A revista britânica “The Economist”, em reportagem publicada em 29 de julho, analisa a trajetória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), apontando uma queda tanto em sua popularidade interna quanto em sua influência na arena internacional. A publicação argumenta que Lula tem adotado uma postura cada vez mais crítica em relação ao Ocidente, distanciando-se das posições defendidas pelos Estados Unidos e por outros países ocidentais, enquanto aproxima-se de nações como China e Irã.
Como exemplo, a reportagem cita a reação brasileira aos ataques norte-americanos a instalações nucleares iranianas. Enquanto os EUA, sob a presidência de Donald Trump, classificaram a ação como defensiva, justificando-a pela necessidade de impedir o desenvolvimento de armas nucleares iranianas e proteger seus aliados, e países europeus, embora com certa cautela, defenderam o direito de Israel à autodefesa, o Brasil, por meio do Ministério das Relações Exteriores, emitiu nota condenando veementemente os ataques, alegando violação da soberania iraniana e do direito internacional e expressando preocupação com a escalada militar na região. Essa postura, segundo a “The Economist”, colocou o Brasil em rota de colisão com as demais democracias ocidentais, que ou apoiaram os ataques ou manifestaram apenas preocupação.
A revista prevê que esse distanciamento tenderá a se acentuar com a aproximação entre Brasil e Irã, prevista para se intensificar durante a Cúpula dos Brics, realizada em agosto no Rio de Janeiro. Com o Brasil na presidência do grupo e a recente inclusão do Irã (em 2024) entre os países-membros, a parceria entre ambos os países deve se fortalecer. Matias Spektor, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), é citado pela reportagem, alertando que, à medida que a China utiliza os Brics para promover sua política externa e a Rússia busca legitimidade para sua guerra na Ucrânia por meio do grupo, torna-se mais difícil para o Brasil sustentar sua posição de não alinhamento.
A “The Economist” destaca ainda a estratégia da diplomacia brasileira de priorizar temas menos polêmicos na Cúpula dos Brics, buscando evitar atritos, especialmente em assuntos como a adoção de uma moeda alternativa ao dólar nas negociações entre os países-membros, uma ideia rechaçada por Trump. A revista caracteriza a política externa de Lula como cada vez mais incoerente, ressaltando a ausência de esforços para estreitar os laços com os EUA desde a chegada de Trump à presidência. A reportagem menciona a falta de encontros pessoais entre Lula e Trump, tornando o Brasil a maior economia cujo líder não se reuniu com o presidente norte-americano. Em contraponto, Lula tem se dedicado a expandir as relações comerciais com a China, especialmente após a imposição de tarifas recíprocas anunciadas por Trump.
A publicação critica ainda a tentativa infrutífera de mediação de Lula no conflito entre Rússia e Ucrânia, a falta de posicionamento sobre a crise no Haiti e a ausência de pragmatismo político nas relações com a Argentina, onde as divergências ideológicas com o presidente Javier Milei dificultam o diálogo. A “The Economist” associa a fraqueza da posição internacional de Lula à queda de sua popularidade no Brasil, apontando uma guinada política para a direita e a persistência da associação do PT à corrupção. Os índices de aprovação de Lula teriam atingido o menor nível de seus três mandatos, com tendência de queda ainda mais acentuada após a derrota do governo na tentativa de aprovação de um decreto que aumentaria o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).
A reportagem também menciona a afinidade ideológica entre o movimento “Make America Great Again”, liderado por Trump, e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que, segundo a revista, deverá ser preso em breve por suposta conspiração para golpe de Estado após a derrota eleitoral de 2022. A “The Economist” ressalta que a união da direita em torno de um sucessor de Bolsonaro antes das eleições de 2026 poderia resultar em vitória presidencial para a oposição.
Por fim, a revista observa que, apesar dos posicionamentos de Lula, Trump raramente menciona o Brasil ou o presidente brasileiro, o que pode estar relacionado ao déficit comercial brasileiro com os EUA (maior volume de importações do que exportações). A “The Economist” conclui que o Brasil, por sua distância geográfica e relativa inércia geopolítica, não ocupa um papel central em questões como a guerra na Ucrânia ou no Oriente Médio, sugerindo que Lula deveria abandonar a pretensão de influência global e focar em questões de maior relevância para o país.
Fonte da Matéria: g1.globo.com
A revista critica a postura cada vez mais crítica de Lula em relação ao Ocidente, com aproximação de países como China e Irã, e distanciamento dos EUA e de outros países ocidentais.
O Brasil, por meio do Ministério das Relações Exteriores, condenou veementemente os ataques, alegando violação da soberania iraniana e do direito internacional.
A revista prevê um fortalecimento da parceria entre Brasil e Irã, intensificado pela Cúpula dos Brics, considerando a presidência brasileira do grupo e a inclusão do Irã como membro.
A revista caracteriza a política externa de Lula como cada vez mais incoerente, destacando a ausência de esforços para estreitar os laços com os EUA e a priorização de temas menos polêmicos na Cúpula dos Brics para evitar atritos.
A "The Economist" argumenta que a utilização dos BRICS pela China para promover sua política externa e pela Rússia para buscar legitimidade para sua guerra na Ucrânia dificulta para o Brasil manter sua posição de não alinhamento.