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Milei busca socorro nos EUA para conter crise econômica na Argentina

A situação econômica argentina tá tensa, gente! O presidente Javier Milei, numa jogada pra lá de estratégica, recebeu um baita apoio econômico e político de Donald Trump após um encontro em Nova York. Olha só o que Trump disse, ao lado de Milei: “Ele tem feito um trabalho fantástico!”.

Mas será que era só elogio? Quando a imprensa questionou se os EUA iriam “resgatar” a Argentina, Trump respondeu com firmeza: “Não precisam de resgate. Nós vamos ajudá-los”. E essa ajuda, na real, veio na forma de um sinal claro de apoio financeiro, divulgado na segunda-feira (22/9) pelo secretário do Tesouro, Scott Bessent, no X (antigo Twitter), pouco antes da abertura da bolsa em Wall Street.

Bessent soltou a bomba: os EUA estão prontos a fazer “o que for necessário” para ajudar a Argentina. “Todas as opções estão sobre a mesa”, afirmou. A mensagem? Os EUA podem até conceder um empréstimo a Milei! As opções, segundo Bessent, incluem coisas como a linha de swap cambial, compra direta de dólares e compra de títulos públicos americanos pelo Fundo de Estabilização do Tesouro (ESF) – um fundo de emergência.

Se rolar essa ajuda, será algo fora do comum. A última vez que algo parecido aconteceu foi em 1994, quando o presidente Bill Clinton emprestou quase US$ 20 bilhões do ESF ao México durante a crise do “Efeito Tequila”. Paralelamente, o Banco Mundial, onde os EUA são os maiores acionistas, também turbinou o apoio a Milei, prometendo US$ 4 bilhões de um pacote total de US$ 12 bilhões nos próximos meses. Trump, inclusive, deu a Milei uma cópia da mensagem de apoio que postou nas redes sociais.

Mas como a Argentina chegou a esse ponto em tão pouco tempo? Afinal, a fase inicial do governo Milei foi marcada por aplausos dos investidores. Ele cortou gastos públicos, reduziu o déficit fiscal, tentou controlar a inflação, e até conseguiu um acordo de US$ 20 bilhões com o FMI. Parecia tudo lindo, né? Porém, a festa acabou.

A partir do meio do ano, as dúvidas começaram a surgir. As reservas do Banco Central estavam praticamente zeradas, o apoio político minguava e, nos últimos dias, a desconfiança tomou conta dos mercados. O Banco Central teve que tomar uma medida emergencial, gastando mais de US$ 1 bilhão de suas reservas minguadas para segurar o mercado de câmbio.

E o que levou a essa situação? Três fatores principais, segundo especialistas:

1. **Escassez de dólares:** Milei começou bem, segundo a economista Marina Dal Poggetto, da Eco Go Consultores. O Banco Central comprou dólares, reduziu o déficit fiscal, e os mercados confiavam. Mas o modelo começou a ruir quando os dólares acabaram. O país se comprometeu a pagar dívidas, mas não tinha dólares suficientes. A escassez gerou alta nos juros, prejudicando o crescimento. Julho foi crítico, e a derrota eleitoral em setembro na província de Buenos Aires piorou tudo. A tensão diminuiu com a ajuda americana e a suspensão temporária dos impostos sobre exportações agrícolas (retenções de grãos) até 31 de outubro – uma tentativa de injetar dólares no curto prazo.

2. **Contexto político:** O mercado esperava ajustes fiscais, acúmulo de dólares e vitórias eleitorais para o partido de Milei. Os ajustes aconteceram, mas as outras expectativas não se confirmaram. A derrota nas eleições legislativas em Buenos Aires – crucial para o governo – e um escândalo de corrupção envolvendo a irmã do presidente, Karina Milei, abalaram a confiança. Com minoria no Congresso, Milei viu seus projetos rejeitados e a popularidade cair, deixando os investidores apreensivos.

3. **Peso supervalorizado:** Economistas, como Mauricio Monge da Oxford Economics, concordam: o peso argentino está supervalorizado, entre 20% e 30% acima do normal. Essa supervalorização é uma das causas da turbulência. Para recuperar a confiança, o ideal seria uma desvalorização cambial, seja por uma liberalização total da taxa de câmbio (o que não é o mais indicado) ou ajustando os limites da flutuação do dólar. A Argentina precisa aumentar as exportações e reduzir as importações para gerar mais dólares.

Milei enfrenta eleições cruciais em outubro, quando metade do Congresso será renovada. Se não houver bons resultados, a situação pode piorar, mesmo com o apoio americano. Ainda não se sabe quanto os EUA vão emprestar, nem as condições. As próximas semanas serão decisivas.

Fonte da Matéria: g1.globo.com