Nesta terça-feira (9), o dólar fechou em alta de 0,35%, cotado a R$ 5,4358. Olha só, o Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, teve um dia ruim, recuando 0,12%, para 141.618 pontos. A movimentação nos mercados, num dia com pouca ação econômica interna, foi fortemente influenciada pelo julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e outros sete réus acusados de tentativa de golpe de Estado.
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), votou pela condenação de Bolsonaro e dos demais. Na sequência, o ministro Flávio Dino acompanhou o relator, deixando o placar provisório em 2 a 0 a favor da condenação. Com o julgamento previsto para terminar na sexta-feira (12), a expectativa no mercado é de uma condenação praticamente certa para Bolsonaro. A preocupação, porém, é com possíveis reações negativas do governo dos Estados Unidos.
No cenário internacional, o Departamento de Estatísticas do Trabalho dos EUA (BLS) divulgou a revisão anual do payroll. A atualização anterior indicava 818 mil empregos a menos que o previsto em um ano. Mas a revisão mostrou algo ainda pior: nos 12 meses até março, foram criados 911 mil empregos a menos do que a estimativa.
Ainda no exterior, a derrota de Javier Milei na província de Buenos Aires – seu primeiro grande teste eleitoral desde a denúncia de corrupção envolvendo sua irmã – na segunda-feira, causou um baque no mercado argentino. O índice S&P Merval despencou 13,25% na Bolsa de Buenos Aires, e o peso argentino acumula desvalorização de 27,4% frente ao dólar em 2025 (até a data da publicação).
**Entendendo a influência nos mercados:**
**Dólar:**
* Acumulado na semana: +0,42%
* Acumulado no mês: +0,26%
* Acumulado no ano: -12,04%
**Ibovespa:**
* Acumulado na semana: -0,72%
* Acumulado no mês: +0,13%
* Acumulado no ano: +17,73%
**Julgamento de Bolsonaro:**
O ministro Flávio Dino, do STF, votou pela condenação de Bolsonaro e dos outros sete réus por tentativa de golpe, mantendo o placar em 2 a 0 pela condenação na Primeira Turma da Corte. Moraes, relator do caso, já havia se manifestado no mesmo sentido, afirmando que os réus formavam o “núcleo crucial” da trama golpista – uma organização criminosa que tentou manter Bolsonaro no poder e impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Dino, no entanto, fez uma ressalva ao voto de Moraes, sugerindo penas menores para Alexandre Ramagem, Augusto Heleno e Paulo Sérgio Nogueira, por considerá-los com menor participação na trama. Fux, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin, presidente do colegiado, ainda precisam votar. A expectativa é que o julgamento termine até sexta-feira (12).
Em meio a esse cenário tenso, o governo do presidente dos EUA, Donald Trump, voltou a ameaçar o Brasil, citando diretamente o ministro Alexandre de Moraes. Em um post no X (antigo Twitter), na segunda-feira (8), o subsecretário de Diplomacia Pública do Departamento de Estado americano lembrou a comemoração da independência do Brasil no domingo (7) e criticou os “abusos de autoridade”. Na sexta-feira (5), Trump declarou estar “muito irritado” com o Brasil e não descartou restrições a vistos de autoridades brasileiras que participarão da Assembleia Geral da ONU em Nova York.
Alison Correia, analista de investimentos e cofundadora da Dom Investimentos, afirma que, para o mercado, a condenação de Bolsonaro é dada como certa. A grande dúvida, segundo ela, é a reação americana. “Na minha visão, já não há dúvidas de que Bolsonaro será sentenciado em breve. A questão central é o que acontece depois disso, especialmente diante da incerteza sobre como Trump pode reagir. Outro aspecto relevante é quem será o candidato indicado por Bolsonaro para assumir seu lugar.”
**Revisão Anual do Payroll:**
Dados do Departamento do Trabalho dos EUA apontam que a economia americana criou provavelmente 911 mil empregos a menos nos 12 meses até março do que o esperado. Isso indica que o crescimento já demonstrava sinais de estagnação antes das tarifas de Trump sobre importações. Economistas esperavam uma revisão de 400 mil a 1 milhão de empregos a menos, e o nível de emprego até março de 2024 foi rebaixado em 598 mil.
Essa estimativa preliminar faz parte da revisão anual do Departamento do Trabalho, que compara dados mensais de emprego com registros fiscais e do Censo Trimestral de Emprego e Salários (QCEW). A revisão final sai em fevereiro, junto com o relatório de janeiro. Com os sinais de enfraquecimento do mercado de trabalho, aumentaram as apostas de que o banco central americano pode reduzir os juros em breve.
O payroll, que mostra quantos empregos foram criados ou perdidos nos EUA fora do setor agrícola, é um termômetro da economia americana. O banco central americano usa esses dados para decidir sobre os juros: crescimento rápido de empregos pode aumentar a inflação e os juros; crescimento lento ou queda indica economia fraca, podendo levar à manutenção ou redução dos juros.
**Bolsas Globais:**
Em Wall Street, os índices atingiram novos recordes após a revisão dos números de emprego nos EUA. O Dow Jones subiu 0,43%, para 45.711,65 pontos; o S&P 500 avançou 0,27%, para 6.512,61 pontos; e o Nasdaq Composite teve ganhos de 0,37%, fechando em 21.879,49 pontos.
Na Europa, os índices fecharam com leve alta, impulsionados por notícias corporativas e preocupações políticas. O setor de mineração teve destaque após o anúncio da fusão entre a Anglo American e a canadense Teck Resources. Na França, a tensão com a situação fiscal do país pode levar a uma reavaliação da nota de crédito. Os investidores aguardam a escolha do novo primeiro-ministro e a próxima decisão sobre os juros na zona do euro. O STOXX 600 subiu 0,06%, para 552,39 pontos; o Financial Times (Londres) avançou 0,23%, para 9.242,53 pontos; o DAX (Frankfurt) recuou 0,37%, para 23.718,45 pontos; e o CAC-40 (Paris) teve valorização de 0,19%, atingindo 7.749,39 pontos.
Na Ásia, o desempenho foi misto. Hong Kong se destacou com forte alta, impulsionada pela expectativa de redução de juros nos EUA. Já na China continental, os índices caíram, refletindo preocupações internas. O Hang Seng (Hong Kong) subiu 1,19%, para 25.938 pontos; o Nikkei (Tóquio) caiu 0,4%, fechando em 43.459 pontos; o índice de Xangai perdeu 0,51%; e o CSI300 caiu 0,70%. O Kospi (Coreia do Sul) subiu 1,26%; o Taiex (Taiwan) avançou 1,25%; o Straits Times (Singapura) recuou 0,30%; e o S&P/ASX 200 (Austrália) caiu 0,52%.
*Com informações da agência de notícias Reuters.
Fonte da Matéria: g1.globo.com