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De Doente a Apicultor: 40 Anos de Mel e Sucesso no ES

José Alonso Rodriguez, um agricultor de Cariacica, na Grande Vitória (ES), trocou o açúcar pelo mel há mais de quatro décadas e transformou sua paixão por abelhas num negócio de sucesso. Tudo começou com problemas de saúde. “Ficava mais de uma semana doente! Era difícil melhorar. Aí pensei: ‘Preciso mudar de vida pra ser mais feliz'”, conta ele, lembrando da decisão de se tornar vegetariano e eliminar o açúcar da dieta, substituindo-o pelo mel.

Só que o mel que ele encontrava nas feiras não era lá essas coisas. “Era sempre falso, sempre me enganavam!”, exclama. A solução? Criar suas próprias abelhas! E assim começou, há mais de 40 anos, uma jornada apícola que rendeu mais de uma tonelada de mel só em 2024 – um aumento de 18% em relação ao ano anterior.

Esse crescimento, segundo José, se deve ao apoio da Federação Capixaba das Associações de Apicultores, via Associação de Apicultores de Viana. “Tenho mais de 10 anos de parceria com eles. Recebemos incentivos da prefeitura, inclusive várias caixas de abelhas – de presente, ganharam 20 colmeias completas! Hoje elas estão aqui, produzindo bastante. Todo mundo com um sítio devia ter uma caixa dessas, sabe? Pra ajudar no sustento!”, afirma, entusiasmado.

Hoje, a propriedade de José, localizada a cerca de 12 quilômetros de Cariacica Sede, na região de Alto Roda d’Água, abriga 15 colmeias próprias e mais de 200 em parceria com outras famílias de agricultores da região e de outros municípios capixabas. Ele trabalha com abelhas *Apis melífera* africanizadas – altamente produtivas e resistentes a doenças.

“A fumaça do fumigador deixa elas mais calmas. Elas se enchem de mel como reserva, caso haja um incêndio na mata. A fumaça as acalma, impedindo que elas fiquem agressivas e consigam ferroar”, explica, mostrando seu conhecimento sobre o comportamento das abelhas. Na colmeia, apenas a rainha põe ovos, que se transformam em operárias, as responsáveis pela produção do mel. “Do mesmo ovo que nasce uma operária, pode nascer uma rainha, se os alvéolos forem alargados. Se não houver rainha, tem que pegar de outra caixa, senão a colmeia toda morre”, alerta.

As caixas são lacradas com própolis produzido pelas próprias abelhas. “As abelhas vivem de 40 a 50 dias. Tem operárias e abelhas novas nascendo. Aqueles pontinhos amarelos no meio dos filhotes são pólen – o pão das abelhas. Elas misturam pólen e mel e criam esse ‘pão'”, detalha, mostrando os favos.

Cada colmeia produz até 25 quilos de mel por ano. O Espírito Santo conta com cerca de 250 apicultores organizados em associações, segundo o Incaper (Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural). A apicultura, segundo José, é um negócio de baixo investimento, que exige pouco espaço e contribui para o equilíbrio do ecossistema. “Um pé de maçã sem polinização dá 100 maçãs. Com abelhas, dá de 900 a 1000! A polinização é essencial para a humanidade e a agricultura”, enfatiza.

Para vender seu mel, José se profissionalizou. Ele possui o Selo de Inspeção Municipal (SIM) de Cariacica e o Susaf (Sistema Unificado Estadual de Sanidade Agroindustrial Familiar de Pequeno Porte), permitindo a comercialização em todo o estado. A coordenadora do Serviço de Inspeção Municipal, Ingrid Pulcheri, explica o processo: “Fazemos vistorias periódicas, avaliando equipamentos, vestimenta, rótulos e enviando amostras para análises em laboratórios credenciados”.

A matéria-prima vai para a agroindústria no bairro Novo Brasil e depois para feiras e supermercados. “Tudo que você se dedica, você colhe os frutos. Comecei com uma caixa, depois duas, três… os amigos queriam, e fui crescendo. Hoje atendo o município inteiro e até o estado!”, finaliza o apicultor, orgulhoso de sua trajetória.

Fonte da Matéria: g1.globo.com