Olha só, Liam Neeson, com um Oscar na mira, tá no elenco de “Corra que a polícia vem aí!”, e, na real, a escolha foi perfeita! O quarto filme da franquia, que estreia quinta-feira (14), é uma mistura de continuação e reinício, mais de 20 anos depois do último, com Leslie Nielsen (1926-2010). Acho incrível como o passado dramático de Neeson o credencia para o papel. Sabe, o humor impassível, aquele que faz o ator se comportar de forma absurda com a maior cara de paisagem, é a chave do sucesso da série.
Aos 73 anos, o irlandês, famoso por “A lista de Schindler” (1993) e que se reinventou como astro de ação em “Busca Implacável” (2008), demonstra uma habilidade surpreendente na comédia. Ele se sai muito bem, e isso se deve, claro, ao ótimo roteiro de Dan Gregor e Dan Mand (“How I Met Your Mother”) e à direção de Akiva Schaffer (Lonely Island, de “Popstar: Sem parar, sem limites”).
As piadas estão atualizadas, conquistando o público mais jovem, sem perder a essência politicamente incorreta que sempre marcou a série. Mas, tipo assim, o filme tem um pequeno problema: o ritmo às vezes fica meio descompassado e a dublagem brasileira… deixa a desejar. Puxa vida, a distribuidora só liberou a versão dublada para a crítica! Uma decisão estranha, principalmente para um filme que depende muito do tempo cômico. Se você for assistir, vá de legendado, a experiência vai ser bem melhor. A tradução ruim atrapalha demais as piadas mais bizarras.
Neeson interpreta Frank Drebin Jr., filho do detetive vivido por Nielsen. Como astro do fictício Esquadrão de Polícia de Los Angeles, ele se junta a uma escritora (Pamela Anderson) para investigar um assassinato e impedir os planos de um bilionário da tecnologia. A trama, aliás, lembra bastante “Kingsman: O Serviço Secreto” (2014), uma coincidência quase cômica que, infelizmente, não é explorada. A história serve apenas como base para a sequência quase ininterrupta de piadas, muitas delas acontecendo simultaneamente. É legal prestar atenção nos detalhes, tem sempre algo hilário acontecendo no fundo do cenário.
Neeson e Anderson, que supostamente estão em um relacionamento, têm uma ótima química na tela e demonstram não se levarem muito a sério. Pamela, a eterna “SOS Malibu”, não brilha tanto quanto em “A Última Showgirl” (2024), mas o papel de interesse romântico não exige grande performance. Priscilla Presley, que interpreta a mãe do personagem de Neeson, aparece por uns dois segundos no filme. Rapidinho!
Em um momento de crise na comédia em Hollywood, muitos dizem que o sucesso de “Corra que a polícia vem aí!” pode definir o futuro do gênero. Se for verdade, a comédia ainda tem muito a nos oferecer. Tomara!
Fonte da Matéria: g1.globo.com