Olha só que situação bizarra aconteceu na Califórnia! Caçadores encontraram javalis com uma fluorescência azul neon na carne e na gordura – inacreditável! A descoberta, inicialmente vista como algo inusitado, revelou um problema ambiental bem sério.
Em março, Dan Burton, especialista em controle de fauna selvagem, se deparou com o fenômeno perto de Salinas, no condado de Monterey. “Não era um azulzinho fraquinho, não! Era um azul neon, tipo azul mirtilo!”, contou ele ao Los Angeles Times. “Uma loucura, gente!” Ele estava examinando javalis capturados durante seu trabalho rotineiro quando percebeu a coloração anormal, tanto nos músculos quanto na gordura. Imediatamente, ele avisou o Departamento de Pesca e Vida Selvagem da Califórnia (CDFW).
E aí, descobriram o que causou essa estranheza toda: difacinona, um rodenticida anticoagulante. Essa substância é usada na agricultura para controlar roedores e, para facilitar a identificação e evitar acidentes com humanos, ela é colorida com um azul bem vibrante. Só que os animais selvagens, claro, não ligam para essa “sinalização” humana.
Apesar de não ser a primeira vez que esse tipo de contaminação aparece, esse caso chamou atenção pela cor chamativa e pelo risco à saúde humana. A difacinona permanece ativa nos tecidos dos animais mesmo depois de cozidos, podendo afetar predadores – incluindo nós, humanos – que os consumam. Testes de laboratório mostraram que os javalis ficaram expostos ao veneno por um bom tempo. As doses usadas nas armadilhas são letais para ratos e camundongos, mas não causam danos imediatos aos javalis, que pesam entre 45 e 90 quilos.
A difacinona age como anticoagulante, causando hemorragias internas graves. Ela interfere nas enzimas que reciclam a vitamina K, afetando a coagulação sanguínea. A morte não é instantânea; leva dias, deixando o animal mais vulnerável a predadores. Isso amplifica o impacto na cadeia alimentar, sabe?
Já em 2018, um estudo do CDFW havia encontrado vestígios do rodenticida em 8,3% dos javalis analisados na Califórnia e em impressionantes 83% das amostras de ursos, principalmente em áreas onde havia controle de ratos. Os javalis, que são híbridos de javalis selvagens e porcos domésticos, comem praticamente tudo, incluindo iscas envenenadas ou roedores moribundos, espalhando o veneno sem querer.
O uso de difacinona na Califórnia é restrito desde 2024, permitido apenas para técnicos certificados. Mas o veneno continua aparecendo na fauna. Para as autoridades, a mensagem é clara: javali azul? Sinal de alerta! Mas, mesmo sem a coloração visível, outros animais podem estar contaminados.
O CDFW pediu aos caçadores que redobrem a atenção ao coletar carne na região e que notifiquem qualquer anomalia ao Laboratório de Saúde da Vida Selvagem. Recomendam também que os agricultores adotem métodos de controle de pragas mais integrados, como cercas, armadilhas e predadores naturais, evitando ao máximo o uso de químicos.
Ryan Bourbour, coordenador de pesquisas sobre pesticidas do CDFW, alerta: “Caçadores precisam ficar ligados: carne de animais como javalis, veados, ursos e gansos pode estar contaminada se esses animais foram expostos a rodenticidas. A exposição a rodenticidas é um problema para a fauna em áreas onde esses produtos são usados perto do habitat dos animais”.
O que aconteceu na Califórnia mostra as consequências imprevisíveis dos produtos químicos na agricultura, principalmente quando aparecem em lugares inesperados. É algo para refletirmos, né?
Fonte da Matéria: g1.globo.com