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Juçara: o açaí capixaba que salva a Mata Atlântica

Você conhece a juçara? Essa palmeira da Mata Atlântica, além de fornecer um palmito delicioso, guarda um segredo: seu fruto lembra muito o açaí paraense! E olha só que incrível: Rio Novo do Sul, no sul do Espírito Santo, é a “capital capixaba” da juçara, concentrando a maior produção estadual da *Euterpe edulis*.

De abril a agosto, a colheita tá bombando! Segundo o Incaper (Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural), cerca de 200 produtores colhem aproximadamente 200 toneladas de juçara por mês. A expectativa para este ano? Um crescimento de 20%! Impressionante, né? 😉

Mas a história da juçara não é só sucesso. A extração desenfreada do palmito quase levou a espécie à extinção. Porém, a situação mudou! Hoje, o cultivo da juçara representa uma alternativa sustentável e lucrativa, principalmente para agricultores familiares. Iniciativas como a Rede Juçara-ES, coordenada pelo Incaper, impulsionam esse crescimento no mercado.

Em Rio Novo do Sul, a história da juçara é também uma história de família. Pedro Bortolotti, por exemplo, cultiva a planta há mais de 30 anos, seguindo os passos do pai. “Meu pai ia colher palmito na Semana Santa, pro sustento da família. Ia lá na mata, sabe? Até que um dia percebeu que não era mais viável e decidiu plantar perto de casa”, contou Pedro. As mudas foram plantadas e, com o tempo, as plantas começaram a produzir frutos, atraindo pássaros que, sem querer, ajudaram a espalhar as sementes. Genial, não?

A ideia de usar os frutos, além do palmito, surgiu de um estagiário! “Ele perguntou por que a gente não usava a fruta pra suco. A gente nunca tinha pensado nisso!”, lembra Pedro. E foi assim que a família descobriu o sabor incrível, parecido com o açaí, que ajudou a popularizar o produto. No começo, eles vendiam como açaí na BR-101, e os caminhoneiros adoravam! “Muitos diziam que era o ‘verdadeiro açaí'”, conta Pedro, orgulhoso.

Mas a inovação não para por aí! A cadeia produtiva da juçara é completa. Justino Marcos Marquezine, extensionista do Incaper, explica: as sementes secas viram material para ninhos de aves; os resíduos se transformam em substrato para novas mudas; o material moído vira ração para animais; e a semente torrada pode ser usada em infusões nutritivas. Marquezine destaca: “A cadeia da juçara é uma das três que mais geram renda no campo no ES, junto com o café e a banana, e tudo isso com respeito ao meio ambiente!”.

Drielem Perim Zambe Menegardo, outra produtora, foi além: criou um sorvete de juçara! Começou fazendo dois litros por dia em casa e, com um investimento de R$ 23 mil numa máquina, hoje produz cerca de 400 litros diariamente! “Em três meses, vendemos tudo na feira, pagamos a máquina e percebemos que o mercado queria esse sabor. A juçara tem um sabor marcante, natural e muito saborosa”, comemora Drielem. Ela sonha em expandir o negócio para fora do estado.

A juçara é uma espécie-chave da Mata Atlântica, fundamental para a biodiversidade. Seus frutos alimentam tucanos, cutias, antas, e diversos outros animais, que também ajudam a espalhar as sementes. O cultivo em sistemas agroflorestais ainda ajuda a conservar o solo e a água.

Apesar de todo o sucesso, a juçara ainda está na lista de espécies ameaçadas. Fabiana Gomes Ruas, coordenadora do Incaper, explica: “Como a planta tem só um estipe, tirar o palmito mata a árvore. No passado, ninguém replantava, o que causou uma redução drástica da espécie”. O foco agora é preservar e replantar, mostrando que é possível lucrar com os frutos sem prejudicar a árvore. “Quando o agricultor vê o potencial da juçara, ele se torna um parceiro na conservação”, finaliza Fabiana. Afinal, a juçara é muito mais que um fruto: é uma história de preservação e sucesso!

Fonte da Matéria: g1.globo.com