José Alonso Rodriguez, um agricultor de Cariacica, na Grande Vitória (ES), trocou o açúcar pelo mel há mais de quatro décadas e transformou essa mudança de hábito em um negócio de sucesso. Tudo começou quando ele decidiu melhorar a saúde, adotando uma dieta vegetariana e eliminando o açúcar. “Ficava doente direto, sabe? Era complicado melhorar. Aí pensei: ‘Preciso mudar pra ser mais feliz!'”, lembra José. A solução? O mel. Só que achar um mel de verdade era um desafio. “Na feira, só encontrava mel falso! Era sempre uma enganação. Então, resolvi criar minhas próprias abelhas”, conta.
E assim começou a aventura. Hoje, mais de 40 anos depois, a produção de mel de José é um sucesso. Só em 2024, ele produziu mais de uma tonelada, um aumento de 18% em relação a 2023! Isso, segundo ele, graças ao apoio da Federação Capixaba das Associações de Apicultores, por meio da Associação de Apicultores de Viana. “Já faz mais de 10 anos que recebo incentivo, inclusive caixas de abelhas! Ganhei 20 colmeias e olha só, estão produzindo que é uma beleza! Todo mundo com um pedacinho de terra devia ter uma colmeia dessas, viu?”, afirma.
Sua propriedade, localizada a cerca de 12 quilômetros de Cariacica Sede, na região de Alto Roda d’Água, abriga 15 colmeias próprias e mais 200 em parceria com outras famílias de agricultores da região. As abelhas são da espécie *Apis mellifera* africanizada – um cruzamento entre abelhas europeias e africanas, altamente produtivas e resistentes a doenças. “A gente usa o fumigador pra deixá-las mais calmas. Elas se enchem de mel como reserva, caso haja incêndio na mata. A fumaça faz com que elas fiquem mais tranquilas e não ataquem”, explica José, mostrando seu conhecimento apurado sobre esses insetos.
Em cada colmeia, a rainha é a responsável por botar os ovos que darão origem às operárias, as responsáveis pela produção do mel. “É incrível, mas do mesmo ovo que nasce uma operária, também pode nascer uma nova rainha, se as abelhas alargarem os alvéolos e construírem uma realeira”, detalha o apicultor. E se a rainha morre? “Aí tem que pegar uma rainha de outra caixa e colocar na colmeia, senão a colônia toda morre”, completa. As próprias abelhas, com seu própolis, lacram as caixas, criando um ambiente seguro e perfeito para a produção do mel. “As abelhas vivem de 40 a 50 dias. A gente vê os filhotes com pólen, o chamado ‘pão das abelhas’, uma mistura de pólen e mel que elas produzem”, conta, mostrando detalhes fascinantes do processo.
Cada colmeia chega a produzir 25 quilos de mel por ano. O Espírito Santo conta com cerca de 250 apicultores organizados, segundo o Incaper (Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural). A apicultura, segundo José, é um negócio de baixo investimento e ainda ajuda a natureza. “Um pé de maçã sem polinização dá 100 maçãs. Com as abelhas, são de 900 a 1000! A polinização é essencial pra humanidade e pra agricultura!”, enfatiza.
Para comercializar seu mel, José investiu na profissionalização. Ele possui o Selo de Inspeção Municipal (SIM) de Cariacica e o Susaf (Sistema Unificado Estadual de Sanidade Agroindustrial Familiar de Pequeno Porte), o que permite que seus produtos sejam vendidos em todo o estado. “A gente faz vistorias periódicas, avalia a estrutura, os equipamentos, a vestimenta dos manipuladores, até o rótulo. E coletamos amostras para análises em laboratórios credenciados”, explica Ingrid Pulcheri, coordenadora do Serviço de Inspeção Municipal.
A matéria-prima é processada em sua agroindústria, no bairro Novo Brasil, e depois distribuída para feiras e supermercados. “Tudo que você se dedica, dá certo! Comecei com uma caixa só, depois duas, três… os amigos começaram a querer, e hoje atendo o município todo e até o estado!”, finaliza José, orgulhoso de sua trajetória.
Fonte da Matéria: g1.globo.com