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Milei acusa “operação de inteligência ilegal” após escândalo envolvendo sua irmã

O presidente argentino, Javier Milei, disparou acusações pesadas nesta segunda-feira (1º): ele classificou o escândalo que envolve sua irmã, Karina, como uma “operação de inteligência ilegal” com o objetivo de desestabilizar seu governo. A denúncia foi feita pelo próprio Milei na rede social X, outrora conhecida como Twitter.

A coisa toda começou com um post do porta-voz presidencial, Manuel Adorni. Ele anunciou que o governo federal entrou com uma ação na Justiça contra a divulgação de gravações que acusam Karina de envolvimento em um esquema de propina. “Olha só”, escreveu Milei, compartilhando a publicação. “O governo denunciou uma operação ilegal de inteligência, uma tentativa de desestabilizar o país em plena campanha eleitoral! Conversas privadas da Karina e outras autoridades foram gravadas, manipuladas e vazadas para influenciar o Executivo. Não foi um vazamento, gente, foi um ataque ilegal, planejado e direcionado!”, esbravejou o presidente.

**Entenda o furacão que atingiu o governo Milei**

A crise começou na semana passada, com o vazamento de áudios que acusam Karina Milei, secretária-geral da Presidência e braço direito do irmão, de corrupção. A bomba explodiu de novo na quarta-feira (27), com novos áudios revelando detalhes de um suposto esquema de propina.

As acusações partem de Diego Spagnuolo, ex-chefe da Agência Nacional para a Deficiência (Andis), demitido um dia após o estouro do escândalo. Segundo ele, Karina e Eduardo “Lule” Menem, subsecretário de gestão institucional, cobravam propina de empresas farmacêuticas para garantir contratos com o governo. “Estão roubando! Podem fingir que não sabem, mas não me coloquem nesse meio, tenho todos os áudios da Karina no WhatsApp!”, acusou Spagnuolo.

Na quarta (27), após dias de silêncio, Milei saiu em defesa da irmã, classificando as acusações de “mentirosas” em entrevista ao canal C5N. No dia anterior, ele havia feito sua primeira aparição pública desde o escândalo, ao lado de Karina, sorrindo para as câmeras. “Tudo que ele diz é mentira, vamos processá-lo e provar!”, afirmou Milei, com firmeza.

A polêmica, na real, é um pesadelo para Milei. A menos de duas semanas das eleições provinciais em Buenos Aires e a dois meses das legislativas, a crise ameaça sua governabilidade. Seus índices de aprovação, já em queda, despencaram com as suspeitas de corrupção em seu governo. Na quarta-feira (27), ele ainda sofreu um ataque durante uma carreata em Buenos Aires e precisou ser retirado às pressas.

**Os detalhes do caso:**

* **As acusações:** Spagnuolo afirma que existia uma rede de cobrança de propinas na Andis, com taxas de até 8% sobre o faturamento das farmacêuticas para garantir contratos – um negócio que renderia cerca de US$ 800 mil mensais (aproximadamente R$ 4,3 milhões). Karina Milei, segundo ele, embolsava a maior parte, entre 3% e 4%. Menem seria o principal operador do esquema, com apoio de empresários da Suizo Argentina. Novos áudios descrevem uma suposta “repartição” de contratos. Spagnuolo também ironizou Adorni, que em coletiva de imprensa exibiu uma radiografia de cachorro para falar sobre suposta fraude em pensões no governo Kirchner.

* **O início do escândalo:** O vazamento dos áudios na quarta-feira (20) desencadeou a crise. A Justiça argentina abriu investigação, realizando buscas na Andis e na Suizo Argentina. Spagnuolo foi demitido na quinta (21). A queixa foi apresentada por Gregorio Dalbón, advogado de Cristina Kirchner, no momento em que o Congresso derrubou o veto de Milei a uma lei sobre emergência para deficientes. Milei fala em “matriz de corrupção”. Novos áudios surgiram na quarta (27).

* **Os envolvidos:** Karina Milei, Eduardo “Lule” Menem, Diego Spagnuolo, os empresários Emmanuel e Jonathan Kovalivker (da Suizo Argentina – Emmanuel foi encontrado com US$ 266 mil em espécie, Jonathan está foragido) e Daniel Garbellini (diretor da Andis, afastado).

* **As investigações:** A Justiça realizou 16 buscas, apreendendo celulares, máquinas de contar dinheiro e US$ 266 mil (cerca de R$ 1,5 milhão). Spagnuolo é um dos cinco réus, acusado de suborno, corrupção, administração fraudulenta e violação à ética pública. O juiz Sebastián Casanello proibiu a saída dos investigados do país. A veracidade dos áudios ainda está sendo analisada.

* **A resposta do governo:** Após dias de silêncio, Milei defendeu a irmã. Na segunda (25), ele posou sorridente ao lado dela, criticando o Congresso e a imprensa. O chefe de gabinete, Guillermo Francos, sugeriu perseguição política. Martín Menem, deputado e primo de Lule, defendeu os acusados, chamando os áudios de “operação política”. Um porta-voz anunciou intervenção e auditoria na Andis após a demissão de Spagnuolo.

* **O impacto em Milei:** O escândalo causou queda acentuada na popularidade de Milei, que já vinha caindo. Ele sofreu um ataque durante uma carreata. O caso pode afetar seus aliados nas eleições e o Parlamento pode abrir uma CPI. Para a colunista Sandra Cohen, do g1, uma condenação de Karina prejudicaria Milei, tanto pela perda de seu braço direito quanto pelo arranhão em sua imagem anticorrupção.

Fonte da Matéria: g1.globo.com