A situação em Gaza se agravou brutalmente neste sábado (12). Ao menos 59 palestinos perderam suas vidas em meio a ataques aéreos israelenses e tiroteios durante a distribuição de ajuda humanitária. A violência, meu Deus, foi assustadora! Imagens fortes mostram um homem carregando o corpo do filho, vítima de um ataque aéreo, no Hospital Shifa, na Cidade de Gaza (foto AP/Jehad Alshrafi).
Segundo autoridades hospitalares palestinas e testemunhas, 31 palestinos foram mortos a tiros enquanto se dirigiam a um ponto de distribuição de ajuda próximo a Rafah, no sul da Faixa. Outros 28, incluindo quatro crianças inocentes, foram vítimas de bombardeios israelenses. Isso é de partir o coração!
Apesar de dois dias de negociações entre o presidente dos EUA, Donald Trump, e o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, não houve nenhum sinal de trégua. Trump chegou a afirmar estar próximo de um acordo entre Israel e o Hamas que poderia encerrar a guerra, mas, na real, tá longe disso.
O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) relatou que seu hospital de campanha recebeu um número recorde de mortos em mais de um ano de operação, a maioria com ferimentos de bala. Mais de 100 feridos foram atendidos. Uma tragédia sem tamanho!
Os ataques aéreos em Deir al-Balah, no centro de Gaza, vitimaram 13 pessoas, incluindo as quatro crianças, segundo o Hospital Mártires de Al-Aqsa. Em Khan Younis, ao sul, outras 15 pessoas foram mortas, de acordo com o Hospital Nasser. As Forças de Defesa de Israel (IDF) não se pronunciaram sobre os fatos até o fechamento desta edição. A noite de sábado foi marcada por intensos bombardeios na região de Beit Hanoun, no norte da Faixa.
Enquanto isso, em Israel, protestos por um cessar-fogo tomaram as ruas. “A arrogância foi o que trouxe esse desastre sobre nós”, lamentou o ex-refém Eli Sharabi, criticando os líderes israelenses. (foto AP/Jehad Alshrafi mostra palestinos carregando sacos de farinha distribuídos pelo Programa Mundial de Alimentos – PMA).
A guerra, que já dura 21 meses, deixou mais de 2 milhões de palestinos em Gaza dependentes de ajuda externa. Especialistas alertam para o risco de fome generalizada. Israel bloqueou e restringiu a entrada de ajuda após o fim do último cessar-fogo, em março.
A Cruz Vermelha ressaltou a “frequência e escala alarmantes” dos incidentes próximos a Rafah, afirmando que todos os feridos estavam tentando acessar pontos de distribuição de alimentos. O Exército de Israel alegou ter disparado tiros de advertência contra pessoas em atitude suspeita, negando qualquer conhecimento de vítimas. A Fundação Humanitária de Gaza (GHF), que opera o ponto de distribuição, também negou qualquer incidente próximo a seus locais de distribuição.
Testemunhas, como Abdullah al-Haddad, descreveram a cena: “Estávamos juntos e eles atiraram em nós de uma vez”, disse ele, ferido na perna. Mohammed Jamal al-Sahloo confirmou que os militares israelenses ordenaram que se aproximassem antes de abrir fogo. Sumaya al-Sha’er, devastada, contou que seu filho de 17 anos, Nasir, morreu ao tentar buscar farinha para ela. “Ele me disse: ‘Mãe, você está sem farinha e hoje eu vou buscar farinha para você. Mesmo que eu morra, vou trazer’”, relatou, com a voz embargada. “Mas ele nunca voltou para casa.”
Testemunhas, autoridades de saúde e a ONU afirmam que centenas de palestinos foram mortos por disparos israelenses enquanto buscavam ajuda em pontos de distribuição da GHF, localizados em áreas militares de acesso restrito à imprensa. O exército israelense admite disparar tiros de advertência contra palestinos que se aproximam de forma considerada suspeita. A GHF nega qualquer violência em seus pontos de distribuição, mas dois contratados relataram à Associated Press que colegas usaram munição real e bombas de efeito moral contra os palestinos, fato negado pela organização.
A ONU e grupos humanitários enfrentam dificuldades para distribuir ajuda devido a restrições militares israelenses e à insegurança generalizada, com saques generalizados. Nesta semana, após 130 dias, 150 mil litros de combustível chegaram a Gaza – uma quantidade pequena, segundo agências da ONU, para garantir a sobrevivência da população.
O ataque de 7 de outubro de 2023, liderado pelo Hamas, resultou em cerca de 1.200 mortos e 251 sequestrados em Israel. Ainda há cerca de 50 reféns, dos quais pelo menos 20 estariam vivos. A ofensiva de Israel já causou a morte de mais de 57.800 palestinos, segundo o Ministério da Saúde de Gaza (controlado pelo Hamas), sem distinção entre civis e combatentes. A ONU considera esses números a estimativa mais confiável de vítimas. (foto AP/Jehad Alshrafi mostra palestinos reagindo ao lado de uma irmã ferida).
Em outro ato de violência, o palestino-americano Seifeddin Musalat e seu amigo Mohammed al-Shalabi foram mortos na Cisjordânia. Musalat, segundo sua prima Diana Halum, foi espancado até a morte por colonos israelenses e os paramédicos foram impedidos de socorrê-lo. A família exige uma investigação do Departamento de Estado dos EUA. O departamento disse estar ciente do caso, mas não comentou. Uma testemunha anônima relatou que colonos israelenses invadiram terras palestinas e atacaram os palestinos com tiros, bastões e pedras. O Exército de Israel afirmou que palestinos haviam atirado pedras contra israelenses na sexta-feira, ferindo levemente duas pessoas.
Palestinos e organizações de direitos humanos acusam o exército israelense de ignorar a violência dos colonos, que aumentou desde o início da guerra em Gaza. A ONU afirma que 798 pessoas morreram enquanto buscavam comida em Gaza. A situação é crítica e exige uma solução urgente.
Fonte da Matéria: g1.globo.com