** Com a saída inesperada de Shigeru Ishiba do cargo de primeiro-ministro neste domingo (7), o Japão se prepara para um processo sucessório complexo. A quarta maior economia do mundo tá de olho em quem vai assumir o comando! A situação é ainda mais tensa porque a coalizão liderada pelo Partido Liberal Democrata (PLD) – no poder quase sem interrupção desde 1955 – perdeu a maioria nas duas casas do Parlamento. Olha só a encrenca!
Ishiba, aliás, foi o décimo líder do PLD a ocupar a cadeira de primeiro-ministro desde o ano 2000. A renúncia dele é um baque e tanto para o partido. Ele mesmo convocou eleições antecipadas para outubro de 2024, na esperança de fortalecer seu governo. Resultado? O PLD sofreu a pior derrota em 15 anos, perdendo a maioria tanto na Câmara Baixa quanto, depois, na Câmara Alta em julho deste ano – o que só aumentou os rumores sobre sua saída.
Mas como funciona essa sucessão toda? Vamos lá:
**Etapa 1: A disputa interna no PLD**
Primeiro, o PLD precisa escolher um novo líder. A data da eleição interna ainda não foi definida. Na última eleição, em setembro de 2024, os candidatos precisavam de pelo menos 20 indicações de parlamentares para entrar na disputa. Depois, é uma maratona de debates e campanhas pelo país. No fim, os parlamentares e outros membros do partido votam. Na última vez, foram nove candidatos, com Ishiba vencendo no segundo turno.
A primeira rodada é um voto por parlamentar, com o mesmo número de votos distribuídos entre os membros do partido. Quem ganha a maioria simples, vence. Se não houver vencedor, rola um segundo turno entre os dois mais votados. Nesse segundo turno, cada parlamentar continua com um voto, mas a parcela dos membros do partido diminui para 47 votos – um para cada prefeitura (equivalente a um estado brasileiro). E se der empate? Sorteio! Que loucura, né?
**Etapa 2: A votação no Parlamento**
Agora, a coisa complica. Como o PLD não manda mais sozinho no Parlamento, não tem garantia de que o novo presidente do partido vai virar primeiro-ministro. O Parlamento japonês é dividido em:
* **Câmara Baixa:** 465 membros, mandato de quatro anos.
* **Câmara Alta:** 248 membros, mandato de seis anos, com renovação de metade das cadeiras a cada três anos.
A Câmara Baixa vota primeiro. Qualquer deputado pode indicar um candidato, e historicamente, líderes da oposição também concorrem. Maioria simples na primeira rodada decide; se não, segundo turno entre os dois mais votados. Depois, a Câmara Alta vota, mas só deputados da Câmara Baixa podem ser primeiro-ministros. Em caso de divergência, a Câmara Baixa prevalece – foi assim em 2008. O novo primeiro-ministro pode, então, convocar eleições gerais antecipadas para se firmar no poder. Ishiba fez isso em 2024, mas a aposta não deu certo…
**Os Principais Candidatos**
Quem são os nomes que estão na disputa? A gente separou alguns dos mais cotados:
* **Sanae Takaichi (PLD):** Com 64 anos, poderia ser a primeira primeira-ministra do Japão. Tem posições conservadoras, como revisar a Constituição pacifista pós-guerra, e é criticada por visitar o santuário Yasukuni. Ela também se opõe às altas taxas de juros do Banco do Japão e defende mais gastos públicos para a economia.
* **Shinjiro Koizumi (PLD):** Aos 44 anos, herdeiro de uma dinastia política, seria o primeiro-ministro mais jovem da era moderna. Se apresentou como um reformista. Como ministro do Meio Ambiente, defendeu a eliminação de reatores nucleares, numa frase que virou notícia: a política climática precisa ser “cool e sexy”. Suas posições econômicas são menos claras.
* **Yoshimasa Hayashi (PLD):** Com 64 anos, é o atual secretário-chefe do gabinete. Já ocupou os ministérios da Defesa, Relações Exteriores e Agricultura. Fluente em inglês, com passagem pela Harvard Kennedy School, defende a independência do Banco do Japão.
* **Yoshihiko Noda (Partido Democrático Constitucional do Japão – PDC):** Ex-primeiro-ministro (2011-2012), de 68 anos, lidera a principal oposição. Conhecido por sua postura fiscal rígida, defende corte temporário de impostos sobre alimentos e o fim gradual dos estímulos do Banco do Japão.
* **Yuichiro Tamaki (Partido Democrático para o Povo – DPP):** Líder de um partido de centro-direita em ascensão. Ex-burocrata do Ministério das Finanças, defende aumento da renda líquida com isenções fiscais e redução de impostos. Quer fortalecer a defesa e construir novas usinas nucleares. Defende cautela do Banco do Japão na retirada de estímulos.
Em resumo: o Japão está em um momento crucial. A sucessão de Ishiba promete ser tensa e cheia de reviravoltas. A gente fica de olho para trazer mais informações! (Com informações da Reuters e da AFP).
Fonte da Matéria: g1.globo.com