Em São Paulo, onde participou do velório do jornalista Mino Carta, nesta terça (2), Lula comentou sobre as tarifas impostas pelo ex-presidente americano Donald Trump a produtos brasileiros. Na real, ele espera que Trump perceba a necessidade de negociar. “Não tenho nenhum interesse em brigar com os EUA. A gente quer que essa amizade de 200 anos continue por mais 200, numa boa, democraticamente”, afirmou o presidente.
Lula foi direto: Trump não foi eleito “imperador do mundo”. Se rolar disposição pra conversa, “o Lulinha paz e amor tá de volta”, brincou. Ele acredita que, em algum momento, vai “cair a ficha” em Trump e ele vai entender que precisa negociar, não só com o Brasil, mas também com China, Índia e Venezuela.
A treta começou com uma carta de Trump impondo uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros. Na mensagem, ele chegou a dizer que Bolsonaro era vítima de uma “caça às bruxas” por conta do processo no Supremo Tribunal Federal (STF). Isso porque o ministro Alexandre de Moraes, relator do caso que acusa Bolsonaro de tentativa de golpe, virou alvo de críticas do governo Trump.
Aliás, antes disso tudo, houve uma articulação de aliados de Bolsonaro nos EUA, que resultou até em um inquérito no STF contra o deputado Eduardo Bolsonaro. Depois de toda essa pressão, Trump aumentou as tarifas, mas depois liberou quase 700 exceções. Aí, o Brasil foi pra cima, pedindo consultas à Organização Mundial do Comércio (OMC), alegando violação de acordos como o GATT e o DSU.
“Ele tem o direito de criar taxas, mas tem regra, né? A gente tem a OMC. Por isso, o Brasil já recorreu à OMC e à Seção 301. Vamos usar todos os mecanismos legais”, explicou Lula.
Ainda na terça, Lula comentou sobre o julgamento da trama golpista no STF, que começou pela manhã. Bolsonaro e sete ex-auxiliares ou aliados são réus. O presidente reforçou que todo mundo tem direito à defesa. Lembrou que, quando foi réu na Lava Jato, não teve essa oportunidade, como prevê a lei.
“Eu não tenho expectativa, sabe? Minha expectativa é que o tribunal julgue com base nos autos do processo. Ninguém tá julgando ninguém pessoalmente. Tem processo, provas, delações… e quem tá sendo acusado tem direito à presunção de inocência. Pode se defender como eu não pude. Eu não reclamei, não fiquei chorando, fui à luta”, disse Lula.
Ele deixou claro que defende a presunção de inocência para todos, até para seus adversários. “Se é inocente, que prove. Que mostre que não tem nada a ver com isso. O que eu quero é justiça, respeitando o direito à presunção de inocência. Desejo isso pra mim e pra qualquer inimigo meu, pra todo mundo saber a verdade”, finalizou.
Fonte da Matéria: g1.globo.com
