começou a subir a trilha do vulcão. Ela se separou do grupo para descansar no segundo dia da trilha. Segundo a família, o guia seguiu sem ela, e Juliana acabou caindo em um desfiladeiro.
Amiga conta dificuldades enfrentadas para resgatar Juliana Marins
O Monte Rinjani, com 3.726 metros de altitude, é o segundo vulcão mais alto da Indonésia e uma das trilhas mais desafiadoras do país. O percurso pode durar de dois a quatro dias e inclui trechos íngremes, instabilidade climática e riscos elevados, especialmente em épocas de neblina.
Em 2016, cerca de 400 turistas precisaram ser retirados dessa mesma trilha com urgência por conta do processo erupção do vulcão Rinjani. Essa foi a última vez que o vulcão entrou em erupção.
Apesar dos perigos, o local continua atraindo milhares de turistas todos os anos. Relatos em plataformas como o Tripadvisor descrevem a trilha como “extenuante” e “muito difícil”. A falta de regulamentação rigorosa e a presença de trilhas não oficiais aumentam os riscos para visitantes menos experientes.
Vulcão Rinjani entra em erupção na Indonésia, na terça-feira (27)
Antara Foto/Santanu Bendesa via Reuters
Histórico de acidentes
Desde 2022, três turistas morreram em trilhas na região do Monte Rinjani. As vítimas foram um homem português, uma mulher suíça e um homem malaio.
Tentativa de foto termina em tragédia
Em 2022, Boaz Bar Anam, de 37 anos, nascido em Israel e de nacionalidade portuguesa, caiu de uma altura de 150 metros ao tentar tirar uma selfie na borda do cume, na rota de Sembalun. O corpo dele só foi resgatado após quatro dias de buscas em um terreno íngreme e clima instável.
O acidente com Boaz chamou mais atenção das autoridades por conta da falta de cuidado dele com a segurança.
Trilha não oficial
Em 1º de junho de 2024, a turista suíça Melanie Bohner morreu após cair durante uma escalada no Monte Anak Dara, em Sembalun. Embora não tenha ocorrido na trilha do Monte Rinjani, a escalada fica na mesma região.
Melanie foi encontrada morta no fundo de um barranco após percorrer uma rota não oficial e não recomendada pelas autoridades locais.
Melanie escalava sozinha a trilha não oficial, quando caiu em um barranco. Seu corpo foi encontrado horas depois por moradores locais.
Equipamento de segurança
O turista de 57 anos nascido na Malásia caiu de uma ravina de 80 metros na trilha de Torean, após se soltar de uma corda de segurança.
A queda ocorreu em meio a neblina densa, o que dificultou o resgate. Rennie recusou ajuda dos guias momentos antes do acidente.
Todos os três casos envolveram quedas em áreas de risco, muitas vezes sem o uso adequado de equipamentos de segurança ou em trilhas não recomendadas.
Resgate desafiador
Juliana Marins, natural de Niterói, publicitária e dançarina de pole dance, fazia um mochilão pela Ásia desde fevereiro, tendo visitado Filipinas, Vietnã e Tailândia antes de chegar à Indonésia. O acidente ocorreu quando ela fazia a trilha com um grupo de turistas e um guia local.
Mapa mostra onde Juliana caiu’
Reprodução/TV Globo
Segundo a irmã de Juliana, Mariana, a jovem ficou cansada durante o percurso e pediu para parar, sendo abandonada pelo guia por mais de uma hora antes de cair em um desfiladeiro.
O guia teria seguido viagem com o grupo até o cume, retornando apenas quando percebeu a demora de Juliana, que já havia caído. Juliana teria entrado em desespero antes da queda por não saber para onde ir.
Desde a queda, no sábado (21), os socorristas conseguiram localizar Juliana com um drone, a cerca de 500 metros penhasco abaixo, em posição imóvel.
Juliana Marins durante sua viagem para a Ásia
Reprodução
Inicialmente, o perfil oficial do Parque Nacional do Monte Rinjani informou que ela estava a 500 metros de profundidade, enquanto a família indicou que ela estaria a 600 metros desfiladeiro abaixo.
As operações de resgate têm sido severamente prejudicadas por terreno extremamente difícil e condições climáticas instáveis, com neblina densa reduzindo a visibilidade e aumentando os riscos.
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As buscas foram interrompidas diversas vezes e cordas de tamanho insuficientes também foram um obstáculo. Dois alpinistas experientes se juntaram à equipe de resgate, mas não havia confirmação se o resgate continuaria durante a noite.
A família de Juliana tem criticado duramente o resgate, classificando-o como “lento, sem planejamento, competência e estrutura”. Eles afirmam que Juliana está “sem socorro, sem água, sem comida e sem agasalhos”, e que turistas continuam a fazer trilhas normalmente.
Além disso, a irmã de Juliana desmentiu informações de que a jovem teria recebido suprimentos.
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O embaixador do Brasil na Indonésia admitiu ter divulgado informações incorretas com base em dados de autoridades locais, classificando-o como um “erro de comunicação inicial”.
O Ministério das Relações Exteriores do Brasil enviou funcionários para acompanhar o resgate e o ministro Mauro Vieira iniciou contatos de alto nível com o governo indonésio para pedir reforços.
Na segunda-feira (23), o pai de Juliana, Manoel Marins Filho, que tentava viajar para a Indonésia, teve seu voo afetado pelo fechamento do espaço aéreo do Catar devido ao conflito entre Irã e EUA na região.
Fonte da Máteria: g1.globo.com