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Haddad: Brasil não é quintal de ninguém; tarifaço de Trump é injusto

Neste sábado (23), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, mandou um recado claro aos Estados Unidos: o Brasil não se curva! Em meio ao “tarifaço” de 50% imposto pelo governo Trump a produtos brasileiros, Haddad cravou: “O Brasil não pode servir de quintal para ninguém”. Sabe? O país tem peso e importância geopolítica demais para aceitar qualquer tipo de subordinação.

A declaração veio forte, durante um evento do PT. Afinal, o aumento das tarifas, segundo o governo, é uma jogada política, e não uma decisão puramente comercial. A justificativa de Trump? O processo contra Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF) por golpe de Estado. Isso, na visão do governo brasileiro, é inaceitável.

Haddad deixou claro que o Brasil busca parcerias amplas, sem se alinhar a nenhuma potência em específico. “Estamos diante de um desafio geopolítico”, explicou. “Temos tamanho, densidade e importância para garantir nossa soberania. Não podemos escolher um parceiro só; temos que ser parceiros de todo mundo: União Europeia, Ásia, Brics, Oriente Médio, Sudeste Asiático. Olha só, estamos conversando seriamente com a Índia, o país mais populoso do mundo, e ainda temos um comércio pequeno com eles!”, completou.

Apesar da firmeza, Haddad garantiu que o diálogo com os EUA continua. Mas, calma, sem abrir mão da soberania. “Jamais passou pela nossa cabeça abrir mão da parceria com os EUA. Mas não nas condições que estão sendo impostas. Sempre mantivemos nossa postura altiva e soberana, numa relação que já dura 200 anos. Não há motivo para mudar, ainda mais considerando que o governo Trump é temporário, enquanto o Brasil e os EUA são permanentes”, afirmou o ministro.

Geraldo Alckmin, vice-presidente e também presente ao evento, reforçou a crítica. Para ele, o tarifaço é pura injustiça. “Primeiro, ele é injustificado. Se a gente analisar a relação comercial Brasil-EUA, dos 10 produtos que eles mais exportam para cá, 8 não pagam imposto! Zero! A média tarifária é de 2,7%, baixíssima. E eles ainda têm superávit na balança comercial, tanto de bens quanto de serviços!”, disse Alckmin, indignado.

E a estratégia brasileira? Negociação firme! “O presidente Lula orientou: primeiro, negociação. Não vamos desistir de baixar essa alíquota e tirar mais produtos”, garantiu o vice-presidente.

Mas as preocupações de Haddad vão além do tarifaço. Ele alertou para o fato de que 60% dos dados digitais brasileiros são processados fora do país – um risco estratégico enorme, na sua avaliação. “Precisamos tomar providências para que eles sejam processados aqui, e de preferência com empresas brasileiras”, defendeu. A solução? Investimentos em data centers e inteligência artificial nacionais. O Ministério da Fazenda, inclusive, já tem um projeto para transformar o Brasil num polo mundial de data centers.

Sobre a economia, Haddad se mostrou otimista: o Brasil pode crescer em média 3% ao ano sem inflação disparada, desde que se invista em infraestrutura, educação, indústria e agricultura. Ele admite, porém, uma desaceleração em 2025, uma estratégia para controlar a inflação. “Tivemos uma turbulência no primeiro semestre, a agenda atrasou um pouco. Mas vejo no Congresso, em lideranças como Hugo Motta e Davi Alcolumbre, a vontade de fazer uma boa entrega para a sociedade brasileira”, finalizou.

Fonte da Matéria: g1.globo.com