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Dor e Esperança: Israelenses clamam por reconhecimento do Estado Palestino após massacre

A tragédia do ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023, que vitimou milhares de israelenses, incluindo os pais de Maoz Inon, gerou uma onda de luto e, surpreendentemente, um movimento inesperado: a crescente demanda por reconhecimento internacional do Estado Palestino. Inon, um empresário de turismo de 49 anos, jura que não quer vingança. Na real, ele acredita que a reconciliação é o único caminho. Junto com milhares de outros israelenses, ele apela à comunidade internacional para um gesto de paz antes da Assembleia Geral da ONU na próxima semana – onde vários países ocidentais, como França, Reino Unido, Bélgica, Canadá e Austrália, já anunciaram a intenção de reconhecer o Estado palestino.

Inon, que participou de movimentos pela paz há duas décadas, sabe que o diálogo é crucial. “Vingar a morte dos meus pais não vai trazê-los de volta. Só vai piorar tudo, intensificando esse ciclo de violência que nos assombra há mais de um século, não apenas desde 7 de outubro”, desabafa. Ele confessa que, após anos de ocupação, opressão e muros separando os dois povos, não se surpreendeu com o ataque. “Eu sabia que ia explodir. Mas nunca imaginei, nem no pior pesadelo, que eu pagaria esse preço tão alto”, lamenta, em entrevista à AFP em Tel Aviv.

A campanha “Não à guerra – Sim ao reconhecimento”, liderada pelo movimento cidadão Zazim, já coletou mais de 8.500 assinaturas e mira em 10.000 para apresentar na ONU. Olha só: a proposta, segundo o texto da campanha, não é um castigo a Israel, mas um passo rumo a um futuro mais seguro, baseado no reconhecimento mútuo e na segurança para ambos os lados. Milhares de cartazes foram distribuídos e um outdoor em Tel Aviv reforça a mensagem.

Raluca Ganea, cofundadora do Zazim, explica: “Em 8 de outubro, ficou claro que a estratégia de ‘administrar o conflito’ ruiu. Só restaram duas opções: a destruição total ou a solução de dois Estados.” Ela acredita que o reconhecimento é fundamental para acabar com a “desumanização” dos palestinos, especialmente em Gaza, dando-lhes o mesmo status de outras nações. Inon concorda e defende que o reconhecimento precisa vir acompanhado de medidas concretas: “Quem atua contra a solução de dois Estados deve ser punido, deve sofrer sanções.”

A dor é compartilhada por Yonatan Zeigen, que perdeu sua mãe, a ativista pela paz Vivian Silver, no atentado de 7 de outubro no kibutz Beeri. “Acompanhei a morte da minha mãe por telefone”, relata ele, descrevendo a sensação de “impotência total”. Agora, ele acredita que “o único futuro viável é a partilha da terra pelos dois povos”. Para ele, “a libertação palestina e a segurança israelense dependem dos palestinos terem seus direitos básicos garantidos”.

Porém, a realidade é bem diferente. O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu insiste que “não haverá Estado palestino”, e membros de extrema-direita de seu governo impulsionam a expansão de colonatos na Cisjordânia ocupada, inviabilizando a possibilidade de paz. Uma pesquisa do Centro de Pesquisas Pew mostra que apenas 21% dos israelenses acreditam na coexistência pacífica entre Israel e um Estado Palestino – o menor índice desde 2013, quando a pergunta começou a ser feita. A situação em Gaza, palco de ataques que mataram ao menos 34 pessoas, dominará a Assembleia Geral da ONU, que começa na segunda-feira. A esperança, apesar da dor, ainda persiste em alguns corações israelenses.

Fonte da Matéria: g1.globo.com