** Em meados de julho, a Geely desembarcou no Brasil com o EX5, seu primeiro SUV 100% elétrico. E olha só: esse grandalhão, com seus 4,6 metros de comprimento e 1,9 metro de largura, não tá com preço de foguete, não! Na real, ele chega com um valor bem parecido com SUVs a combustão menores.
São duas versões: a Pro (R$ 205.800) e a Max (R$ 225.800). Para você ter uma ideia, um Honda HR-V topo de linha custa R$ 209.900, mas é menos equipado e tem motor bem mais fraco que a versão de entrada do EX5. Isso é incrível!
Entre os elétricos, o principal rival é o porD Yuan Plus (R$ 235.800), que sai por R$ 10 mil a mais, oferecendo menos potência, espaço e autonomia. (Confira as fichas técnicas completas abaixo).
A gente do g1 passou um dia com o EX5, rodando uns 200 quilômetros entre São Paulo e Indaiatuba (SP), incluindo uma visita ao Autódromo de Capuava. A missão? Avaliar se ele se sai melhor ou pior que os concorrentes a combustão das marcas mais tradicionais. As primeiras impressões? Espia só:
**Design: Chinês, mas com estilo.**
Por fora, o EX5 lembra bastante outros modelos chineses, principalmente o Neta X. Sabe? Grade frontal ausente, curvas suaves, linhas laterais bem parecidas… até as rodas são similares. O visual é minimalista, quase discreto. O nome do modelo, em cinza sobre a lataria cinza, quase some!
Mas se o exterior não te impressiona de cara, o interior te conquista com requinte e conforto. A paleta de cores dos bancos se repete nos acabamentos das portas, criando uma harmonia bacana. O console central, alto e amplo – tipo uma prateleira entre os bancos da frente – chama atenção. Ele desce suavemente a partir da central multimídia de 15,4 polegadas, até o apoio de braço.
**Interior: Sofisticação e alguns detalhes curiosos.**
A princípio, o console alto pode parecer um desperdício de espaço, mas não é! Ele facilita o acesso ao carregador por indução e aos controles da ventilação. Ter tudo “à mão” é muito prático, e a presença de botões físicos é um respiro nesse mercado que vive só de tela. Só um detalhe me deixou um pouco confuso no começo: os comandos dos vidros são invertidos! Para subir, você empurra para baixo; para descer, puxa para cima. Um tanto inusitado.
Outro ponto alto é o Head-Up Display (HUD), com todas as informações importantes na sua linha de visão: velocidade, limite de velocidade, navegação e ajustes do piloto automático adaptativo. A gente nem precisou consultar o painel de instrumentos de 10,2 polegadas durante o teste. Diferente do Volvo EX30, que eliminou o painel sem oferecer uma alternativa na linha de visão, aqui a tela do motorista é quase dispensável.
Conforto total! Os bancos dianteiros têm massagem, ventilação e aquecimento. E tem mais: uma gaveta embaixo do banco do passageiro de trás, que suporta até 3,5 kg – ideal para guardar objetos fora de vista.
**Tecnologia e Segurança: Completo, mas às vezes muito “falante”.**
As duas versões têm a mesma bateria, motor e a maioria dos equipamentos. A diferença principal está no teto solar e nos ADAS (sistemas de assistência ao motorista). O EX5 está recheado de recursos: piloto automático adaptativo, assistente de permanência em faixa, leitor de placas, alerta de tráfego cruzado, aviso de abertura de portas e detector de ponto cego.
Mas alguns sistemas são um pouco… exagerados. O leitor de placas, por exemplo, às vezes não interpreta direito placas com dois limites de velocidade (como para carros e caminhões). Na Rodovia dos Bandeirantes, por exemplo, ele insistia que o limite era 90 km/h, mesmo com a placa indicando 120 km/h para carros. E aí, ele ficava emitindo alertas sonoros sem parar, mesmo com o piloto automático ligado! Outro ponto: os alertas sonoros ao tocar as linhas da pista eram constantes, mesmo em ultrapassagens normais.
**Dirigibilidade: Conforto extremo, mas com ressalvas.**
No asfalto, a suspensão do EX5 surpreende. Absorve bem as imperfeições, dando uma sensação de flutuação, principalmente na cidade. É um dos carros mais “macios” que a gente já testou. Mas essa maciez excessiva se torna um problema em curvas mais fechadas ou em acelerações fortes, deixando a carroceria bamboleante. A sensação é de que o carro poderia tombar facilmente. O centro de gravidade baixo (graças à bateria de 60,2 kWh no assoalho) ajuda a manter o controle, mas uma suspensão um pouco mais firme faria diferença na estabilidade. A porD, por exemplo, já corrigiu isso nos modelos lançados depois do Dolphin.
O motor, com 218 cv e mais de 30 kgfm de torque, entrega o desempenho esperado. As acelerações são firmes, mesmo no modo econômico. A direção elétrica é leve na cidade e mais firme na estrada.
**Concorrentes:**
No Brasil, poucos SUVs elétricos têm o porte e o preço do Geely EX5. Seus principais concorrentes são:
* **porD Yuan Plus:** R$ 10 mil mais caro, 14 cv menos potente, acabamento inferior, menos itens de série e autonomia menor (294 km contra 413 km do EX5).
* **Renault Megane E-Tech:** R$ 54.190 mais caro, 41 cm menor, porta-malas menor, menos recursos tecnológicos e de conforto, e autonomia de 337 km.
Considerando o preço da versão de entrada (R$ 205.800), dá até para comparar com SUVs a combustão como Nissan Kicks (R$ 200.000) e Honda HR-V (R$ 209.900). Mas aí, os concorrentes a combustão são menores, mais simples, com menos tecnologia e desempenho inferior (125 cv no Kicks e 177 cv no HR-V, contra 218 cv do EX5).
Em resumo, o Geely EX5 oferece uma proposta interessante: um SUV elétrico espaçoso, bem equipado e com preço competitivo. Mas alguns ajustes na suspensão e nos sistemas de alerta seriam bem-vindos.
Fonte da Matéria: g1.globo.com