Um estudo da Ex Ante Consultoria Econômica, encomendado pela Abrace Energia e divulgado na quinta-feira (3), jogou luz sobre um fator crucial que explica a inflação acima da meta nos últimos 25 anos: o preço da energia elétrica. Olha só: segundo a pesquisa, o custo da energia responde por até 90% da alta nos preços de produtos essenciais! Isso mesmo, quase tudo que a gente compra sofreu impacto direto.
A pesquisa traz exemplos impactantes. O pão francês, por exemplo, teve um aumento de 509% entre 2000 e 2024 – e, acredite, 85% dessa alta se deve ao custo da energia! Impressionante, né? A mesma coisa acontece com o leite longa vida (86% do aumento ligado à energia) e o queijo (92%). Até o cimento, na construção civil, sentiu o baque: 218% de alta diretamente relacionados ao custo energético.
Paulo Pedrosa, presidente da Abrace Energia, cravou: “Essa pressão silenciosa da energia nos preços tem sido um dos principais obstáculos à estabilidade econômica do país”. E os números provam isso. Enquanto o IPCA acumulou 326% entre 2000 e 2024, o custo unitário da energia elétrica disparou 1.299%, e o do gás natural, pasmem, 2.251%! Quase quatro e sete vezes mais que a inflação, respectivamente.
O estudo explica que, quando a tarifa de energia sobe para as empresas, o custo de produção de tudo aumenta. E aí, esse aumento é repassado para o consumidor final, encarecendo tudo: do carro ao sabão, passando pela carne e pela casa. Resultado? Menos consumo e menos bem-estar para a população. O gás natural, também com altas expressivas, segue a mesma lógica, impactando os preços das mercadorias.
Entre 2000 e 2024, os preços industriais cresceram 8,4% ao ano, contra uma inflação de 6,2%. A pesquisa aponta o dedo para o aumento dos custos com energia elétrica e gás natural como o principal culpado. Além do impacto direto, o estudo destaca o efeito indireto: o aumento da energia usada na produção encarece os insumos, criando uma reação em cadeia. Uma cervejaria, por exemplo, paga mais pela sua conta de luz e, ao mesmo tempo, vê o preço das embalagens subir. É um efeito dominó!
A Abrace Energia analisou a Medida Provisória do setor elétrico, vendo pontos positivos, como a discussão sobre a gestão de contratos no mercado livre. Mas, ao mesmo tempo, alerta para o risco do repasse de custos da isenção de energia para famílias de baixa renda para a indústria. Pedrosa foi direto: “O estudo mostra que, apesar de parecer justo diminuir a conta de luz do consumidor pobre deslocando o custo para a indústria, isso não resolve o problema. A conta de luz vai cair, mas o preço do pão vai subir. Você tira com uma mão e tira com a outra. Para ser bom para o país, tem que ser bom para os dois”. A solução, segundo ele, seria tratar os custos da isenção via orçamento da União ou impostos como PIS e Cofins, permitindo a compensação. Quando esses custos vão diretamente para a indústria, não há como compensar, e o resultado é o aumento de preços para o consumidor.
Fonte da Matéria: g1.globo.com