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Inflação Argentina: 1,9% em Agosto, Queda para 33,6% em 12 Meses, mas Crise Política Assombra Milei

A inflação na Argentina deu uma leve trégua em agosto, fechando em 1,9%, segundo o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) divulgado pelo Instituto Nacional de Estatísticas e Censos (Indec) na quarta-feira, dia 10. Isso ficou um pouquinho abaixo do que os especialistas previam (2%), e igual ao índice de julho. Em 12 meses, a inflação acumulada caiu para 33,6%, uma boa notícia depois dos 36,6% de julho. Ufa!

Mas calma, a festa não tá completa. O setor de transporte liderou as altas em agosto, com um aumento de 3,6%. Bebidas alcoólicas e tabaco (3,5%), restaurantes e hotéis (3,4%), habitação, água, luz, gás e combustíveis (2,7%) e educação (2,5%) também pesaram no bolso dos argentinos.

Os números do Indec mostram um progresso na inflação no primeiro ano do governo do presidente ultraliberal Javier Milei. A taxa mensal, porém, estagnada entre 2% e 3% em 2025, recentemente caiu para menos de 2%. Ainda assim, o país enfrenta uma situação econômica bem delicada.

Desde que assumiu em dezembro de 2023, Milei adotou medidas austeras: cortou obras federais, interrompeu repasses para os estados e acabou com subsídios em serviços essenciais como água, gás, luz e transporte. Resultado? Aumento de preços e um impacto brutal na população.

A pobreza, aliás, disparou no primeiro semestre de 2024, atingindo 52,9% da população. No segundo semestre, caiu para 38,1% (11,3 milhões de pessoas), mas a insatisfação popular continua gerando protestos por todo o país. Apesar disso, Milei conseguiu registrar superávits e recuperar a confiança de alguns investidores.

Mas, olha só o que aconteceu: uma crise política gigante abalou o governo. Tudo começou com um escândalo de corrupção envolvendo Karina Milei, irmã e secretária-geral da Presidência. Um áudio vazado, com denúncias de propina feitas por Diego Spagnuolo, ex-chefe da Agência Nacional de Discapacidade (Andis), contra Karina e Eduardo “Lule” Menem, subsecretário de Gestão Institucional, acusando-os de receber propina de empresas farmacêuticas, causou um terremoto. “Estão roubando”, escreveu Spagnuolo em uma mensagem, “tenho todos os ‘WhatsApp’ de Karina”. A justiça investiga o caso.

Essa crise culminou numa derrota pesada para Milei nas eleições provinciais de Buenos Aires (7 de setembro), a província mais importante da Argentina, que representa quase 40% do eleitorado. O mercado reagiu imediatamente: títulos públicos, ações e o peso argentino desabaram na segunda-feira seguinte. O peso argentino atingiu seu menor valor histórico, cotado a 1.423 por dólar, levando Milei a convocar o gabinete para uma reunião de emergência. A moeda argentina despencou mais de 27% frente ao dólar em 2025.

Apesar de tudo, em 11 de abril, Milei conseguiu um acordo com o FMI para empréstimos de US$ 20 bilhões, com uma primeira parcela de US$ 12 bilhões liberada logo depois. Isso demonstra uma certa confiança do FMI no plano econômico do presidente. Esse dinheiro se soma à dívida preexistente com o FMI, que já ultrapassava US$ 40 bilhões.

Para Milei, controlar a inflação é crucial para acabar com os controles de capitais que prejudicam os negócios e investimentos. Ele quer manter a inflação abaixo de 2% ao mês. Após o acordo com o FMI, o Banco Central reduziu os controles cambiais, abandonando a paridade fixa do peso e adotando um câmbio flutuante.

O governo argentino, então, começou a flexibilizar as restrições cambiais em vigor desde 2019, que limitavam a compra de dólares. Em maio, permitiu o uso de dólares guardados fora do sistema financeiro sem necessidade de declarar a origem do dinheiro. Em junho, lançou medidas para flexibilizar o uso de pesos e dólares em títulos públicos, além de um plano para captar US$ 2 bilhões com emissão de títulos e um compromisso de reduzir a emissão de moeda pelo Banco Central.

No entanto, diante da forte queda do peso, o governo anunciou intervenção no mercado cambial em 2 de setembro. O secretário de Finanças, Pablo Quirno, afirmou que o Tesouro Nacional comprará e venderá dólares para garantir oferta e evitar desvalorizações bruscas. O objetivo é estabilizar a inflação, fortalecer as reservas, melhorar o câmbio e atrair investimentos, tudo enquanto Milei tenta seguir com seu ajuste econômico.

Fonte da Matéria: g1.globo.com