** A Embraer, gigante brasileira da aviação, anunciou uma jogada ousada para driblar as altas tarifas de exportação impostas pelos EUA: produzir seu cargueiro militar KC-390 em solo americano. A empresa, que registrou prejuízo de R$ 53,4 milhões no segundo trimestre de 2025 – um contraste gritante com o lucro de R$ 415,7 milhões do mesmo período em 2024 –, está disposta a investir até US$ 500 milhões nesse projeto. A ideia? Se os EUA comprarem o KC-390, a produção local zeraria as taxas de exportação. Só as unidades destinadas ao mercado americano seriam fabricadas nos EUA.
Essa decisão, anunciada na terça-feira (5), vem em meio a uma crescente preocupação com as taxas americanas, que, mesmo com aviões civis isentos do adicional de 40% que eleva a tarifa para 50%, se mantêm em 10% desde abril, segundo o presidente da Embraer, Francisco Gomes Neto. “Tá complicado, né?”, resumiu ele em entrevista. Afinal, mesmo com um crescimento de receita de 31% no segundo trimestre de 2025, alcançando um recorde histórico de R$ 10,3 bilhões, a sombra das tarifas pesa no futuro da companhia.
Mas, olha só, o KC-390 não é apenas um avião cargueiro qualquer. Ele é o maior avião produzido na América Latina e um verdadeiro multimissão! Imagina só: busca e salvamento, evacuação médica, ajuda humanitária, operações especiais… Ele faz de tudo! Lança cargas e paraquedistas em voo, reabastece aeronaves no ar, combate incêndios… A versatilidade é impressionante!
No Brasil, ele já provou seu valor em diversas operações cruciais. Em 2024, participou do combate a incêndios no Pantanal (Mato Grosso do Sul) e em Ribeirão Preto (SP). Também transportou urnas funerárias das vítimas do acidente aéreo de Vinhedo (SP) para o Paraná. E, por meio da Força Aérea Brasileira (FAB), levou ajuda humanitária para a Ucrânia e o Líbano, além de distribuir cestas básicas para os povos indígenas Yanomami. Incrível, não é?
O sucesso do KC-390 se estende além das fronteiras brasileiras. Onze países, alguns membros da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte), já o adotaram, incluindo Lituânia, Portugal, Eslováquia, Hungria, Holanda, Áustria, República Tcheca e Suécia. E falando em capacidades, o KC-390 dispõe de um sistema especial de combate a incêndios, capaz de lançar até 12 mil litros de água por um tubo na porta traseira esquerda. Com 35 metros de envergadura e comprimento, a aeronave, produzida em Gavião Peixoto (SP), é leve e fácil de manter, pois seu interior é minimalista, sem acabamentos que adicionariam peso. Sua capacidade de carga chega a 26 toneladas, com velocidade de 870 km/h, podendo operar em pistas precárias. A FAB, aliás, contratou a Embraer em 2009 para o desenvolvimento do projeto, que culminou na entrega da primeira unidade em 2019, após dez anos de trabalho.
O investimento de US$ 500 milhões nos EUA, segundo Gomes Neto, pode gerar 2.500 empregos por lá e representa uma “oportunidade de investimento local para a tarifa retornar para zero”. Ele reforçou a crença da Embraer no retorno à política de tarifa zero para a indústria aeroespacial. A Embraer também prevê investir o mesmo valor nos próximos cinco anos na expansão de suas instalações na Flórida. Apesar do recorde de receita e das projeções otimistas – entre 77 e 85 aeronaves comerciais e 145 a 155 jatos executivos entregues em 2025, com receita total estimada entre US$ 7 bilhões e US$ 7,5 bilhões – a empresa reconhece o impacto das tarifas, esperando um impacto maior no segundo semestre. “Até o momento, 20% do impacto já foi sentido no nosso fluxo de caixa”, alertou Neto.
Enfim, a aposta da Embraer no mercado americano é alta, mas o potencial do KC-390, um avião verdadeiramente versátil e de alta tecnologia, parece justificar o risco. A gente fica na torcida!
Fonte da Matéria: g1.globo.com