O dólar começou a semana em baixa, caindo 0,23% e sendo negociado a R$ 5,5748 por volta das 9h20 desta segunda-feira (21). Mais cedo, chegou a atingir a máxima de R$ 5,6114. A movimentação no mercado financeiro reflete a expectativa em torno de novos acordos comerciais internacionais, principalmente entre os EUA e países afetados pelo “tarifaço” de Donald Trump, e a entrevista do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, à rádio CBN.
Na real, as relações entre Brasil e EUA esfriaram bastante no fim de semana. Olha só: na sexta-feira, o secretário de Estado americano, Marco Rubio, anunciou a revogação dos vistos americanos do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, além de seus aliados e familiares. Isso mesmo! Além de Moraes, os ministros Luís Roberto Barroso, Edson Fachin, Dias Toffoli, Cristiano Zanin, Flávio Dino, Cármen Lúcia e Gilmar Mendes, e o procurador-geral da República, Paulo Gonet, também tiveram seus vistos cancelados.
Essa decisão veio na esteira da imposição de uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros pelo governo Trump, sob a alegação de práticas comerciais desleais. Uma situação tensa, né?
Em meio a esse cenário, o ministro Haddad concedeu entrevista à CBN e garantiu que o Brasil não vai se retirar das negociações com os EUA sobre o tarifaço. Segundo ele, a orientação do presidente Lula é manter o diálogo e buscar uma solução para evitar sanções. “A determinação do presidente Lula é que não temos nenhuma razão para o Brasil sofrer esse tipo de sanção. A orientação dele é que estejamos engajados permanentemente”, afirmou o ministro. Haddad também adiantou que o governo está preparando um plano de contingência para ajudar os setores que podem ser afetados.
Porém, a situação lá fora também não tá fácil. A União Europeia, por exemplo, deu sinais de que um acordo com os EUA está bem distante. Diplomatas europeus contaram que os representantes americanos fizeram propostas bem diferentes nas últimas rodadas de negociação, frustrando qualquer expectativa de avanço. Aliás, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, vai se reunir com o presidente chinês, Xi Jinping, essa semana, para fortalecer as relações comerciais entre a UE e a China.
**Impacto no mercado:**
* **Dólar:** Acumulado na semana: +0,71%; Acumulado no mês: +2,83%; Acumulado no ano: -9,58%.
* **Ibovespa:** Acumulado na semana: -0,58%; Acumulado no mês: -2,06%; Acumulado no ano: +10,89%.
**Boletim Focus:**
O Boletim Focus, divulgado pelo Banco Central, mostrou que a projeção de inflação para 2025 caiu pela oitava semana seguida, indo de 5,17% para 5,10%. Apesar da queda, ainda fica acima do teto da meta oficial (4,5%). As projeções para 2026, 2027 e 2028 são de 4,45%, 4% e 3,80%, respectivamente. A projeção para o PIB de 2025 se manteve em 2,23%, enquanto a de 2026 teve uma leve redução, passando de 1,89% para 1,88%. As estimativas para a taxa Selic permaneceram em 15% ao ano para 2025, com previsões de queda gradual para 12,5% em 2026 e 10,5% em 2027.
**Negociações do Tarifaço:**
Com o prazo de 1º de agosto se aproximando, a União Europeia vê poucas chances de acordo com os EUA para evitar o aumento das tarifas. Após Trump ameaçar elevar a tarifa de 10% para 30% sobre produtos europeus, cresceu a pressão por medidas de retaliação. Diplomatas descreveram as negociações em Washington como confusas, com propostas divergentes dos representantes americanos. Bruxelas estuda usar o instrumento de “anti-coerção” contra setores estratégicos dos EUA, além de um pacote tarifário sobre 21 bilhões de euros em produtos americanos (suspenso até 6 de agosto) e novos planos sobre 72 bilhões de euros em exportações americanas. Os EUA negaram um pacto de suspensão de novas tarifas após um acordo, alegando segurança nacional.
**Juros na China:**
A China manteve suas taxas de juros inalteradas, como esperado. A taxa primária de um ano (LPR) continua em 3,0%, e a de cinco anos, em 3,5%. Apesar dos dados do segundo trimestre terem sido ligeiramente melhores que o esperado, a fraqueza da demanda interna e os riscos da guerra comercial mantêm a expectativa de afrouxamento monetário ainda este ano. A deflação ao produtor atingiu o pior nível em quase dois anos. O mercado aguarda a reunião do Politburo para definir a agenda econômica do segundo semestre. Pequim anunciou novas regras para o setor de aluguel residencial.
**Bolsas:**
Os mercados globais tiveram desempenho misto. Xangai e CSI 300 subiram, impulsionados por terras raras e construção. Hong Kong também teve alta, com bom desempenho de empresas de tecnologia. Na Europa, Stoxx 600 e FTSE 100 caíram, refletindo a incerteza comercial com os EUA e a expectativa pela reunião do Banco Central Europeu. Nos EUA, futuros do S&P 500 e Nasdaq operaram em leve alta, com foco na temporada de resultados de grandes empresas de tecnologia (Google, Tesla e IBM). Analistas citam o impacto positivo do aumento dos gastos militares globais, mas a proximidade do prazo tarifário de 1º de agosto ainda é um risco.
Fonte da Matéria: g1.globo.com