Olha só, o Brasil fechou julho com um déficit comercial de US$ 559 milhões nas transações com os Estados Unidos, marcando o sétimo mês consecutivo no vermelho. Isso, em meio ao famigerado “tarifaço” imposto pelo então presidente Donald Trump, é, no mínimo, preocupante. Dados divulgados na quarta-feira (6) pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) confirmaram a tendência negativa.
Em julho, nossas exportações para os EUA somaram US$ 3,71 bilhões, enquanto as importações atingiram US$ 4,26 bilhões. A diferença, esse rombo de quase US$ 600 milhões, supera os valores registrados nos dois meses anteriores, ultrapassando a marca dos US$ 500 milhões. Na real, a situação tá feia.
A última vez que o Brasil teve superávit comercial com os EUA foi em dezembro de 2023, com um saldo positivo de US$ 468 milhões. Desde então, só prejuízo. No acumulado de janeiro a julho de 2024, o déficit já chega a US$ 2,23 bilhões – um aumento assustador de 600% em relação ao mesmo período do ano anterior, quando o déficit foi de “apenas” US$ 319 milhões. Isso é, pra dizer o mínimo, alarmante.
E a situação não é de agora, não. Desde 2009, o Brasil acumula déficits comerciais com os EUA, totalizando um prejuízo de US$ 88,61 bilhões nos últimos 16 anos. Me parece que a gente precisa repensar nossa estratégia comercial com os americanos.
**O Tarifaço de Trump: um golpe duro**
O “tarifaço” anunciado por Trump foi implementado gradualmente, culminando em uma sobretaxa de 50% sobre cerca de 36% das exportações brasileiras para os EUA, a partir de 6 de julho. As justificativas do então presidente americano foram as mais variadas: um suposto déficit comercial com o Brasil (que, segundo dados oficiais, não existia), questões políticas relacionadas ao processo contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e até mesmo a “liberdade de expressão de cidadãos americanos”. Tipo assim, uma salada de justificativas.
Setores impactados pelo tarifaço estão avaliando os prejuízos e buscando soluções junto ao governo federal. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, declarou que o ministério encaminharia medidas de proteção aos setores afetados para aprovação do Planalto. O governo brasileiro também recorreu à Organização Mundial do Comércio (OMC), mas o processo é longo e o sucesso não é garantido.
**Balança Comercial Geral: um retrato menos sombrio (mas ainda preocupante)**
Considerando as transações comerciais com todos os países, o Brasil registrou um superávit de US$ 7,07 bilhões em julho de 2024. Apesar do superávit, houve uma queda de 6,3% em comparação com julho de 2023 (US$ 7,55 bilhões). Foi o pior resultado para o mês de julho desde 2022 (US$ 5,35 bilhões).
As exportações somaram US$ 32,31 bilhões (alta de 4,8% na média diária), enquanto as importações chegaram a US$ 25,23 bilhões (alta de 8,4% na média diária). No acumulado do ano, o superávit comercial ficou em US$ 36,98 bilhões, uma queda de 24,7% em relação ao mesmo período de 2023 (US$ 49,1 bilhões). Ainda que positivo, o cenário geral exige atenção. A situação com os EUA, em especial, precisa ser resolvida com urgência.
Fonte da Matéria: g1.globo.com