Pesquisar
Feche esta caixa de pesquisa.
Notícias

** Colheita Precoce de Café Conilon Causa Prejuízos Milenares a Produtores Capixabas, Mostra Estudo da Ufes

** Um estudo da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), realizado em São Mateus, no Norte do estado, revelou perdas significativas para produtores de café conilon que colhem seus grãos antes do tempo. A pesquisa, desenvolvida pelo curso de Agronomia, indica que a colheita de grãos verdes resulta em prejuízos bem maiores do que se imagina. Na real, o estudo comprova que o rendimento e a lucratividade são muito superiores quando os frutos estão vermelhos, no ponto ideal de maturação.

O Espírito Santo, responsável por cerca de 70% da produção nacional de café conilon, tem nessa cultura a principal fonte de renda para 80% das propriedades rurais em regiões de clima quente. Por isso, essa pesquisa da Ufes é crucial: ela ajuda os produtores a otimizar a colheita, garantindo maior produtividade e qualidade, evitando assim prejuízos que podem ultrapassar R$ 15 mil – um valor que, claro, varia conforme a escala de produção de cada propriedade.

A metodologia empregada foi rigorosa. Durante dois anos, laboratórios da Ufes analisaram seis genótipos de café conilon, monitorando o processo de maturação em diferentes estágios. A colheita foi feita a cada 14 dias, demonstrando claramente o momento ideal para a retirada dos grãos. Olha só: o estudo mostrou que grãos totalmente verdes representam uma perda de até 40%! À medida que o café amadurece, esse percentual diminui gradativamente, chegando a zero no ponto ideal de colheita.

Fábio Partelli, professor da Ufes, explica a relação entre a cor do grão e a saúde da planta: “Quando você consegue colher tudo vermelho-cereja, maduro, você tem 100% de aproveitamento. Antecipar a colheita significa perda na produção. A gente sabe que colher tudo maduro de uma vez só não é sempre possível, por conta de infraestrutura, falta de mão de obra… Mas a nossa análise indica que a maioria dos cafeicultores poderia esperar um pouco mais”.

Na prática, a pesquisa constatou que, mesmo numa mesma plantação, é comum encontrar grãos verdes e vermelhos simultaneamente. Isso reforça a necessidade de aguardar a maturação adequada. Segundo Partelli, “Analisando uma planta inteira, você percebe muito verde nas pontas. Se você colhe assim, pode ter de 30% a 40% de grãos verdes, representando uma perda de até 15% do café. Em uma lavoura de 100 sacas por hectare, isso significa dez sacas a menos, ou seja, mais de R$ 15 mil de prejuízo!”.

A pesquisa surgiu da observação de que muitos produtores capixabas não esperam o ponto ideal de colheita, por diversos motivos. A intenção, segundo os pesquisadores, é fornecer dados científicos para embasar as decisões dos produtores. Júlio César Pereira Machado, aluno de agronomia envolvido no estudo, destaca a precisão da análise: “Todas as amostras foram trazidas diretamente da nossa área experimental, e todos os grãos passaram pelo mesmo processo”.

José Sartorio Altoé, produtor de café conilon em Jaguaré, compartilhou sua experiência. Após conhecer os resultados da pesquisa, ele agora planeja colher seus grãos apenas quando a maior parte estiver madura: “Eu acredito que devo esperar até meados de maio. Do dia 20 em diante, espero começar a colher, pois o café estará maduro. Até lá, ele aguenta, está verde. Depois do dia 20, preciso colher logo, senão passa do ponto e atrai a broca. Esperando mais, o café fica melhor, com mais qualidade e maior peso”. Altoé admite ter sofrido prejuízos em colheitas anteriores devido à falta de mão de obra, mas planeja investir em máquinas para resolver o problema. “Eu gosto de participar de palestras, a gente aprende e erra menos”, finaliza. Ele pretende plantar o café no final do ano para facilitar a colheita mecanizada. Em resumo, o estudo reforça a importância da colheita no ponto ideal para maximizar os lucros na produção de café conilon.

Fonte da Matéria: g1.globo.com