A situação nos Correios tá feia, viu? A estatal enfrenta uma das piores crises financeiras da história, com prejuízos bilionários e um começo de ano pior que 2017. E agora, pra piorar, 41 empresas de transporte entraram na Justiça cobrando R$ 104 milhões em pagamentos atrasados! Isso mesmo, R$ 104 milhões! O g1 fez um levantamento de 58 processos, desde abril de 2025, mostrando o tamanho do rombo.
Uma fonte ligada às empresas contou ao g1 que os atrasos começaram em fevereiro, mas elas esperaram um pouco antes de entrar com os processos, na esperança de uma solução amigável. Em março, inclusive, várias delas assinaram cartas abertas avisando que, a partir de 1º de abril, poderiam parar os serviços se os pagamentos não fossem feitos. Adivinhem? Não foram!
Os pedidos na Justiça são, basicamente, dois: o pagamento das faturas atrasadas e a suspensão das multas previstas em contrato caso elas parem as operações. E, olha só, em boa parte dos casos, a Justiça deu ganho de causa às transportadoras, permitindo as paralisações e a cobrança das dívidas. Mas a situação ainda não está resolvida.
Os Correios, em nota, disseram que estão tentando resolver “eventuais pendências”, fazendo pagamentos gradativos e mantendo contato com os parceiros. “Pagamentos graduais” e “eventuais pendências”… Será que essa resposta acalma os ânimos? Eu duvido!
A reportagem analisou 79 empresas terceirizadas, incluindo todas as que assinaram as cartas e outras com processos ativos contra os Correios. Os valores em atraso variam bastante, de R$ 80 mil a R$ 34 milhões, com uma média de R$ 2,5 milhões por empresa. Teve caso, como o da Transpanorama, em que a dívida pulou de R$ 5,9 milhões para R$ 29 milhões em apenas um mês!
O caso mais grave é o da Sideral Linhas Aéreas, responsável pelo transporte aéreo de encomendas SEDEX em várias cidades brasileiras (Manaus, Brasília, Rio de Janeiro, Fortaleza, Salvador, São Paulo e Belo Horizonte). Com quatro contratos somando R$ 390 milhões, a empresa alegou, em petição de 15 de maio, um atraso de R$ 34 milhões. Segundo a defesa da Sideral, esses atrasos estão afogando o caixa da empresa, que precisa manter as operações mesmo sem receber.
Dos 41 pedidos analisados, 31 foram julgados. Em 32% dos casos, a Justiça acatou totalmente os pedidos das empresas. Em outros 23% (sete casos), a decisão foi parcial, suspendendo apenas as multas por paralisação. Cinco processos foram considerados incompetentes pela Justiça, e um juiz aguardou a manifestação dos Correios. Em oito casos, o pedido de urgência foi negado.
Os Correios se defendem alegando uma cláusula contratual que prevê atrasos e indenizações por juros e multas. Eles argumentam que a situação financeira difícil da estatal afeta todos os fornecedores. Mas as empresas rebateram, dizendo que o volume dos contratos é tão grande que a falta de pagamento compromete suas operações, incluindo o financiamento de frotas e salários. Um advogado de uma das transportadoras chegou a afirmar que a empresa está há meses arcando sozinha com os custos, com atrasos que chegaram a 90 dias.
E o resultado disso tudo? Paralisações a partir de abril, com redução do número de veículos e, consequentemente, atrasos nas entregas. As reclamações nas redes sociais aumentaram, e a situação tá longe de ser resolvida. Tem até quem diga que as empresas não conseguiam pagar nem os pedágios!
Por outro lado, os Correios afirmam que a prestação de serviços de transporte segue dentro da normalidade, atendendo aos percentuais mínimos exigidos.
Pra completar o cenário caótico, na última sexta-feira (4), o presidente dos Correios, Fabiano Silva, entregou sua carta de demissão no Palácio do Planalto. A demissão ainda não foi oficializada, mas a pressão política parece ter sido a gota d’água, com supostas interferências do ministro da Casa Civil, Rui Costa, e do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil).
Fonte da Matéria: g1.globo.com