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Hamas Rejeita Plano Americano de Realocação de Palestinos em Gaza

Gaza não está à venda! Essa foi a resposta firme do Hamas, após vazamentos de imprensa sobre um plano americano de realocação da população de Gaza. Na segunda-feira (1º), Bassem Naim, membro do gabinete político do Hamas, disparou nas redes sociais: “Gaza não está à venda! É parte integral da grande pátria palestina!”. Um outro dirigente do grupo, falando sob anonimato à AFP, reforçou a posição: “O Hamas rejeita qualquer plano que desloque nosso povo e permita que o ocupante permaneça em nossas terras. São propostas inúteis e injustas!”.

A polêmica proposta, divulgada pelo jornal americano *The Washington Post*, prevê a realocação voluntária dos quase dois milhões de habitantes de Gaza para outros países ou áreas seguras dentro da própria Faixa, durante a reconstrução do território devastado por anos de conflito. A isca? US$ 5 mil (cerca de R$ 27 mil) em dinheiro para cada palestino, além de auxílio para quatro anos de aluguel e um ano de comida. Donos de terras receberiam “tokens digitais” para financiar uma nova vida em outro lugar ou poderiam trocar suas propriedades por apartamentos em seis ou oito “cidades inteligentes”, movidas a Inteligência Artificial (IA), que seriam construídas na região.

Olha só: o plano também prevê a administração de Gaza por dez anos pelo chamado GREAT Trust (Fundo para a Reconstituição, Aceleração e Transformação Econômica de Gaza), dando lugar, depois, a uma “entidade palestina reformada e desradicalizada”. Acho que isso soa bastante… ambicioso, né? O Departamento de Estado americano, procurado pela AFP, não se manifestou sobre o assunto, mesmo após a publicação do plano, poucos dias depois de uma reunião em Washington.

Vale lembrar que, em fevereiro, durante uma reunião na Casa Branca, o então presidente Donald Trump e o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu já haviam discutido um plano semelhante para o deslocamento dos palestinos. Trump, na época, disse querer “assumir o controle” de Gaza para transformá-la na “Riviera do Oriente Médio”. A ideia, porém, foi rejeitada por países árabes, ocidentais e pela ONU.

E o que os palestinos acham de tudo isso? A reação é de indignação. Qasem Habib, um palestino de 37 anos que vive em uma barraca em Al Rimal, na Cidade de Gaza, considerou a proposta “um disparate”. “Se querem ajudar Gaza, já sabem como: pressionando Netanyahu a interromper a guerra e os assassinatos”, afirmou à AFP. Wael Azzam, de 60 anos, de Khan Yunis, no sul da Faixa, disse que, mesmo sem conhecer os detalhes, “é um plano fracassado”. “Nascemos e crescemos aqui”, desabafou, questionando se o presidente americano aceitaria ser deslocado de sua própria casa. Já Ahmed al Akkawi, de 30 anos, disse que apoiaria a proposta caso significasse o fim dos combates: “O plano é excelente se a guerra parar e nos transferirem para países europeus para vivermos uma vida normal, com garantias de que Gaza será reconstruída”. Em resumo: a proposta americana gerou mais polêmica do que soluções.

Fonte da Matéria: g1.globo.com