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Guerra Comercial: Setores Brasileiros na Mira das Novas Tarifas de Trump

A decisão de Donald Trump de impor tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, comunicada em carta a Lula na quarta-feira (9), pegou muita gente de surpresa. Afinal, o Brasil vinha batendo recordes de exportação para os EUA, mesmo com as tarifas americanas de 10% já em vigor desde abril! Empresas como a Embraer, gigante da aviação, já se preparam para o impacto. Olha só a situação: uma verdadeira bomba no comércio bilateral.

A ameaça de uma guerra comercial entre Brasil e EUA tá no ar. O governo brasileiro já deu a entender que vai retaliar, impondo tarifas a produtos americanos. E Trump? Já avisou que qualquer retaliação brasileira vai ser respondida com mais tarifas. Tá tenso, né?

A Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham Brasil) divulgou dados chocantes no mês passado: as exportações brasileiras para os EUA chegaram a US$ 16,7 bilhões nos cinco primeiros meses de 2024! Isso representa um aumento de 5% em relação ao mesmo período de 2023, um recorde histórico! A Amcham destaca o papel estratégico dos EUA como principal destino dos bens industrializados brasileiros.

Mas, acredite, o Brasil também comprou mais dos EUA nesse período: US$ 17,7 bilhões, um aumento de 9,9% em relação a 2023. Apesar disso, o Brasil ainda teve prejuízo na balança comercial. Ironia pura, né? Principalmente considerando que Trump, na sua carta, alegou “déficits comerciais insustentáveis” com o Brasil. Me parece que os números contam outra história…

As tensões comerciais só aumentaram nesses meses, com o anúncio de várias tarifas por Trump e o medo de uma guerra comercial global. Em 2 de abril, Trump anunciou tarifas contra quase todos os seus parceiros comerciais. Alguns países levaram a pior, com tarifas mais altas, mas o Brasil levou a menor, de 10%, aplicada à maioria dos países. Essa tarifa entrou em vigor três dias depois. Na época, o Brasil optou por não retaliar.

A Amcham ressalta que, mesmo com o aumento das tarifas, Brasil e EUA continuaram expandindo o comércio, batendo um novo recorde. Abrão Neto, presidente da Amcham Brasil, comentou: “Mesmo em um cenário mais desafiador, o comércio bilateral tem se mostrado resiliente, com crescimento consistente nas trocas entre os dois países. Isso reforça o papel do Brasil como parceiro estratégico para atender às demandas da indústria e dos consumidores norte-americanos — e vice-versa”.

Agora, a gente se depara com a possibilidade de tarifas de 50% sobre todos os produtos brasileiros exportados para os EUA a partir de 1º de agosto. E aí? O que vai acontecer?

**Setores Ameaçados:**

Segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI), existem 3.662 empresas americanas com investimentos no Brasil e 2.962 empresas brasileiras nos EUA. Em 2023, a CNI estimou que a cada R$ 1 bilhão exportado para o mercado americano foram gerados 24,3 mil empregos, R$ 531,8 milhões em massa salarial e R$ 3,2 bilhões em produção no Brasil. Dá pra ter uma ideia do impacto, né?

Entre janeiro e maio, 79% das exportações brasileiras para os EUA foram bens industriais: aeronaves, combustíveis, alimentos processados, produtos químicos e máquinas – muitos com alto valor agregado, segundo a Amcham. Os produtos com maior aumento nas exportações foram carne bovina (196%), sucos de frutas (96,2%), café (42,1%) e aeronaves (27%). Apesar das ameaças de tarifas, esses produtos mantiveram a competitividade no mercado americano. A Amcham atribui isso à competitividade brasileira, à alta demanda nos EUA e a problemas climáticos que afetaram a produção americana, principalmente de carnes e sucos.

A Agência Brasil aponta petróleo bruto, minério de ferro, aço, máquinas, aeronaves, produtos eletrônicos, açúcar, café, suco de laranja e carne como os principais produtos brasileiros exportados para os EUA. Empresas como Embraer e Petrobras estão entre as mais afetadas.

A carne bovina brasileira, por exemplo, pode ser duramente impactada. Alguns setores já sentiram a retração com a tarifa de 10% – e podem sofrer ainda mais com a tarifa de 50%. É o caso da celulose, ferro-gusa e equipamentos de engenharia. A Amcham aponta as tarifas de até 10% e a concorrência de países com acesso preferencial aos EUA, como o Canadá, como fatores agravantes. O aço e o alumínio já estão sofrendo com tarifas de 50% desde o mês passado.

Entre janeiro e maio, houve aumento no volume e valor exportado de aço semiacabado (7,3% e 28,4%, respectivamente). Mas analistas já percebem um possível declínio nos embarques para os EUA e aguardam para ver os efeitos das tarifas sobre o aço e o alumínio.

A CNI prevê “muitos prejuízos” caso a relação comercial entre Brasil e EUA se deteriore. A entidade destaca que o setor de insumos produtivos, que representa 61,4% das exportações e 56,5% das importações brasileiras, será o mais afetado.

Em nota, a CNI afirma: “Brasil e Estados Unidos sustentam uma relação econômica robusta, estratégica e mutuamente benéfica alicerçada em 200 anos de parceria. Os EUA são o 3° principal parceiro comercial do Brasil [atrás da China e União Europeia] e o principal destino das exportações da indústria de transformação brasileira”.

Ricardo Alban, presidente da CNI, foi direto: “Não existe qualquer fato econômico que justifique uma medida desse tamanho, elevando as tarifas sobre o Brasil do piso ao teto. Os impactos dessas tarifas podem ser graves para a nossa indústria, que é muito interligada ao sistema produtivo americano”.

A CNI lembra que os EUA mantêm superávit comercial com o Brasil há mais de 15 anos e que o Brasil é um dos poucos países com balança comercial favorável aos EUA. A Confederação também destaca que a tarifa real de importação do Brasil para produtos americanos era de 2,7% em 2023 – cerca de um quarto da tarifa nominal de 11,2% assumida na Organização Mundial do Comércio (OMC). A situação é, no mínimo, complexa.

Fonte da Matéria: g1.globo.com