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EUA: onda de violência política atinge ambos os lados do espectro ideológico

A morte do influenciador conservador Charlie Kirk, 31 anos, assassinado na semana passada em um discurso na Universidade Utah Valley, reacendeu o debate sobre a violência política nos EUA. A repercussão nas redes sociais foi imediata, com muitos associando o crime a uma suposta perseguição a líderes de direita e extrema-direita. Compararam o caso à tentativa de assassinato de Jair Bolsonaro em 2018 e ao atentado contra Donald Trump em um comício no ano passado. A grita é por fim aos ataques contra conservadores. Mas, na real, a situação é bem mais complexa.

O suspeito, Tyler Robinson, um estudante de engenharia elétrica de 22 anos, se entregou na quinta-feira (11). Segundo o governador de Utah, Spencer Cox, em entrevista ao Wall Street Journal, o jovem estava “profundamente doutrinado com a ideologia de esquerda”. No entanto, registros eleitorais consultados pela BBC mostram que Robinson se declarou “não filiado” em 2021. Isso mostra que a violência política não respeita fronteiras ideológicas, né?

A Reuters apontou um aumento significativo e prolongado da violência política nos EUA, o maior desde a década de 1970, com início na primeira campanha presidencial de Trump, em 2016. Entre o ataque ao Capitólio (6 de janeiro de 2021) e a eleição presidencial de 2024, foram registrados cerca de 300 casos. O assassinato de Kirk, portanto, não é um caso isolado. É, infelizmente, mais um capítulo sombrio dessa história.

A violência atingiu figuras de ambos os espectros políticos. Em abril, a casa do governador democrata da Pensilvânia, Josh Shapiro, foi invadida e incendiada enquanto sua família estava lá dentro. Dois meses depois, um horror: a deputada democrata Melissa Hortman e seu marido, Mark Horman, foram assassinados a tiros em casa. Antes disso, o senador democrata John Hoffman e sua esposa, Ivette Hoffman, também foram alvos do mesmo atirador, mas sobreviveram. O acusado, Vance Boelter, que tinha uma empresa de segurança privada e estava disfarçado de policial, foi preso no dia seguinte. Segundo a CNN, Boelter se registrou como republicano nos anos 2000 e, de acordo com seu amigo David Carlson, era simpatizante de Trump e fortemente contra o aborto e pautas LGBTQIA+.

No fim do ano, o assassinato de Brian Thompson, CEO da UnitedHealthcare, causou choque. O debate sobre a raiva contra planos de saúde explodiu. Luigi Mangione, 26 anos, é o acusado, ainda sem julgamento. Mas a procuradora-geral Pam Bondi já declarou que a Justiça pedirá a pena máxima, como parte da “agenda do presidente Donald Trump para acabar com crimes violentos e tornar a América segura de novo”.

Em setembro do ano passado, um atentado contra Donald Trump durante um comício na Pensilvânia também marcou a campanha. Ryan Routh, 59 anos, o acusado, começou a ser julgado na semana passada na Flórida, se declarando inocente.

Outros casos graves também marcaram esse período: em 2021, um agressor invadiu a casa de Nancy Pelosi, espancando seu marido, Paul Pelosi. Em 2017, um atirador atacou congressistas republicanos durante um treino de beisebol. Essa violência política, infelizmente, não se limita aos EUA.

No Brasil, o atentado a Jair Bolsonaro em 2018, com uma facada durante um comício em Minas Gerais, e o assassinato de Marcelo Arruda, tesoureiro do PT, em Foz do Iguaçu (PR), durante uma festa com tema PT em 2022, são exemplos da mesma triste realidade. Adélio Bispo, autor do atentado a Bolsonaro, foi considerado inimputável. Jorge José da Rocha Guaranho, ex-policial penal federal, foi condenado a 20 anos de prisão pelo assassinato de Arruda. Olha só como a violência política afeta o mundo todo.

Fonte da Matéria: g1.globo.com