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Embraer pode produzir KC-390 nos EUA para driblar tarifas e gerar empregos

A Embraer, gigante brasileira da aviação, anunciou uma jogada ousada para superar as tarifas de exportação impostas pelos EUA: produzir seu cargueiro militar KC-390 em solo americano. A empresa, que registrou prejuízo de R$ 53,4 milhões no segundo trimestre de 2025 (contra um lucro de R$ 415,7 milhões no mesmo período de 2024), apostará até US$ 500 milhões nesse plano. A ideia? Se os EUA comprarem o KC-390, a produção local zeraria as taxas de exportação. Só as unidades destinadas ao mercado americano seriam fabricadas nos EUA. Isso, segundo a Embraer, criaria cerca de 2.500 empregos por lá.

Olha só: mesmo com aviões civis isentos do adicional de 40% que inflaciona a tarifa para 50%, as taxas americanas (de 10% desde abril) ainda são um grande nó na garganta da empresa, nas palavras do presidente da Embraer, Francisco Gomes Neto. Ele afirma que as conversas com um parceiro estratégico americano estão em estágio avançado. “A gente acredita firmemente no retorno da tarifa zero para a indústria aeroespacial global”, declarou Neto.

Mas afinal, que bicho é esse, o KC-390? Trata-se do maior avião produzido na América Latina, um verdadeiro multitarefas da aviação militar. Ele faz de tudo: busca e salvamento, transporte de tropas (até 80 soldados ou 64 paraquedistas!), evacuações médicas, entrega de ajuda humanitária, operações especiais, lançamento de cargas e paraquedistas, reabastecimento em voo e até combate a incêndios!

Já foi usado em diversas missões importantes: combateu incêndios no Pantanal (MS) e em Ribeirão Preto (SP) em 2024, transportou vítimas do acidente aéreo de Vinhedo (SP) para o Paraná, levou ajuda humanitária para a Ucrânia e o Líbano e até distribuiu cestas básicas para os povos indígenas Yanomami. Impressionante, né?

O KC-390, com seus 35 metros de envergadura (a mesma medida de ponta a ponta das asas), já conquistou clientes na Europa. Onze países, incluindo alguns membros da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) – Lituânia, Portugal, Eslováquia, Hungria, Holanda, Áustria, República Tcheca e Suécia, entre outros – já o incorporaram às suas forças aéreas.

Para combater incêndios, ele tem um sistema especial: um tubo que joga até 12 mil litros de água (3 mil galões) pela porta traseira esquerda. A ausência de acabamentos internos, que aumentariam o peso, facilita a manutenção. A aeronave, produzida em Gavião Peixoto (SP), pode ser reabastecida em voo e opera em pistas irregulares. Ele carrega até 26 toneladas a 870 km/h (470 nós).

O projeto é fruto de uma parceria entre a Força Aérea Brasileira (FAB) e a Embraer, iniciada em 2009. Dez anos depois, em 2019, o primeiro KC-390 foi entregue. A Embraer também anunciou que investirá mais US$ 500 milhões nos próximos cinco anos em suas instalações na Flórida.

Apesar do prejuízo no segundo trimestre, a Embraer se mantém otimista. A receita de R$ 10,3 bilhões – recorde histórico para o período – representa um aumento de 30,9% em relação ao mesmo trimestre de 2024. A empresa prevê uma receita anual entre US$ 7 bilhões e US$ 7,5 bilhões, com uma margem Ebit ajustada de 7,5% a 8,3% e um fluxo de caixa livre ajustado de pelo menos US$ 200 milhões. O impacto das tarifas, segundo Neto, já é sentido em 20% do fluxo de caixa, com projeção de impacto maior no segundo semestre. A expectativa de entregas para este ano é de 77 a 85 aeronaves comerciais e entre 145 e 155 jatos executivos. Enfim, a Embraer está jogando todas as fichas nesse investimento nos EUA, na esperança de um futuro mais próspero.

Fonte da Matéria: g1.globo.com