** J Balvin, que se apresenta no The Town dia 14 de setembro, vai tocar pra uma galera bem maior do que na sua última visita ao Brasil, em 2022. Na época, ele mesmo confessou que ainda estava tentando conquistar o público brasileiro. “Agora que peguei a vibe de vocês, tá muito mais divertido!”, declarou o colombiano em entrevista por videochamada ao g1. E olha só, ele até cogita chamar Pedro Sampaio pro palco pra juntos cantarem “Perversa”, hit da dupla.
O astro de “La Canción” e “Mi Gente” retorna ao país três meses após o lançamento de “Mixteip”, álbum que mistura reggaeton, rap, salsa e até um toque de funk brasileiro. Falando sobre sua paixão por exaltar a América Latina, J Balvin afirma não se incomodar com o rótulo de “artista latino”, mesmo que soe um pouco genérico.
Sobre os boicotes ao Grammy Latino, em 2019 e 2021, ele garante: “Não tenho nada contra o Grammy, muito menos hoje em dia”. Em 2019, ele participou do protesto #SinReggaetónNoHayLatinGrammy, junto com outros artistas que reclamavam da falta de reconhecimento do reggaeton na premiação. Dois anos depois, mesmo indicado, ele boicotou o evento, declarando: “Não nos valorizam, mas precisam de nós. Os artistas mais influentes do gênero não deveriam ir”.
Hoje, porém, J Balvin se diz bem mais tranquilo e elogiou a nova direção do Grammy Latino. A entrevista completa está logo abaixo.
**g1:** Em julho, você lançou “Mixteip”, dizendo que as faixas estavam guardadas no seu iPod. Como foi esse processo? Há quanto tempo elas estavam lá?
**J Balvin:** É uma coleção de músicas que eu adoro, uma mixtape, sabe? As mais antigas são a salsa “Misterio”, com Gilberto Santa Rosa, e “Uuu”, um funk bem bacana. As outras foram compostas há um ano ou seis meses, mais ou menos.
**g1:** O disco tem a faixa conceitual “Dónde Está José”, quase um interlúdio. A letra fala da busca por alguém chamado José – seu nome verdadeiro. Afinal, onde está o José do “Mixteip”? E onde estava o José de “La Familia”, seu primeiro álbum?
**J Balvin:** Na época do primeiro álbum, eu tava numa fase de incerteza, mas com muita fé. Queria conquistar o mundo, sem saber direito como, mas com uma missão clara. O José de hoje é bem mais maduro, apesar de não ser o “mais maduro do mundo”. Ser pai e passar por algumas coisas – alguns “golpes da vida” – me ajudou a curtir mais e me estressar menos.
O José de hoje tá numa posição privilegiada, como um artista que alcançou um sucesso gigante. Superei muitas das minhas expectativas. Mas se você me fizer essa pergunta daqui a cinco anos, se Deus quiser, eu vou te contar como conquistei a Índia, a China, o Japão, a Ásia toda…
**g1:** Essa será sua terceira vez no Brasil. Em 2022, você se apresentou para cerca de 3.000 pessoas. Na época, você disse que estava animado pra conquistar os fãs brasileiros. Agora, você volta num megafestival que, na última edição, reuniu 100.000 pessoas por dia. Isso muda a interação com o público?
**J Balvin:** Não, não sei. Simplesmente tem mais gente, mas é a mesma coisa, são brasileiros. Como agora eu já peguei a energia de vocês, é bem mais legal – sejam 3.000 ou 80.000.
**g1:** O que podemos esperar do seu show no The Town?
**J Balvin:** Se não me engano, o Brasil já recebeu a maioria dos grandes artistas do mundo. Pra mim, é uma honra participar desse festival. Sei que vamos sair de lá super vitoriosos, tenho certeza. Vou levar muita emoção pra cantar.
**g1:** Você tem feats com alguns cantores brasileiros. Este ano, lançou “Perversa” com Pedro Sampaio, que também estará no The Town. Vocês vão tocar juntos?
**J Balvin:** Seria incrível! Tenho que ver se a agenda dele bate com a minha (dia 12 de setembro). Mas com certeza, seria muito maneiro.
**g1:** Os shows da sua turnê “Back to the Rail” têm uma estética visual bem imersiva, com vários monolitos de LED. Como essa estrutura conversa com a sua música hoje?
**J Balvin:** Eu amo a parte visual e minimalista de um show. Gosto de cenários limpos, sem muita coisa. Então, pra mim, essa foi uma turnê visualmente espetacular em design e tecnologia. Preciso levar um pouco dessa energia pro The Town.
**g1:** Desde o final da década passada, vários artistas latinos estouraram globalmente. Graças a cantores como você e Anitta, o pop está menos hegemônico. Mas ainda existe uma visão estereotipada, como se não houvesse diferenças entre gêneros ou artistas latinos. O que você acha?
**J Balvin:** Não sei, são só músicas com vontade de fazer o mundo dançar. Quando se trata de produzir e levar nossa música pro mundo, não tem nada complicado, nenhuma fórmula mágica. É querer fazer o mundo dançar, curtir, se divertir e se conectar.
**g1:** Raramente um cantor inglês é chamado de “cantor europeu”. Mas quando falamos de artistas latinos, africanos ou asiáticos, o tratamento é mais genérico. Como você vê isso? Fora da Colômbia, você é visto como “cantor latino” ou “cantor colombiano”? Como você gostaria de ser reconhecido?
**J Balvin:** Eu tenho muito orgulho de ser da Colômbia, de Medellín. Mas somos uma cultura e raça completas, somos latinos. Então, prefiro que me chamem de “artista latino”, sabe? Porque quando penso só na Colômbia… Obviamente, é o país que amamos, mas eu quero que o mexicano se identifique comigo, o brasileiro, todas as culturas latinas se identifiquem com a nossa missão de conquistar o mundo – como latinos e como raça.
**g1:** Em 2019, você e outros artistas criticaram a ausência do reggaeton no Grammy Latino. Em 2021, você foi indicado, mas propôs outro boicote, mais sutil. Três anos depois, como você vê o Grammy Latino? A premiação está valorizando a pluralidade musical? E o reggaeton?
**J Balvin:** Na real, já faz anos que não assisto ao Grammy na TV. Mas, obviamente, acho que toda vez que alguém se manifesta e fala o que pensa…
Agora tem um novo presidente no Grammy que eu admiro muito [Manuel Abud]. Ele é latino-americano e entende bem o que acontece com a música latina. Como latino, ele tem uma visão nova [sobre a premiação]. Gosto disso.
Não, eu não tenho nada contra o Grammy, muito menos hoje em dia. Acho que vivo a vida bem mais tranquilo. Tenho cinco Grammys, e isso me deixa mais que feliz. Se eu ganhar mais, será uma bênção.
Sei o peso de um Grammy para um artista novo. Sempre sonhei em ter um. Então, entendo o fato de eu ter Grammys e dizer: “Ok, já estou bem”. Compreendo o peso disso para qualquer um.
É como o Oscar para os atores, né? Ter esse símbolo de prestígio… Então, é ótimo. Que isso continue. Que novos artistas tenham a chance de ganhar [o Grammy] e fazer a música deles. Que não façam música só pelos Grammys, mas do coração, porque quando você é genuíno, sua hora chega.
Fonte da Matéria: g1.globo.com