O dólar fechou em baixa de 0,40% nesta quarta-feira (3), cotado a R$ 5,4524. A Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, também sofreu, caindo 0,34% e fechando nos 139.864 pontos. A situação? Um coquetel de fatores, sabe? No Brasil, o segundo dia do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF) prendeu a atenção dos investidores. Lá fora, os olhos estavam voltados para os dados do mercado de trabalho americano.
Olha só: a Primeira Turma do STF continuou o julgamento da denúncia contra Bolsonaro e mais sete acusados de tentativa de golpe em 2023. A gente já sabe que o mercado tá de olho, né? A preocupação é com uma possível condenação do ex-presidente, que poderia levar o governo de Donald Trump a tomar medidas contra o Brasil. Isso, na real, causou impacto direto no setor bancário, com as ações dos bancos caindo de novo (detalhes mais abaixo).
Em casa, a produção industrial registrou uma queda de 0,2% em julho, em comparação com o mês anterior. Já nos EUA, o relatório Jolts mostrou uma redução de 176 mil vagas em aberto, um leve aumento nas contratações (41 mil) e nas demissões (12 mil) em julho. Isso aumentou a expectativa de que o Federal Reserve (Fed), o banco central americano, comece a cortar os juros ainda neste mês.
Vamos entender como tudo isso afeta o mercado:
**Dólar:**
* Acumulado na semana: +0,56%
* Acumulado no mês: +0,56%
* Acumulado no ano: -11,77%
**Ibovespa:**
* Acumulado na semana: -1,10%
* Acumulado no mês: -1,10%
* Acumulado no ano: +16,28%
**Segundo dia do julgamento de Bolsonaro:**
Nesta quarta, a Primeira Turma do STF prosseguiu com o julgamento da denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra Bolsonaro e outros sete réus, acusados de tentativa de golpe em 2023. Estão no banco dos réus o ex-presidente e mais sete figuras-chave do chamado “núcleo 1”, considerados os principais articuladores da suposta organização criminosa. Entre eles, os ex-ministros Anderson Torres (Justiça), Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional), Braga Netto (Casa Civil) e Paulo Sérgio Nogueira (Defesa); Almir Garnier, ex-comandante da Marinha; Alexandre Ramagem, ex-diretor da Abin; e Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.
Para Alison Correia, cofundador da Dom Investimentos, a apreensão com uma possível retaliação de Donald Trump permanece. “A sentença vai sair, a questão é a magnitude”, disse ele. Trump já havia citado o caso Bolsonaro para justificar uma tarifa comercial de 50% sobre produtos brasileiros e tomou medidas contra o ministro Alexandre de Moraes, relator do processo.
Tanto na terça quanto na quarta, as ações do setor financeiro fecharam em queda:
* Banco do Brasil (BBAS3): -0,69%
* Bradesco (BBDC4): -0,06%
* BTG Pactual (BPAC11): -0,45%
* Itaú (ITUB4): -0,87%
* Santander (SANB11): -0,07%
**Produção industrial no Brasil:**
A indústria brasileira desacelerou no início do terceiro trimestre. Segundo o IBGE, a produção industrial caiu 0,2% em julho na comparação com junho. Essa queda ocorreu em um cenário de política monetária mais restritiva (juros altos) e guerra comercial com os EUA. Na comparação anual, houve um crescimento de 0,2%. O setor está 15,3% abaixo do pico de maio de 2011. Os números ficaram próximos às expectativas do mercado.
Para Sara Paixão, da InvestSmart XP, os dados não alteram a expectativa de manutenção da Selic em 15% na reunião do Copom deste mês, mas reforçam a possibilidade de um corte de juros no início de 2026. “Para confirmar isso, precisamos acompanhar os dados de inflação e atividade econômica dos próximos meses”, completou. A indústria enfrenta dificuldades este ano, com a Selic em 15% e as tarifas americanas de 50% sobre produtos brasileiros, em vigor desde agosto.
**Relatório Jolts:**
Nos EUA, as vagas em aberto caíram 176 mil em julho, para 7,181 milhões, segundo o relatório Jolts do Departamento do Trabalho. As contratações subiram 41 mil, chegando a 5,308 milhões, e as demissões aumentaram 12 mil, totalizando 1,808 milhão. Economistas apontam uma desaceleração no mercado de trabalho, influenciada pelas tarifas de Trump e pela redução na oferta de mão de obra devido à política de imigração.
Os dados reforçaram as apostas de um corte de juros, com investidores precificando uma chance de 95,6% de um corte em setembro (antes do Jolts, era quase 92%). A previsão é de criação de 75 mil vagas fora do setor agrícola em agosto, segundo a Reuters, e aumento na taxa de desemprego, de 4,2% para 4,3%. Jerome Powell, presidente do Fed, sinalizou um possível corte de juros na reunião de 16 e 17 de setembro, mas alertou para a inflação.
**Bolsas globais:**
Em Wall Street, Nasdaq e S&P 500 subiram, impulsionados pela Alphabet e pela expectativa de corte de juros pelo Fed. O Dow Jones fechou em queda. Os mercados europeus fecharam em alta, recuperando perdas e mostrando alívio com as preocupações fiscais. A Ásia teve desempenho misto, com quedas na China após o desfile militar e altas em Seul e Taiwan.
*Com informações da Reuters*
Fonte da Matéria: g1.globo.com